Capítulo 6

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Meu coração ameaça sair pela boca quando estou de frente ao imenso e assustador portão da casa imensa e com uma aparência sombria. Aperto com força as malas em minhas mãos quando começo a entrar para dentro daquele casarão. O designe dela é realmente muito bonito, englobando elementos rústicos como a madeira em diversas partes, e a modernidade com os imensos vidros em pontos estratégicos. O jardim perfeitamente bem cuidado conta com diversos pinheiros espalhados pelo quintal, que em época de inverno deve ficar uma verdadeira e espetacular visão.

Sinto um arrepio tomar minha nuca e quando subo meus olhos, vejo uma sombra em uma das imensas janelas, que faz com que meu coração se acelere. Não consigo distinguir muito bem as formas por conta da escuridão, piscando meus olhos, sigo para a porta onde uma mulher de meia idade me espera com um caloroso sorriso.

-Você deve ser a senhorita Cardoso, muito prazer, me chamo Eleanor, por favor entre.-Diz me dando passagem para que eu o faça.

-Muito prazer Eleanor, adorei seus brincos.-Digo a lançando um sorriso que faz com que a mesma pigarreie antes desviar o olhar sorrindo envergonhada.

Quando entro na casa, me deparo com um imenso hall de entrada e seguindo a mulher, passo por uma imensa sala, com elementos rústicos que me deixa completamente maravilhada. Eles tem até mesmo uma lareira!

-Vou te levar até seu quarto para que possa descansar um pouco e mais tarde faço um tour com você pela casa ok?-Pergunta de forma gentil e sorrindo, aceno com a cabeça. Ela segue por vários corredores até chegarmos em um dos quartos ali presentes. Ele tem um visual muito aconchegante, uma grande janela com vista para o quintal e até mesmo uma grande televisão.-Mil desculpas pelo humilde quarto, mas é que os melhores já estão acupados pelos funcionários mais antigos.-Diz Eleanor nervosamente, com receio talvez.

-Esse quarto é perfeito, muito obrigada pela hospitalidade.-Digo colocando minha bolsa em cima da cama de casal, ela parece se tranquilizar com minha resposta pois respira aliviada.

-Que bom que gostou. Vou te deixar sozinha para que possa se acomodar então.-Diz a mesma saindo rapidamente dali.

Adan on...

-E então?-Pergunto dando mais uma forte tragada em meu cigarro, de costas para minha governanta, observo o imenso jardim pouco iluminado pelas diversas lâmpadas ali presentes. Faz pouco mais de 40 minutos que a nova funcionária chegou. Pelo seu modo de andar parecia uma jovem nervosa ou talvez até mesmo insegura, com uma simples calça e uma blusa fina de alça percebi alguns detalhes em quesito de aparência física.

-Ela se mostrou extremamente gentil e bem alegre apesar de estar nervosa, a deixei no último quarto para que possa descansar um pouco. Saboreio o gosto do tabaco em minha boca, um gosto amargo que perdura por minha língua.

-Fique de olho nela, depois de apresentá-la a minha filha a traga diretamente para cá, quero resolver o quanto antes todas essas questões burocráticas que tanto estão me irritando. Pode se retirar.

-Sim senhor.-Diz Eleanor rapidamente saindo de meu escritório. Quando a porta se fecha posso finalmente relaxar em meio a escuridão enquanto alguns pensamentos rondam minha mente, dentre eles o principal que é, quantos meses essa nova funcionária vai aguentar antes de pedir demissão?

Brenda on...

Termino de passar meu creme corporal quando observo minha mala repleta de roupas, uma dúvida cruel me bate sobre o que vestir. Talvez algo mais simples? Algo confortável ou algo mais elegante?

Olho uma blusinha discreta porém elegante, pego uma calça jeans e uma sandália baixa. É isso, menos é mais.

Rapidamente as visto antes de passar uma maquiagem básica e colocar alguns acessórios. Arrumo meu cabelo que preferi não lavar, definindo meus cachos e dando mais volume.

Quando termino, arrumo toda a minha bagunça antes de me aventurar por essa imensa casa, não demorando a encontrar Eleanor em um dos corredores.

Ela sobe as imensas escadas comigo e me leva até uma das portas, quando a abre sou atingida por paredes extremamente rosas em um quarto gigante.

Há vários brinquedos espalhados pelo quarto e uma menina com cabelos loiros cacheados sentada no chão brincando com um círculo gigante de ursos de pelúcia.

-Jennie, sua nova babá chegou.-Diz Eleanor tendo finalmente a atenção da criança.-Vou deixá-las um pouco a sós.-Diz saindo do quarto e fechando a porta.

-Oi Jennie, muito prazer, meu nome é Brenda.-Digo vendo como a mesma me encara de cima a baixo.

-O seu inglês é horrível.-Diz se levantando com um grande urso em mãos.-Mas você é muito bonita, parece uma das minhas bonecas.-Diz me fazendo piscar atordoada. Devo ficar agradecida ou ofendida?

-Peço desculpas pelo meu inglês não ser dos melhores, mas já que vou cuidar de você, que tal me ajudar a melhorar minha pronúncia? Você tem cara de ser uma ótima professora.-Digo vendo como a mesma me lança um pequeno sorriso, que logo é disfarçado.

-De onde você veio?-Pergunta colocando seu urso dentro do cesto de brinquedos.

-Eu vim do Brasil, mais especificamente do Rio de Janeiro.-Digo vendo como a mesma parece surpresa, enquanto uma faísca de curiosidade brota em seus olhos escuros.

-Então você é bem pobre né?-Pergunta fazendo meu sorriso morrer enquanto fico confusa.

-Por que acha isso princesa? Quer ajuda com os brinquedos?-Pergunto vendo a mesma acenar com a cabeça.

-Minha mamãe dizia que no Blasil só tinha gente pobre e que a maioria que vem pra cá é pra roubar o trabalho do nosso povo.-Diz me fazendo ficar estática em meio a coisa mais repugnante que já ouvi.

-Bom, sua mamãe está bem enganada.-Digo disfarçando minha surpresa.-La no Brasil existem diversos tipos de pessoas e culturas, assim como muitas riquezas culturais. Ela me encara com seus olhinhos curiosos, é possível ver o quão cheia de dúvidas ela ainda está.

-Então também tem gente rica lá? Você é rica?-Pergunta pegando seu coelho de pelúcia e o pondo no cesto.

-Tem muitas pessoas ricas sim princesinha.-Digo colocando mais de seus ursos dentro do cesto. Jesus amado essa menina tem mais ursos do que eu já tive na minha vida inteira.-Eu não sou uma pessoa rica financeiramente, mas sou uma pessoa rica de conhecimento e de espírito.-Digo vendo a mesma me olhar de forma confusa.

-Então como eu devo te tratar?-Pergunta cruzando seus bracinhos.-Minha mamãe diz que eu devo tratar os pobres do jeito que eu quiser porque eles estão na terra só pra servir a gente, mas você não é pobre.

Olho atordoada para a bela criança a minha frente, surpresa por realmente existir pessoas como a mãe dela.

-Que tal me tratar como uma amiga?-Proponho vendo como a mesma fica cabisbaixa.

-Mas eu num tenho amigas, elas não gostam de mim.-Diz abaixando a cabeça de forma tão tristonha que me parte o coração.

-Você quer ser minha amiga pequena?-Pergunto vendo a mesma me encarar com alegria.

-Você quer ser minha amiga?-Pergunta dando pequenos pulinhos que me fazem sorrir.

-Mas é claro que eu quero e eu prometo de dedinho que vou ser a sua melhor amiga do mundo se me permitir.-Digo apontando meu dedinho para a mesma que bate palmas animada.

-Ouviu papai? Eu tenho uma nova amiga!-Diz a menina ainda pulando enquanto olha para algo atrás de mim. Quando me viro, sinto meu coração errar uma batida ao ver um homem extremamente lindo me encarando fixamente de forma séria.


Oooi meu amoreeee. Fico feliz que tenha chegado até aqui, espero que esteja gostando e que ao longo dessa nova história possa me acompanhar em meio as ideias totalmente lero lero da minha cabeça. Beijooosss e ate breve.

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