A babá

Capítulo 23

Acordo completamente plena e descansada, arrumo a cama com calma e paciência e aproveito para pegar minhas peças de roupas antes de finalmente abrir a porta do quarto.

Quando a abro, sinto um cheiro maravilhoso de comida no ar, assim como vozes tanto do meu chefe quanto de outra pessoa.

-Papai os empregados não me deixaram queimar as cortinas da sala!-Diz a voizinha mais fofa que conheço.

-Jennie eu já falei que não é só porque você detesta algo que você tem que colocar fogo naquilo!-Diz o mesmo em um tom repreensivo enquanto corta algo. Seu telefone caríssimo está posicionado em cima da bancada de qualquer forma, se caísse no chão iria com certeza se partir ao meio. O mesmo utiliza apenas uma bermuda, a marca de minha mordida ainda permanece em seu peito, ele está tão focado que não parece ter percebido minha presença.

-Mas papaai! Aquelas cortinas são horríveis! Nem as pessoas pobres devem usar aquilo! Muito feio.-Solto uma pequena risada ao ouvir aquela pérola. Olhos escuros me encaram em repreensão, assim como uma tremenda carranca. Apenas o ignoro antes de colocar minhas roupas ali no sofá e ir até o mesmo.

-Seu pai tem razão Jennie, as cortinas são extremamente feias, mas você com certeza não pode tentar colocar fogo naquilo! Me conta, como você conseguiu um isqueiro para tentar colocar fogo?-Pergunto em um ar divertido enquanto por dentro estou surtando. Como diabos tiveram a coragem de deixar um isqueiro na mão de uma criança de 6 anos de idade?

-A Eleanor tava esquentando a comida e eu vi ele em cima da mesa.-Diz a mesma abrindo um grande sorriso. Vejo de longe Adan me encarar extremamente sério, com certeza se preparando para dar uma bela bronca.

-Querida, eu sei que você com certeza tinha a melhor das intenções ao tentar redecorar a casa.-Digo sorrindo carinhosa para a mesma.-Mas é muito perigoso mexer com esse tipo de coisa, imagina só se você se queimasse? Ou pior, imagina só se você estragasse a tintura da parede que você tanto gosta.-Digo vendo a mesma me olhar pensativa.-Promete para a Brendinha que você não vai mais pegar o isqueiro?

-Ta bom Brendinha eu prometu.-Digo vendo a mesma sorrir carinhosa.-Eu sinto muito a sua falta Brendinha, quando você e o papai vão se casar e voltar pra casa? Vão me dar uma irmãzinha pra brincar comigo?-Vejo Adan engasgar com a água enquanto minha cara vai lá no chão.

-Querida, passa o telefone para a Eleanor.-Diz Adan rapidamente interferindo na conversa. Aproveito a deixa para correr dali, pegando minha roupa e indo para o banheiro mais próximo, quando fecho a porta escuto gritos do mesmo que está completamente irado.

Engulo em seco antes de começar a tirar a minha roupa para tomar meu querido banho. Fico com um pouco de dó da Eleanor, mas estamos falando de uma criança de 6 anos de idade, meus irmãos com essa idade ficavam extremamente protegidos de tudo o que eu podia estar os protegendo. Imaginar o que poderia acontecer a pobre menininha se tivesse conseguido o que queria me deixa com calafrios.

Quando termino meu banho e todo o meu processo matinal, penteio meus cabelos e opto por não fazer nenhuma finalização, só passando o pente normalmente e creme. Encontro Adan ainda na cozinha respirando extremamente fundo.

-O cheiro do que você preparou com certeza está extremamente bom.-Digo tentando aliviar um pouco o clima, vendo como ele ainda parece completamente irado.

-Seu prato está em cima do fogão.-Sua voz está tão séria que eu com certeza hesito antes de ir pra perto dele.

-Conseguiu conversar com a Eleanor?-Pergunto pegando um suco dentro da geladeira.

-E o que isso te interessa?-Pergunta me encarando com olhos tão afiados que com certeza fazem com que eu sinta muito medo e raiva. É óbvio que ele tá puto e quer descontar em mim, o que com certeza, não vou permitir.