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SN SILVA

- Olhe pra mim. - Minhas mãos ensaguentadas tocou o rosto completamente tenso de Jungkook. Ele queria chorar e estava óbvio em seus olhos cerrados enquanto passava eles pelo cenário de guerra que se tornou aquela mansão. Corpos jogados sangrando, membros decepados, tiros e balas pelo chão e pelo ar. Respirações ofegantes. Móveis sujos de sangue, respingos, pingos, marcas de pedidos de socorro. E ainda sim, ainda desesperada por dentro eu tentava manter a calma. - Olhe pra mim. - Ordenei. O mafioso ainda debruçado sobre meu corpo com pistola nas duas mãos, me encarou.

Jungkook respirou fundo. Um suspiro longo. Cansado. Dolorido.

- Fique aqui. Permaneça aqui, eu vou ver quantos ainda tem lá fora...vivos. - Seu hálito de puro sangue bateu contra meu rosto. Minha mãos escorregaram de seu rosto e bateram contra minhas coxas, o bebê estava quieto. Tranquilo e longe desse caos. E por ele que estava tentando manter a calma.

- Por favor, não se arrisque mais. Eles vão recuar. - Sussurrei. Seus olhos pararam em mim pouco mais de dois minutos, depois se voltou aos outros que ainda lutavam. A munição acabou para todos, para os caras de Alejandro e para os seguranças que cercavam a casa. A ordem do inimigo tinha sido clara: ataque e mate todos os que podem nos atrapalhar.

- Não vão, Sn. Preciso ir proteger o que ainda resta dos meus aqui, os outros não tem como vim agora, muitos tem coisas pra fazer além de toda minha segurança. Fique aqui. Eu vou acabar com isso. - Jungkook não falou como sempre fala, como meu namorado ou seja lá o que somos agora. Ali estava o líder dos Blod. O chefe pronto para se sacrificar pelos seus. Seus iguais. Seus companheiros de trabalho. E não fui capaz de dizer mais nada.

Quando o ataque começou a primeira e única ordem que foi nos dada fora para permanecer naquele quarto com porta trancada. Eu, Camila, Norman e Emília. Todos morrendo de medo sem saber o que realmente acontecia. Só tiros e mais tiros. O chão tremendo como se um tanque de guerra estivesse entrando na mansão. Derrubando tudo. Os desgraçados do Cosa Nostra tinha pegado Jungkook a mercê. Jungkook e todos os outros. Desarmados. Sem colete. Prestes a nos mudar para a nova casa, que nem mesmo tive chance de conhecer ainda. Todos estavam machucados, exaustos. A luta corpo a corpo era muito pior do que eu imaginava.

O impacto entre as peles, ossos se quebrando, sangue jorrando e melando os corpos. Vejo Namjoon e Jimin lutar contra os cinco caras da sala de estar. Com o sofá totalmente fora do lugar e o tapete felpudo agora na cor vinho com o sangue coagulado e seco, Namjoon dava conta de dois, socando e revidando os chutes e socos que também recebia. Já Jimin tinha acabado de matar outro depois de bater tantas vezes sua cabeça contra a parede. Os cabelos loiros escorriam sangue, seu olhar estava tomado por ódio. Uma postura rígida. Todos ali. Protegendo um ao outro. A nós. A mim.

Emília e Norman foram jogados na cozinha, imagino que na mesma situação que eu e Camila. Os seguranças não foram fortes o suficientes para cuidar da porta do quarto que estávamos, tivemos as mãos amarradas e uma mordaça de pano tão forte que minha gengiva doeu. Então era isso a máfia. Era a primeira vez que via tão de perto o que ele fazia, e sabia que estava perdido. Não nos movimentos, não em seu foco de matar. Jungkook mal sabe que vez ou outra escuto suas reuniões. Ou suas lamentações no banho. E ele não faz ideia do motivo da guerra entre a sua máfia e o Cosa Nostra. Mesmo sendo o dono dela. Mesmo tendo algumas pistas.

Era esse o caos que ele foi obrigado a entrar. Jogado na toca de lobos famintos, um filhote que foi obrigado a aprender a lutar. Lutar por uma causa que nem mesmo ele sabia.

Camila estava afastada de mim, tão perdida quanto eu. Com o corpo encostado em uma das poltronas, debruçado, preparado para levantar enquanto mantinha seus olhos bem firmes na outra que acontecia bem na sua frente. Jimin se protegia dos socos que o cara sentado em seu quadril deferia com uma velocidade insuperável. Num golpe tão rápido quanto o outro, o hacker espião levantou o tronco socando o outro. O corpo do inimigo voou para trás, batendo a cabeça contra o chão. Tampei minha boca antes de gritar depois de ver seu crânio se partir e seu corpo parar de fazer qualquer movimento.

DIVIDA PERFEITA | Livro II • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora