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•VIOLLET•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Os dias de folga infelizmente tinham acabado e agora todos estavam a caminho de suas casas. Passou tão rápido que foi como uma lufada de ar jogada em meio ao vento. Estava na hora de encarar a realidade.

Na noite anterior tudo o que aconteceu na casa de Elisa tinha me surpreendido de uma maneira nada positiva, as emoções fizeram com que eu me sentisse mais desamparada do que realmente estava, mas tudo passou assim que meus professores vieram até mim. Jane e Michael me socorreram para minha paz e me levaram para o quarto em que estavam hospedados durante o passeio.

Os dois não me forçaram a detalhar o que de fato tinha acontecido, eles esperaram o meu tempo de processar a informação e assim que estive pronta contei tudo que havia acontecido, ambos pareceram ficar bem bravos.

Eu não sabia qual era a nossa sorte, mas de algum jeito consegui dormir com eles e sair sem que ninguém me visse. Foi uma noite boa do qual precisou acabar logo pela manhã, nunca vou me acostumar com a minha nova rotina que eu tanto gostava.

Mas agora voltando um pouco mais para parte burocrática que estava em minha vida, eu não havia falado com meu pai. Todos os dias ele me mandava mensagem e eu respondia o básico, só para garantir que eu estava viva e aliviar a possível preocupação em seu peito.

Durante esse tempo no sítio não tive tempo para ficar relembrando de todos os acontecimentos daquele dia terrível, mas nos poucos momentos em que me deixei viajar para o passado me vi em um beco sem saída. Por um lado tinha uma mãe que eu não via a anos e um sentimento de rancor muito grande, e por outro as palavras de Jane vinham na minha cabeça, sempre lembrava da conversa que tivemos antes de acabarmos em sua cama.

O que fazer quando se é jovem e imprudente mas quer tomar decisões sábias e de forma madura?

Encarei a porta a minha frente e pensei na probabilidade de dá a volta e ir para o mais longe desse lugar, acho que não tinha tanta escapatória quanto eu queria. Coloquei a chave na fechadura e abri. Sabia que não estaria sozinha hoje, meu pai não deixaria eu escapar dessa situação tão rápido assim

Entrei em casa e logo em seguida fechei a porta. Andei pelo corredor e não precisei ouvir com muita atenção para saber que tinham pessoas na sala, fui tá o cômodo e observei as duas figuram sentadas no sofá. Os dois me olharam.

— Filha, por que não me chamou para ir te buscar na escola? — Meu pai veio até mim e me abraçou com força.

— Preferi andar um pouquinho — Ele se afastou e checou se estava tudo visualmente bem. As feridas não estavam em meu corpo.

Olhei para o outro homem ainda sentado e percebi que não era isso que eu esperava. Por que meu padrasto estava aqui?

— Oi, Gustavo — Abri um sorriso não muito verdadeiro para o homem.

— Oi, baixinha — Ele veio até mim e me abraçou de uma forma bem menos apertada que meu pai — Espero que tenha se divertido no passeio.

— Eu aproveitei bastante.

Realmente tinha, se meu pai soubesse que eu andava por aí dormindo com meus professores ele me mataria no mesmo instante. Mas de certa forma eu tinha sim aproveitado.

Queria pelo menos ter conseguido me despedir deles, era uma pena não ter podido dá um tchau descente pelo menos.

— Como foi sua viagem? Aconteceu alguma coisa que queira me falar? Pensei em jantarmos fora hoje — Dava para vê que meu pai estava mesmo preocupado.

— Na verdade eu só quero tomar um banho e dormir por um longo tempo, se importa de conversarmos depois? — O ar estava pesado de mais nessa casa.

— Claro, descanse querida, vou pedir algo para comermos aqui então.

— Ótimo — Dei um sorriso de lado para ele e arrumei minha bagagem nas costas.

Queria conseguir deixar as coisas passarem, fingir que nada acontecia, mas essa não era minha especialidade e não importa o quanto eu tentasse, meu extinto de ser curiosa era predador. Respirei fundo e olhei para o meu pai, ele parecia saber o que eu estava prestes a perguntar.

— Pai, por acaso ela ainda tá aqui? — Citar seu nome era difícil para mim.

— Não — Ele me olhou com empatia — Preferimos que ela ficasse em um hotel até tudo se resolver, mesmo assim ela disse que queria te vê.

Era o mínimo que ela podia fazer. Sinceramente não sabia como meu pai tinha concordado com sua estadia aqui, ainda mais tendo tanta noção que ele estava em um novo relacionamento.

— Deveria chamar ela para jantar com a gente — Foi a única coisa que eu falei antes de voltar meu caminho até meu quarto.

Tudo estava no mesmo lugar de sempre, aparentemente as coisas só estavam diferentes em minha cabeça, mas cada coisinha se encontrava em seu próprio lugar. Era tão estranho vê seu lado organizado e saber que sua cabeça estava uma confusão desajeitada.

Talvez eu precisasse dá um pouco mais de atenção para os sentimentos que eu estava ignorando. As coisas não deveriam ser elevadas pelos meus dramas e caprichos.

Entrei em meu quarto e vi a grande caixa junto com um laço vermelho em sua volta. Claro que teria presente, meu pai adorava me mimar depois de uma discussão.

Me joguei na minha cama e peguei o celular do meu bolso. Assim que desbloqueei vi a mensagem dos dois na barra de notificação. Um sorriso escapou dos meus lábios. Nem tudo estava tão ruim assim.

Para Sempre Nós TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora