[ 6Y + 2 ]

1.9K 188 40
                                    

SN SILVA

Duas noites se passaram desde que cheguei aqui. Duas noites de sono perdida. E não consigo dormir por dois motivos, primeiro pelas cólicas intensas. Não ia em hipótese alguma chegar no Jungkook e pedir um remédio pra dor abdominal então o único esforço que fiz foi pedir pra Jimin. Ele me trouxe todos os remédios de cólica e dor de barriga que tinha na farmácia, não foi bem isso que pedi mas ri e agradeci. O que Jimin disse foi que não sabia qual era melhor e achou que seria bom trazer todos. E felizmente o primeiro que tomei fez efeito.

Que a gravidez é algo muito romantizado eu já sabia, mas não imaginei engravidar aos vinte e três na segunda transa da minha vida. E o pior. Não imaginei que tinha ovário policístico. E não imaginei que quando fosse ter uma gravidez, seria tão dolorosa assim. Dolorosa para mim, dolorosa para meu bebê. As cólicas intensas começaram no primeiro mês, e não me importei. Não me importei porque pensei que meu ciclo estava prestes a vir. Mas não aconteceu. Não me preocupei por não ter descido, houveram vezes que fiquei dois meses sem menstruar e tudo continuou normal. Não tinha dinheiro para ir atrás saber o que é então só continuava vivendo. Como fiz ao longo dos meus vinte e dois anos.

Eu descobri a gravidez com três meses, depois da Camila insistir para que fosse num ginecologista. Descobri que tinha ovário policístico também e que minha gravidez é rara e cheia de riscos. E por muitos motivos poderia perder o bebê. Mesmo com tudo isso não ousei pensar em aborto. Mesmo que ele ainda fosse um feto. Porque eu o amei desde o princípio. Desde que soube de sua existência. E a pior parte era saber que nunca mais encontraria seu pai. Nunca mais.

Mas então tudo voltou a tona de novo e Jungkook me ligou. Nos encontramos. Soube que estava correndo perigo e não ousaria ser hipócrita e não aceitar a sua segurança quando o meu filho e o filho dele podia correr perigo. Tentei controlar a situação, ou melhor, me controlar. Eu não podia sentir medo, não podia ficar estressada. Qualquer coisa a mais que eu sentisse poderia acarretar um aborto e é por isso que acabo tomando alguns remédios calmantes ou até chá demais pra não haver problema algum com o bebê e não alterar meus hormônios mais que alterados.

Não sei quando irei falar, minha barriga continua a mesma coisa e com isso quero dizer o estômago alto e a gordura de sempre. Mesmo que tenha começado a fazer atividade física acabei por descobrir que esse é meu porte e bem, nem sempre fazer atividade física faz alguém gordo emagrecer para ficar dentro de um padrão. Infelizmente quando puxamos algum parentesco isso fica ainda mais difícil. Sei que Jungkook tem total direito de saber da gravidez e concordo com isso, no entanto não me sinto preparada. Tem coisa demais acontecendo.

Eu jurei que essa porra de sentimento era paixão e que depois de um mês ele iria sumir de minha mente assim como sumi de sua vida. E parece que o sentimento cresceu ainda mais como um tumor de câncer. Ele é uma droga. Uma maldita droga que me deixou viciada e dependente. E me deixei ser tomada por isso.

Agora carrego um bebê na barriga. Sangue de seu sangue. Sangue de um homem que disse que não deseja filhos por conta da vida que vive e agora volto para cá e vejo que ele tem um filho de dezesseis anos com a ex namorada de quando ele ainda era um humano comum e não um suposto sanguinário.

Se a Emilia escondeu o garoto por dezesseis anos, eu posso esconder essa gravidez por mais um tempo.

Isso ao menos parece justo.

Eu não os vejo pelos corredores, não os vejo juntos pela casa ou se beijando por aí. Mesmo só passando dois dias nessa mansão. Também tem dois homens esquisitos morando aqui. Tios do Jungkook, que de acordo com Jimin eu posso chutar o saco deles se ousarem mexer comigo ou com a Camila. E confesso que gostei da ideia e algo me diz que os dois conseguem ser muito piores do que o meu ex namorado. Completamente sem humanidade.

DIVIDA PERFEITA | Livro II • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora