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VIOLLET

𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟


Foram horas de sono perdido por pura ansiedade pelo primeiro dia de aula, o estresse martelava minha cabeça como a porcaria de uma marreta. Eu ainda estava indignada por não ter conseguido dormir o suficiente.

As marcas de baixo dos meus olhos foram cobertas por um pouco de corretivo e pó fixador, mesmo assim eu ainda parecia uma morta viva.

Me olhei no espelho uma última vez e falei para mim mesma que estava com uma aparência ótima e não parecia um zoombie andando a solta.

O tão sonhado terceiro ano escolar chegou, todas essas baboseiras que eu fantasiava achando que as pessoas iam ser mais maduras e sensatas foram por água a baixo. A verdade era que todos os meus colegas ainda pareciam está no maternal como crianças. Por uma graça divina esse seria o último ano de tortura.

Respirei fundo e forcei um sorriso na minha boca, não poderia ser tão ruim assim. Desci as escadas com rapidez e andei pelo corredor até chegar na cozinha, um dos meus lugares prediletos na casa.

Meu pai me olhou com um sorriso esboçado nos lábios e eu retribuí.

— Não acredito que minha menininha está crescendo - Senti minhas bochechas esquentando.

— Pai, eu não sou mais uma criança.

— Você sempre vai ser um bebê para mim.

Kevin foi o homem que me criou, me educou e me ensinou a ser uma pessoa grata e generosa, ele era o pai perfeito, sempre me ajudou, mesmo em situações que nem ele sabia como agir. Com a partida da minha mãe sobramos só eu e ele, e sinceramente, eu gostava assim. Apesar das broncas, sermões e principalmente o fato dele ainda achar que sou uma criancinha, eu o amava.

Me sentei diante a mesa e começei a me servir da variedade que estava exposta alí. Ele me olhou impressionado.

— Acha que aguenta comer tudo isso mesmo?

— Preciso de comida para me acalmar, vou ter uma pequena palestra com o grêmio e tô com medo de falar algumas baboseiras.

Essa era a desvantagem de ser um membro importante para a escola. A responsabilidade me perseguia em várias situações.

— Tenho certeza que vai se sair bem, não exagere muito na comida e tente se manter calma, eu vou te levar de carro hoje — Abri um sorriso sem dentes e ele deu um beliscão na bochecha.

— Obrigada pai, eu sou horrível no volante.

— Eu sei e é por isso que não te dei um carro — Revirei os olhos e ele soltou uma risada baixa — Mudando de assunto, não esqueça que hoje temos um jantar com o Gustavo.

Gustavo é o namorado do meu pai. Até onde eu sei eles se conheceram em uma cafeteria e isso foi uma das melhores coisas que poderia acontecer. Aumentou a autoestima do meu pai e fez ele esquecer a minha mãe de uma vez por todas.

— Não esqueci, já até separei a roupa que eu vou.

— Ótimo, agora come rápido porque eu ainda tenho uma reunião pela manhã — Ele levantou e me deixou sozinha comendo, aproveitei para devorar a comida.

Esse ano não deveria ser tão diferente dos outros, aliás, o que pode mudar?


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Para Sempre Nós TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora