•VIOLLET•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝As coisas andavam estranhas de modo geral. Na minha casa o clima não andava dos melhores, não estava tendo nenhuma desavença com meu pai, mas minha mãe ficava por lá frequentemente, era como se ela nunca tivesse ido embora e agora ficasse em nossa casa como se pertencesse a ela, um tipo de decoração que ninguém gostava mas não tínhamos coragem de jogar fora.
Já em relação aos meus professores as coisas andavam piores ainda. Depois daquela situação com Jane nós duas parecíamos um pouco desconfortáveis, como se tivéssemos assuntos pendentes, Michael não parecia muito afetado mas acho que ele já havia percebido o que estava acontecendo e de algum jeito isso abalava o equilíbrio. Não tínhamos um nome para o que éramos, mas mesmo assim tinha certeza que uma boa conversa faria tudo voltar ao normal.
Eu nem precisava comentar que na escola tudo estava um porre e para piorar as provas estavam chegando, fazendo com que minha mente não ficasse das melhores. O estresse me pegava de um jeito tão forte que os nós dos meus ombros estavam cada dia piores.
Olhei para as prateleiras de livros empoeirada e tentei encontrar algo que me ajudasse a estudar um pouquinho mais para as provas. Estava tentando encontrar algo que me auxiliasse nos estudos, tinhamos a internet mas lê um livro era sempre um ótimo acréscimo.
Encontrei a enciclopédia vermelha e fiquei na ponta dos pés para pegar as páginas encapadas. Estendi meu braço ao máximo que pude e peguei o livro com certa dificuldade. Uma risada veio atrás de mim e eu me virei rapidamente encontrando o garoto me observando.
— Do que está rindo? — Perguntei para Ben que me olhava com um certo divertimento.
— Por que está pegando um livro velho se têm um celular em seu bolso? — Revirei os olhos com um sorriso no rosto.
— Gosto de revisar as matérias com livros — Falei baixo para que a assistente da biblioteca não brigasse comigo.
— Poderia baixar um pdf, bem mais fácil não acha? — Andei pelo corredor de prateleiras e ele me acompanhou.
— Por que está aqui se não gosta de livros?
— Me disseram que você estava aqui — Seus olhos pareceram diferentes.
Algumas pessoas, e até mesmo meus amigos, diziam que Ben tinha interesse romântico por mim, mas eu me recusava a acreditar nisso já que nunca dei a entender que nossa relação passava de amizade. Ele sabia que éramos só amigos e praticamente me via como uma irmã caçula.
— Precisa de mim? Se for em questão a chave dos armários, já digo que as coisas estão com...
— Não é sobre isso, relaxa — Ele me interrompeu e pareceu levemente tímido — Quando estávamos no passeio mal nos víamos e quando queria conversar com você sempre tinha alguém para atrapalhar, o professor, meus amigos, aqueles dois na festa.
Elisa e Kayque vieram em minha cabeça. Acho que demoraria um pouco para superar aquele acontecimento trágico.
— O que eu quero dizer é, — Ele abriu um sorriso lindo em minha direção, seus dentes perfeitos se destacavam em seus lábios — Por que não saímos juntos? Não pela escola, mas talvez para tomar um sorvete, só nós dois.
As palavras fugiram da minha boca e derrepente eu comecei a repensar o que todos diziam. Ele não podia fazer isso com sigo mesmo. Como eu explicaria que meu tipo era um casal que nos dava aulas?
— Desculpa atrapalhar, Viollet posso falar com você? — A voz feminina interrompeu nós dois e por um segundo fiquei satisfeita em não ter que responder o garoto, até notar que a mulher se tratava de Jane.
A morena veio até mim e durante sua curta caminhada um grito se instalou no cômodo. Ben fez uma expressão de dor.
— Ai! — Olhei assustada para o garoto — Professora você pisou no meu pé.
— Ai meu Deus, me desculpa — Jane foi até o aluno e colocou a mão em seu ombro — Você está bem?
— Tô sim, só preciso terminar de falar com Viollet e...
— Não, é melhor você ir na enfermaria checar se tá tudo direitinho, esse salto têm a agulha muito fina — Ela era uma ótima atriz.
— Mas, professora...
— Sem insistência, assumo toda a culpa pelo acontecimento, vá até a enfermaria e depois me diga se está tudo bem — Ela praticamente expulsou o menino da biblioteca.
Ben saiu ainda confuso com o que tinha acabado de acontecer e eu olhei a morena seriamente, ela me abriu um sorriso.
— Fez isso propositalmente — Falei com um tom de repreensão.
— Jamais machucaria alguém de propósito, se eu quisesse que ele ficasse ferido teria feito coisa pior.
— Jane...
— Não pode me culpar, ele é um pé no saco, ainda não viu que você não quer nada.
— Somos amigos e você não deveria está aqui agora.
— Vim pegar um livro — Ela olhou em volta e pegou a primeira coisa que viu na prateleira — Que coincidência encontrar você aqui — Uma risada escapou de mim — Boa sorte com a prova do Michael, acabei dando uma olhada e tenho que te avisar que ele não estava muito feliz quando a preparou.
— Pode me dizer as respostas?
— Sabe que ele me mataria se fizesse isso — Desonestidade não era uma palavra que definia Michael — Boa sorte, querida.
— Obrigada — Fui em direção a ela na esperança de ganhar um beijinho mas a mulher se afastou.
— É melhor não — Suas bochechas coraram levemente, algo raro de acontecer.
— Mas não têm ninguém aqui e essa é a única sala que não têm câmeras.
— Eu sei mas... Isso não deu certo da última vez — Lembranças vieram na minha cabeça.
De fato eu tinha aprendido o quanto Jane se descontrolava com apenas um beijo. A distância era o melhor método para não passarmos por isso mais uma vez.
O som do sinal tocou fortemente indicando que os alunos deveriam ir até suas salas novamente. Respirei fundo me preparando psicologicamente para a tortura que Michael tinha preparado dessa vez. Foquei minha atenção na minha professora.
— Certo, então tenha um bom dia — Falei deixando um beijo em sua bochecha e saíndo.
Assim que passei pelas portas da biblioteca dei de cara com os meus amigos, os dois me puxaram até o outro andar e fomos correndo em direção a sala de matemática. Os dois explicaram que viram Jane entrando no mesmo lugar que eu e decidiram manter a guarda para que ninguém nos pegasse fazendo coisas erradas. Mal sabem eles que a situação era bem diferente.
Coloquei meu primeiro pé na sala e os olhos do meu professor vieram até mim. Se eu não acertasse a prova depois de todas as aulas particulares — mesmo que eu passasse a maior parte do tempo paquerando meus professores do que estudando — a culpa seria inteiramente dele.
Sentei em minha sala e Michael começou a explicar como funcionaria a execução da prova. Minha ansiedade atacou só de ouvir.
E assim começou o primeiro dia desse inferno chamada provas bimestrais.
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Para Sempre Nós Três
FanfictionTodos já tiveram aquele professor atraente em que você fazia questão de participar da aula dele. Aquele que você dava uma atenção especial, que você era a primeira a chegar na sala de aula, sentava na fileira do meio só para ver ele. Pois é, Viollet...