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⚠️Quero chuva de comentários porque chorei feito uma condenada😙

SN SILVA

O treino foi pior do que imaginei e me pergunto como consegui subir as escadas. Eu pingava de suor e a minha sorte era a roupa não ser branca ou estaria totalmente transparente. Tomei um banho gelado e me deitei, geralmente não como no quarto mas hoje eu iria despencar das escadas caso tentasse ir até a cozinha. Definitivamente fora de cogitação. Então Camila me fez companhia, assistimos alguns filmes e comecei a sentir cólicas fortes de novo.

Não podia tomar remédio, já que fazia pouco tempo desde o último comprimido. Então Camila teve a paciência de descer até a cozinha e me trazer um chá e uma compressa. Ela sentou nas minhas pernas e massageou o pé de minha barriga e apesar de meus gemidos e arfares doloridos pareceu ter funcionado bem. Coloquei uma camisola pra dormir e liguei o ar condicionado, sinto muito por minha melhor amiga mas minha posição perfeita foi em cima dela. Ela não reclamou. Continuou vendo alguns desenhos animados e peguei no solo ao seu colo.

Era uma da madrugada quando fui ao banheiro, pernas bambas e um incomodo enorme entre as pernas. Custei fazer xixi e sabia que aquilo não era dor dos exercícios de mais cedo, não algo intenso como aquilo. Passei o papel me limpando e mordi o lábio. Um fio de sangue ali. Eu deveria me assustar, no entanto isso era bastante comum. Quando visitei o ginecologista aqui na cidade ele perguntou sobre os sangramentos e disse que quanto mais o bebê crescer, mais comum vai se tornar isso. E que, no entanto, não vai causar nenhum mal à ele.

Voltei pra cama onde Camila dormia encolhida no canto e quase sorri. Tadinha. Voltei a me posicionar na cama alta, outra dor intensa me fez parar completamente. Estiquei os braços puxando o lençol branco do lugar e sentindo minha boca ficar seca em segundos. Fechei os olhos e senti um mexer nada comum em minha barriga. Meu corpo inteiro se arrepiou com a sensação terrível que comecei a sentir.

E então tudo pulsou. A cada pulsada em meu útero eu sentia uma dor enorme. Aguda. Que me fazia querer abrir as pernas e empurrar. E como antiga enfermeira sei muito bem o que é isso, contrações. No entanto, qualquer um com o básico de anatomia sabe que contrações são sentidas quando se vai parir. Então porque diabos que estou sentindo tanta dor?

Um gemido alto escapou, Camila gemeu alto e se virou para mim se sentando assim que percebeu minha face franzida em dores. Ela tocou meu ombro e abri minhas pernas. Eu tinha acabado de ir ao banheiro, mas algo deslizou por elas com uma extrema facilidade. A dor cessou por três segundos, tempo que me fez meter a mão entre minhas pernas e tocar no líquido. Assim que vi minhas mãos melecarem o lençol branco gritei.

Camila correu e acendeu a luz, pulando na cama e ficando de joelhos.

- Não, Cami. Não. - A dor voltou e não poupei ao gritar. A dor do parto. A dor de um maldito aborto. O bebê se remexia dentro de minha barriga, só com cinco meses nunca tinha o sentido dessa maneira. Ele está sofrendo. Meu bebê. Está sofrendo. - Camila pôs a minha cabeça em seu colo, as minhas lágrimas inundaram meu rosto enquanto meu corpo me tremia de dor e medo. Apavorada era o sentimento.

- Ah, meu deus. Vai ficar tudo bem, Snie. - Ela sussurrou contra meu ouvido. Eu neguei segurando forte seu braço e apertando, de olhos fechados. A cada soluço meu coração doía. Batidas errôneas como se a qualquer momento eu fosse morrer. Camila alisou meus cabelos, junto ao suor que escorria entre eles. Abri meus olhos encarando os seus castanhos.

Estavam carregados de lágrimas. Seus cabelos estavam amarrados num jeito bagunçado e sua boca entreaberta. Procurando ar assim como eu. Ela apertou minha mão e tocou minha barriga. Instintivamente eu continuava a fazer força, e a dor não amenizou por um segundo se quer.

DIVIDA PERFEITA | Livro II • JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora