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MICHAEL
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Durante minha vida toda eu sempre tive a plena certeza de que na minha rotina Jane era a personagem principal, ela conseguia roubar até mesmo o meu foco e eu não tinha nenhum problema em deixar que ela tivesse esse papel. Minha mulher era simplesmente perfeita e isso era fato.

Desde a escola ela chamava atenção e eu posso afirmar que já sofri muito com sua beleza natural que me fazia ter muita dor de cabeça pelos olhos alheios. Em nosso relacionamento sempre fomos sinceros um com o outro e esse era o melhor remédio pelos anos de casamento maravilhoso, até mesmo quando ela sugeriu chamarmos outra pessoa para nossas brincadeiras íntimas eu pensei em dizer não. Jane era tão auto suficiente que as vezes eu duvidava se eu era o bastante para ela, mesmo quando a morena provava isso de diversas formas.

A questão é, o fato de trazermos, poucas vezes, pessoas para transar com a gente era um mísero detalhe, acho que só fazia isso porque ela gostava, não que eu detestasse, mas com uma mulher como a minha era muito fácil viver longe de outras.

O problema era quando uma pirralha intrometida aparecia tão aleatoriamente em minha vida que chegava a desconfigurar os meus neurônios de senso. O que Viollet tinha de especial além da beleza estonteante, a personalidade maravilhosa que nem fazia o meu tipo e aquele sorriso lindo que me fazia querer morder suas bochechas?!

Porra, ela era só uma adolescente. Eu literalmente podia ter me atraído por qualquer outra, então por que ela?


Eu não sabia descrever direito o que tinha sido aquela conversa, não sabia dizer qual era a nossa relação no momento. Mas definir isso como uma boa amizade chegava a ser um deboche.

A garota tinha mexido tanto comigo, com a gente, que na noite anterior eu e Jane fizemos o sexo mais diferente da vida, nem chegamos a conversar sobre o que sentimos por nossa aluna.

Mas apenas o fato de termos assistido um filme juntos alterou algo dentro de mim. Caralho nós literalmente nos despedimos com um beijo na bochecha, como eu consegui ficar de pau duro sem nem ter dado um beijo descente na fedelha?!


Fechei os olhos e soltei um suspiro que fez aquele silêncio no carro se quebrar um pouco. Eu não sabia agir com Viollet, não sabia como conversar com minha esposa e com certeza não sabia o que fazer da vida.

— Você tá mais distraído que o comum hoje — A voz da mulher me trouxe um arrepio na espinha. Ela ainda me causava o mesmo efeito de anos atrás.

— Por que diz isso? — Olhei para ela e vi o cabelo preto lindo que ela tinha.

Era estranho pensar em como minha mão estava no meio dele ontem a noite enquanto eu afundava sua garganta em outro lugar.

— Sua mente parece tá longe, quer conversar?

Será que podemos falar sobre a conversa estranha de ontem, melhor, podemos falar em como nossa aluna têm feito você ficar bem animadinha por aí e em como eu tenho gostado tanto disso?

— Eu tô bem — Ela me olhou de esguelha mas eu ofereci um sorriso para minha esposa. Não era momento para falarmos sobre aquilo.

Os olhos da minha mulher foram para além do vidro do carro e notei sua expressão mudar radicalmente. Acompanhei seu olhar e uma pontada no peito fez eu entender o que estava acontecendo.

Observei Viollet ao lado do garoto que a fazia rir como se ele fosse um palhaço. Que porra era aquela?

Ben Monroe, esse era o boboca que estava a fazendo rir. Por sinal era um dos melhores jogadores da equipe da escola e tinha uma beleza nada considerável perto se mim. Por que ela estava sorrindo para ele?

— Que merda é aquela? — Jane murmurou e eu fiz uma nota mental para cobrar dela uma explicação por aquele ciúmes todo. No momento eu estava ocupada de mais amaldiçoado o infeliz ao lado da loira.

Viollet abraçou ele e foi inevitável não me incomodar com aquilo, quase tive um ataque do coração quando vi ela se despedindo com um beijo na bochecha dele. Mas que porcaria, sério mesmo Viollet? Um beijo, um maldito beijo?!

Respirei fundo e soltei um botão da minha blusa social para não morrer sufocado com o que meus olhos haviam acabado de presenciar. Eu estava velho de mais para aguentar emoções como aquela.

Evitei olhar minha esposa e me amaldiçoei por está tão incomodado com aquilo. Caralho Michael, você é da Jane, se lembre disso.

Em poucos segundos o barulho da porta de trás nos chamou atenção e Viollet entrou no carro. Evitei a todo custo olhar aquele verde dos olhos dela que me deixava hipnotizado.

A loira sorriu mas não obteve o mesmo de nós.

— Bom dia, professores — Respirei fundo ainda digerindo a cena de momentos atrás.

— Hoje vamos fazer algo diferente — Tentei ao máximo disfarçar o tom irritado.

— O que vamos fazer?

— Você vai conhecer alguém — Liguei o carro e percebi a tensão da minha esposa ao meu lado.

— O que? Mas e as aulas?

— Sem perguntas Viollet — Notei sua leve confusão mas eu ainda tinha muita coisa para processar antes de me preocupar com meu tom de voz.


Avancei com o carro e guardei cada palavrão para mim. Por mim aquele garoto já estava expulso da escola a muito tempo, ele nem era tão bonito assim.

Já vi que eu vou ter mais uma dor de cabeça para cuidar.

Para Sempre Nós TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora