Capítulo 23

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Finalmente, o Sabadão chegou com tudo, e com ele, o descanso das atividades semanais.
Apesar de ser o melhor dia da semana, para se pensar e curtir, também era um dia um pouco solitário.
Finais de semana, a maioria dos alunos, saiam para passar junto de suas famílias. E na maioria das vezes, os corredores ficavam vazios.

Eu até poderia ir para casa, rever meus amigos, pena que o acúmulo de atividades perdidas, era indispensável. Sem falar, que a grana era bem curta para se ficar esbanjando.

Estava na minha cama, resolvendo algumas questões de Física, quando Lucy entra, com sua mochila nas costas.

- Ué, não vai se arrumar pra ir passar o final de semana em sua casa? - perguntou ela.

Apenas balancei a cabeça em negação.

- Por que não? Imaginei que já estivesse se arrumando. - falou ela, enquanto colocava suas coisas no armário.

- Não, eu vou ficar aqui mesmo. Preciso resolver as atividades atrasadas.

- Não acredito que vai ficar aqui, quebrando cabeça com essas atividades, não acha que já estudamos demais o dia todo? Corta essa Anne, vai ser livre, mulher. Vai se divertir. Todo mundo precisa de um pouco de férias, de diversão, afinal, ninguém é feito de ferro.

Por um lado ela tinha razão. Eu deveria mesmo me divertir, sair, ser livre dessas muralhas, que nos mantinham presos, mas pra onde eu iria? E com que dinheiro? Já não tinha um tostão furado nos bolsos.

- É, você tem razão.

- Até que enfim, as forças celestiais ouviram minhas preces. Vai ser livre, mulher. - falava ela, sarcástica.

- Quanto drama. - sorri. É, Lucy era uma louca desvairada. Pena que só eu via isso. - Só despenso a ideia de ir pra casa, vou ficar por aqui mesmo. Dando uma volta no jardim.

- Oi? Como assim? - perguntou-me espantada.

- Vou ficar aqui, só isso. - dei de ombros.

- Você é doida, garota. Agora eu vi. Bem, se você não vai, eu vou. Não aguento mais essa prisão.

- Tudo bem, então divirta-se. Seja feliz, seja livre, seja...

- Tá, eu já entendi. - rio ela. - E pode deixar, que eu serei tudo isso, quando finalmente cruzar a porta de saída.

- Okay, se você diz, então, nos veremos na Segunda.

Logo após nossa breve conversa, saí do quarto, para caminhar um pouco e respirar ar puro.

Desci as escadas do segundo andar, esbarrando logo à frente com Louise. (Não sei por quê optei por esse caminho). Ri baixinho.

- Anne? O que faz por aqui? Não deveria estar arrumando suas malas?

- Pra quê eu deveria estar arrumando? - perguntei.

- Dãã, pra sair daqui, oras. Pra quê mais? - aaaata. Por que será que todo mundo me pergunta a mesma coisa? Eu cansei de explicar, que não vou pra lugar algum. Toda a semana é a mesma coisa. Acho que vou começar a andar com plaquinhas penduradas no pescoço: Por favor, não perturbem!!!
Até que não seria uma má ideia mesmo. Ri de novo.

- Não vou pra casa, Louise. Vou ficar por aqui mesmo.

- Hã? De novo? - disse mortificada.

Virou AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora