Cᥲρίtᥙᥣ᥆ - 58

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Seu corpo inteiro tremia quando ele se inclinou para frente, com a cabeça entre os joelhos. O calor irradiava dele em ondas. Ele mal conseguia respirar. Ele precisava sair daqui. Não só porque ele não podia ser visto assim, mas porque sentia que poderia morrer se não se mexesse. 

Ele tinha que encontrar uma maneira de sair. Mas a dor em seu peito e o medo em seu coração eram tão grandes que ele não conseguia formar nenhum pensamento coerente.

Como se a mão que segurava seu peito fosse a única coisa que o impedia de desmoronar, ele estava com medo de soltá-lo e tentou usar a outra para se levantar. No entanto, o chão abaixo dele era um mar revolto, e seu movimento contínuo de mudança o deixava nauseado. Quanto às paredes, embora não pudesse levantar a cabeça o suficiente para olhar para elas, com cada fibra de seu ser, ele podia sentir que elas estavam se aproximando dele e acabariam por esmagá-lo. Na verdade, o ar já estava ficando mais rarefeito e cada respiração parecia mais difícil do que a seguinte.

— Eu tenho que sair. Eu tenho que sair. Eu tenho que sair... — Xiao Zhan sussurrou repetidamente em uma voz estrangulada com uma crescente sensação de pavor.

De repente, ele ouviu as portas começarem a se abrir novamente. Estimulado pelo medo de que seu pior pesadelo estivesse prestes a se tornar realidade e que ele fosse encontrado nesse estado nada lisonjeiro, ele conseguiu empurrar-se de volta para uma posição sentada ereta e deixou a parte superior de seu corpo cair contra a parede de aço inoxidável. Ele soltou um gemido quando sua cabeça já dolorida atingiu a superfície dura mais uma vez.

Embora tivesse conseguido essa façanha hercúlea, ele ainda era muito lento e perdido na velha porta do elevador. Totalmente derrotado, ele olhou para cima para ver quem o havia encontrado em tal condição e se viu olhando nos olhos horrorizados de Chiyou.

— Céus! Zhan! O que aconteceu?! — Chiyou disse enquanto entrava no elevador.

Se fosse um estranho, ele poderia ter inventado uma história para salvar as aparências. Ele pode ter sido capaz de se recompor por tempo suficiente para ir embora. No entanto, por ser ela, ele perdeu os últimos fragmentos de autocontrole que lhe restavam.

Enquanto ele a observava apertar o botão de parada de emergência, sua respiração acelerou e seu pânico aumentou. Ele fechou os olhos e tentou falar, mas só saiu em um gemido. Não estava claro nem para ele mesmo o que ele queria dizer. Ele também estava ciente de que as lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas ele não sentia que estava chorando. Era como se seu corpo estivesse operando a partir de um conjunto completamente diferente de comandos sobre os quais ele não tinha controle.

Ele sentiu Chiyou se ajoelhar na frente dele. 

— Zhan! Zhan, olhe para mim!

Ele forçou os olhos a se abrirem.

— Você está com dor? — Ela perguntou, com a testa franzida de preocupação.  — Chiyou passou as mãos pelos cabelos e depois cobriu a boca. — Merda. Merda. Merda! — ela disse para si mesma antes de cerrar os punhos e abrir as mãos enquanto exalava profundamente.

Com as mãos trêmulas, ele lutou para tirar um lenço do bolso da frente de sua jaqueta antes de entregá-lo a ele.

Ele ignorou o objeto e segurou o pulso dela com as duas mãos. Ela gritou de surpresa.

— Eu preciso sair! — ele implorou com a voz rouca, os olhos correndo para a esquerda e para a direita. — Eu preciso sair! — Ele repetiu, puxando-a.

O puxão repentino desestabilizou Chiyou, que caiu de joelhos. Ela estremeceu.

— Vou tirar você daqui. — ela disse, seu tom um pouco mais alto que o normal.

Tudo o que nós Prezamos • Yizhan !Onde histórias criam vida. Descubra agora