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JUNGKOOK ELTHER

Quando eu tinha quinze anos, minha mãe costumava falar comigo sobre o amor. E sobre como um homem deveria ser caso quisesse conquistar uma mulher. E foi com ela que aprendi a realmente enxergar uma mulher além de seu corpo e de suas vestes. Onde aprendi a enxergar a alma de alguém. A saber como admirar uma mulher. Porque foi a vida inteira assim enquanto Zuric esteve viva. Eu a protegia, a amava, e sempre dizia até que a morte nos separe mesmo que fossemos mãe e filho. Um amor tão genuíno que hoje como um pai sei do que se trata.

Igual ao amor verdadeiro. O famoso amor da vida. Tive três amores na minha vida. Fiquei com muitas mulheres que para meus sentimentos foram insignificantes. E nenhuma dessas coisas se comparou a Sn. Mesmo que tenha amado Bianca, mesmo que tenha amado Emilia. Amores tão diferentes que chego a me questionar se foi amor. Mas amor não machuca, amor não trai, amor não lhe trás coisas ruins. E foi assim que descobri que foi amor. Talvez um amor que tivesse que passar por minha vida, com o propósito de me trazer algo, como a Emilia com o Norman.

Assim que pisei os pés no Brasil tive um deja vu. Automaticamente passei os dedos sobre a cocatriz que o corte da karambit me deixou. Eu sorria com isso sabendo que ninguém que me machucou saiu ileso, mas ela sim. Estava nervoso, tão nervoso que nem estava tanto calor e ainda sim suei o suficiente para molhar as roupas mais formais pretas. Meu segurança estacionou na vaga já paga para mim e desci. Sn me espera logo na mesa da janela e meus olhos bateram sobre ela assim que desci. E mesmo de longe e com má iluminação notei o quanto estava bonita.

Entrei no restaurante indo direto em sua direção, Sn notou kinha presença e perdi o ar. Sn usava um vestido vermelho soltinho, apertado em sua cintura curvada, o decote era um V que parava na costura da cintura e então enxerguei seus seios grandes cobertos pelo decote e por aqueles traços. Uma tatuagem. A lótus de traços delicados no centro deles, que desciam pela sua barriga com arabescos leves. Eu disse que ela ficaria linda. Eu disse! E ela me escutou. Engoli a seco. Era a primeira vez que via uma tatuagem com tinta branca e ficou... Esplêndido em sua pele preta.

Ela se levantou e se aproximou, pedi aos céus para que ela abrisse os braços e me desse um abraço. Queria que ainda pudesse ter a sensação dos seus braços no meu de novo. Mas não sou capaz de invadir seu espaço. Seu sorriso é gentil, isso é dela. De sua natureza. Devolvi com outro sem mostrar os dentes e então depois de um longo suspiro Sn esticou a mão. Eu a apertei e balancei e nos sentamos. Calados. Observei seu olhar passar por mim como se estivesse analisando cada ponto para ter a certeza de que eu não estava machucado. Como se estivesse voltando de uma guerra.

- Já faz um tempo, você parece bem. - Ela se manteu sorrindo e me apoiei sobre a mesa percebendo que tomava um suco. Pela cor devia ser de laranja. Seu corpo se esquivou e suas mãos tocaram as minhas.

- Eu estou bem. - Respondi ainda meio travado. - E você tenho de certeza de que também está. - Sorri. Ela estava vivendo a vida como queria e como merecia. E eu não quero atrapalhar isso mesmo sabendo que a partir do momento que pedir para que ela volte, estarei estragando boa parte dos seus planos.

- As coisas andam muito bem sim. Nunca imaginei ter a minha própria marca. - Senti seu olhar descer para minhas mãos. - Anel bonito. - Meu olhar desceu sobre ele. Anel de compromisso. Do falso compromisso. Eu tinha pegado um dos aneis mais baratos no entanto não deixava de ser bonito. Na cor prata, simples com algumas estrelas. Levantei meu olhar para seus dedos, cheinhos com alguns anéis e unhas feitas. E a borboleta rose se destacou entre todos eles. O anel que lhe dei de presente de aniversário. Estava ali. Em seu dedo. Será que ela usa todos os dias? Ou só usou pra vir me ver?

- É. Eu estou noivo. - Sua mão largou a minha e quase a puxo de volta para mim. Percebi seu olhar morrer.

Eu não deveria mentir para ela, mas prometi a mim mesmo que ninguém mais além de minha equipe iria saber que aquele compromisso era falso. Para a proteção de Emilia, do meu filho e principalmente dela caso vá para a mansão. Não confio em Caion e muito menos em Fred, então antes de vim já deixei claro que tudo precisa parecer real. Até para ela. Mesmo que eu a deseje como carvão no fogo. Talvez se isso tivesse acontecido agora, oria propôr a sua mão em casamento, mesmo que tenha a decepcionado da última vez e até me pergunto se não sente raiva de mim. O que com certeza é mentira. Eu a trai da pior maneira. E teria meu pedido negado da mesma maneira.

DIVIDA PERFEITA | Livro II • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora