Capítulo 7

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Velaris

Dois anos antes...

    Elain estava em sua antiga casa nas Terras Humanas. Estava cuidando do seu lindo jardim em uma tarde ensolarada. Ainda era humana e levava a vida com muito mais leveza.

Passos soaram pisando em galhos que estavam espalhados pelo gramado. A humana olhou para cima e viu seu pai. O choque por vê-lo fez ela soltar um grito de susto.

— Minha florzinha! Que saudade eu estava de você — disse ele.

A voz era do seu pai, ela pensou ansiosamente.

— É você mesmo, papai? — perguntou com a voz embargada. Ela se ergueu do chão e colocou a mão no peito.

Lágrimas começam a transbordar como se fosse uma cachoeira pelo rosto. Seu pai estava ali com a mesma aparência que ela se lembrava e com roupas nobres que havia visto nele pela última vez.

— Sim, minha florzinha — ele sorriu e abriu os braços para ela.

— Papai! — ela gritou.

Elain saiu correndo na direção do pai e o abraçou com toda a força que tinha. O cheiro era dele, i corpo antes magro estava mais cheio e os olhos eram os mesmos que os dela. Era seu pai.

Ele não havia morrido!

— Venha querida, vamos sentar — ele segurou as mãos trêmulas da filha e a levou até um banco de mármore aquecido pelo sol.

— Mas como você está vivo? — perguntou ela com os olhos arregalados, enquanto os dois sentavam próximos.

— Eu não estou, filha — ele lamentou colocando um cacho do cabelo castanho-dourado atrás da orelha humana dela. — Estou morto, mas recebi uma oportunidade de visitá-la.

Ele sorriu parecendo o mesmo velho pai que a Elain tanto amava. Ela era sua favorita, sempre fora.

Você apareceu para a Feyre e a Nestha também? — indagou agarrando a mão quente e com marcas de velhice do pai.

Elain não conseguiu compreender o que estava acontecendo, contudo, estava feliz demais para se atentar a vários detalhes.

— Oh! Não, eu tentei... — lamentou o velho Archeron. — A mente de Feyre tem paredes erguidas e a de Nestha é repleta de pesadelos.

A humana abriu a boca formando um lindo círculo de incredulidade. Ela deveria falar para as suas irmãs deixarem a mente mais aberta. Nenhum delas conseguiu se despedir do pai, poderiam ter a mesma oportunidade que ela.

— Isso é um sonho? — Elain pensou, mas acabou falando em voz alta.

Seu pai acenou com a cabeça e olhou-lhe como se lamentasse.

— Pai! Eu sinto muito, não queria ter virado feérica — choramingou.

Ela sabia que o pai não gostava de magia.

— Não tem porque sentir, você não tem culpa — ele deu um beijo na testa dela. — Queria muito vê-la, estava com saudades.

Elain se aproximou mais do calor do corpo familiar de seu pai. Ela começou a chorar por ele, por ela e por tudo que seguiria a partir daquele momento, não queria acordar e ter que enfrentar a realidade que ele não estava mais vivo e que ela não era mais humana.

— Quero ajudá-la a voltar ser humana — ele falou com a boca encostada em sua orelha. — Você só terá que fazer algumas coisas para isso acontecer.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora