Capítulo 31

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Minhas pernas ainda estão trêmulas quando por fim saio do táxi, acompanhada logo em seguida de Adam. O mesmo não me encara antes de me pegar gentilmente pelo braço, me arrastando para dentro do luxuoso hotel. Tento tirar meu braço de seu controle, mas seu olhar faz com que eu engula em seco.

Olho ao redor e algumas pessoas nos encaram embasbacadas, o que só serve pra aumentar a minha raiva a respeito dele. Decido por não fazer um show em meio a pessoas tão ricas.

Quando por fim entramos no elevador, puxo com mais força meu braço da sua mão, recebendo apenas um olhar de aviso de sua parte. O clima está estranho, entre minhas pernas permanece úmido e inferno, não consigo tirar da mente tudo o que o mesmo disse. Meus lábios ainda ardem por conta de nosso beijo e droga, nesse momento o odeio na mesma proporção que o quero.

Paro de pensar nisso quando chego ao nosso andar. O vasto e limpo corredor branco nos dá o seu ar de graça quando eu por fim vou até a porta. Sinto seus olhos queimando minhas costas, o que torna minhas pernas ainda mais trêmulas. Me sinto uma verdadeira adolescente quando está afim de um cara muito gato. Não posso ser tão dura comigo apesar de tudo, já que de experiência com homens tive pouquíssimas, nunca passando das preliminares.

Mesmo com tantos anos de relacionamento, nunca senti uma vontade real de me entregar, gostava dos beijos do canalha desgraçado, mas quando ameaçava passar disso, eu o parava. Ele ficava bem chateado, mas paciência. Meu corpo, minha virgindade, logo, a decisão de querer dar no final das contas era completamente minha. Nunca me sujeitaria a algo desse tipo se eu não estivesse completamente segura de que é isso que eu quero.

Olho brevemente para trás, encontrando seu olhar sério e intimidador. Ele com certeza não se parece em nada com o meu ex. Não digo isso somente na questão de aparência, mas também no jeito de ser.

Meu ex tinha um jeito brincalhão, moleque grande parte das vezes. Completamente sociável e que facilmente conseguia se enturmar. Um pouco imaturo em alguns quesitos e demonstrava muita jovialidade.

Adam já é completamente oposto. Sua imagem transmite muitas coisas. Segurança, seriedade, ele é um homem quieto e na sua, de poucos amigos (isso se ele tiver algum amigo. Nunca vi ninguém o visitando). Em outras palavras, ele é um homem maduro e bem resolvido, um pouco chato grande parte das vezes, mas não menos atraente. Talvez seja isso que tenha me atraído nele além de sua aparência que é um colírio para os olhos.

-Vou ter que te pegar nesse corredor ou você vai parar de me encarar dessa forma e abrir a maldita porta?-Volto a mim com seu comentário sem um pingo de diversão, o que me faz engolir em seco. Destranco a porta e entro para dentro, indo até a cozinha pegar uma garrafa de água. Dou um pequeno gole antes de tirar os saltos. O mesmo sumiu pelo corredor, provavelmente indo para dentro do quarto trocar de roupa.

Quando por fim me livro dos belos sapatos, tiro também as jóias as pondo em cima da mesa.

Prendo meu cabelo em um coque, lamentando ter que desmanchar o belo trabalho que o pessoal fez no salão de beleza.

Levo tudo para o quarto e me certifico de bater na porta antes de entrar. O encontro sentado na cama retirando seu sapato. Ainda permanece de calça e camisa social. Não o encaro quando coloco às jóias na sua caixinha original e coloco junto de suas coisas.

-Obrigada pelo empréstimo.-Escuto um respirar alto do mesmo que apenas ignoro. Coloco meus itens de remover maquiagem em cima da mesa com espelho antes de eu começar a limpar meu rosto. Consigo vê-lo me encarar atravéz do reflexo do espelho, um rastro de culpa passa por seus olhos mas ainda estou irritada. Com fogo no cu? Sim, rancorosa? Mais ainda.

-Eu comprei pra você essas jóias.-Evito encara-lo com dois pedaços de algodão molhados com demaquilante nos olhos, ficando apenas em silêncio.

-Não quero, obrigada.-Digo o vendo cruzar seus braços antes de encarar o teto, ele resmunga algo que não compreendo antes de voltar a me encarar.

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