A babá

Capítulo 29

Sei que tem algo de errado no momento em que Rebecca começou a conversar com Brenda, e mais errado ainda quando ambas me encararam várias vezes antes de se animarem com algo e subirem para o andar de cima. Antes que eu possa segui-las, vejo o marido de Rebecca vindo em minha direção de forma tranquila e calma.

-Onde sua esposa levou a Brenda? Quero ir embora.-Minha fala sai mais seca do que eu gostaria, o que infelizmente não é percebido pelo mesmo que prontamente revira os olhos.

-Lamento, mas minha bola de cristal que prevê o futuro e também lê mentes só vai chegar na semana que vem.-Debocha me deixando ainda mais estressado. Que droga! Eu estou tendo uma péssima noite.-O que você aprontou?

-Nada que seja da sua conta.-Suspiro antes de diminuir o meu tom de voz. Grande agressividade também não é de meu feitio.-Sabe pelo menos pra onde elas podem ter ido?

-Pra algum lugar que com certeza não é da sua conta. Ou pra terra do nunca, lugar onde você vai adorar, já que a maioria dos idiotas adoram fingir que são crianças, pelo menos você vai ser autêntico por lá, já que a mentalidade é a de uma, que coisa não é? Nem vai precisar fingir.-Ok desisto! O homem ao meu lado está conseguindo me irritar muito mais do que meu irmão.

-Ela e meu irmão se beijaram.-O mesmo gargalhada ao meu lado, me fazendo respirar fundo, aos olhos dele eu com certeza estou parecendo alguém patético.

-Antes ou depois de se conhecerem?-Pergunta observando tudo ao redor.

-Antes.-Um garçom passa na hora e com certeza não hesito em pegar outra maldita bebida. Minha cabeça está começando a rodar e meu estômago levemente enjoado, mas me sinto muito irritado para ligar.

-E como você reagiu?

-Talvez eu tenha sugerido que só estava comigo por interesse, eu estava muito puto na hora.-Recebo uma careta como resposta, o que faz com que eu me sinta ainda mais patético.-Sim eu sei que fui um idiota reconheço isso, mas droga!

-Está irado por seu querido irmão ter chegado primeiro?-Um pequeno sorriso toma sua boca antes de continuar falando.-Não é uma decisão sábia agir como um babaca quando se está com as bolas presas dessa forma e pior, nessas circunstâncias. O cabeludinho metido a Romeu estava falando coisas bregas pra ela.

-Eu não estou com as bolas presas! E o que diabos ele ficou falando pra ela?-Mais um sorriso de forma descarada e debochada, que inferno!

-Algo envolvendo o pequeno príncipe e estar disposto a conquista-la, independentemente de você se sentir atraído por ela ou não, ou seja, ele quer te talaricar na cara de pau.-Respiro fundo antes de em uma golada, beber tudo.-Segundo o Romeu, ele quer que ela tenha um anel no dedo e um bebê na barriga.

-Aquele filho da... Da próxima vou fazer as drogas dos socos serem mais dolorosos.-Uma ira tão forte me toma, ao ponto de me deixar assustado-Eu preciso sair daqui, onde diabos aquelas duas se meteram?-Não me importo mais com gentilezas, ainda mais quando o homem nem em meu rosto olha quando sorri.

-Ali.-Aponta com a cabeça para algo atrás de mim. Quando me viro, perco o ar ao perceber o que caralhos está acontecendo. Brenda usa um vestido vermelho vibrante que modela o seu corpo na medida certa e porra, ele mostra demais! Sou impedido por uma mão em meu ombro e mal percebo que era devido ao fato de eu quase ter ido até ela.

-Vai por mim bolinha, se você jogar essa menina sobre os ombros todos terão uma visão e tanto.-O mesmo apenas confirma o óbvio, não me deixando nada satisfeito. Não quando sei que ele tem razão. Em muitas partes de seu corpo, o vestido está marcando e posicionando de uma forma que o deixe belo e sensual. Um pouco a mais seria capaz de deixar a roupa vulgar.-Você vai precisar.-diz me entregando uma garrafa de bebida

-Pessoal, essa é a minha querida amiga, Brenda.-Diz Rebecca fazendo com que muitos olhares agora se foquem em ambas. Olhares demais estão sobre Brenda e sinto que vou surtar. Seu belo sorriso é aberto quando a mesma começa a conversar com algumas mulheres, atraindo não só a minha atenção, como a atenção de malditos vermes. Dou outro longo gole, está cada vez mais difícil ser um homem pacífico. Inferno, eu agredi meu irmão por causa dela. Fazia anos que eu não agredia ninguém fisicamente.

A mesma parece completamente alheia a mim, rindo abertamente e se enturmando com facilidade. Olho para um canto e vejo a forma lasciva que os homens a encaram, suas intenções claras o suficiente para que até mesmo eu consiga identificar o que estão pensando e não gosto nada disso. Ambas conversam sobre algo antes de a mesma me encarar, um pequeno sorriso toma seu rosto antes de ela responder algo a Rebecca. Um péssimo pressentimento toma conta de mim e inferno, sei que estou na merda.

Brenda on...

-Ele já está bem bravo, quer continuar? Se fizermos ainda mais ciúmes no pobre homem, não garanto que você ficará ilesa dos dedos dele ou de seu corpo.-Meu coração perde uma batida antes de eu voltar a mim mesma. Não creio que ele me forçará a nada, sei que ele não é esse tipo de homem. Não é medo o sentimento que corre por meu corpo quando o encaro vendo o olhar irado de um homem que faz coisas comigo.

-Estou pronta para mata-lo do coração.-Digo fazendo com que a mesma gargalhe. Ela me puxa animada pelo braço e juntas, conversamos com outras pessoas. Ela me apresenta a alguns empresários, alguns políticos, policiais e entre outros, são tantos nomes, tantos rostos e tantas pessoas que fico até um pouco confusa. Nenhum deles me chama a atenção, ou talvez eu só esteja nervosa o suficiente para não conseguir prestar atenção neles. De qualquer forma, sei que estou sendo um pouco inconsequente, irritar o meu chefe? O que eu espero conseguir com isso no final? Realmente não sei.

-Vamos dançar?-Pergunta Rebecca me fazendo sorrir, ambas vamos para onde está o DJ, ela muda a iluminação do local e logo uma música mais animada toca no local. Alguns casais se juntam para dançar e nós duas os seguimos. Sou puxada para o meio do salão e não demora muito para que comecemos a dançar. Intensos arrepios tomam conta de mim e droga, nunca me senti tão bem. Então é essa a sensação de seduzir quem você quer?

-Quer tornar isso mais divertido?-Pergunta me fazendo sorrir. Rebecca com certeza não brinca em serviço. Sou pega pela cintura e trazida para perto dela, que rebola de forma lenta enquanto me encara com cumplicidade, que é claro, eu a devolvo. Sei que diversos olhares estão sobre nós, é difícil dois apostos em relação a aparência não chamarem a atenção.

Ainda mais quando ficamos tão próximas, nos encarando com tanta cumplicidade e aparente química, ao ponto de parecer que estamos prestes a nos pegar. É com certeza o poder da música que está tocando, assim como nossas mãos em lugares estratégicos.

Entrelaçamos nossas pernas antes de nos virarmos, me viro antes de rebolar até o chão, subindo de forma lenta, ainda a encarando. Ela repete o meu passo e logo depois estamos novamente juntas.

Quando a música por fim acaba, a mesma olha para algum lugar antes de sorrir, voltando logo em seguida o seu olhar para mim.

-Quer um conselho? Faça todo o possível para que ele fique completamente puto da vida, você estando gostosa desse jeito, vai com certeza se converter em outra coisa.-Diz me dando uma piscadela.-Espero ser a madrinha nos dois casos.-Diz me dando as costas e seguindo para o meio da multidão, com seu marido a seguindo logo depois.

Suspiro ao ir até um garçom e pegar uma taça de bebida. Meu coração está palpitante e a esse ponto não sei dizer se é somente ele que está palpitando. Por fim tomo coragem de ir até perto de onde Adan está, não o encontrando no local que estava até agora pouco.

Estranhando tudo isso, saio do salão de festas, explorando a imensa casa. Passo pelo hall de entradas e sigo para as outras imensas salas, e é em meio a essas exploradas, que sou pega de surpresa pelo mesmo. Em seus olhos é possível ver uma grande ira, me sinto uma completa louca por não sentir um pingo de medo. Nem mesmo quando ele me pega pelo braço e nos tranca em um escritório vazio.

Eu deveria estar com medo, certo?