Capítulo 26

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     A tarde se estendia pelo dia enquanto Elain e Lucien se encaravam. Ela queria escutar tudo que ele teria para lhe contar.

— Me fale sobre ela — pediu Elain, curiosa e receptiva com o passado do macho.

Lucien assentiu e engoliu em seco.

— Eu treinei e estudei durante muito tempo. Fiquei cansado de fazer apenas isso... — ele disse esticando as longas pernas.

Elain observou os músculos saltarem nas coxas definidas. Ele parecia relaxado ao contar aquela pequena parte do passado.

— Então certo dia decidi que queria conhecer as terras da minha família. Meus irmãos viajavam com meu pai por toda a parte ou estavam lutando um contra o outro — Lucien olhou para ela. — Comecei a trabalhar com o povo conhecido como feéricos inferiores. E pouco tempo depois eu conheci Jesminda em uma das festas da aldeia que estava participando.

Ele desviou os olhos encarando o lago. A luz do sol brilhavam em seu cabelo vermelho.

— Ela me cercou como nenhuma outra fêmea que estive fez antes. Eu só queria ela. Só pensava nela. Jesminda era linda, carinhosa e selvagem — um sorriso triste se desenhou em seus lábios. — Eu amava ela com todo o meu coração. Queria protegê-la da minha família, principalmente do meu pai... mas eu não consegui. Se eu não tivesse me aproximado dela...

Arrependimento brilhou no rosto dele junto com uma tristeza imensa. Aquilo também era culpa?

— Pensei que ao ter uma parceira iria ser um problema terrível para nós. Só que não me importei por décadas. — Elain ficou surpresa que eles duraram tanto tempo. — Até que meu pai descobriu tudo ou só esteve esperando o momento certo.

Elain sentiu os olhos marejarem. Ela passou a língua nos lábios secos. O vento quente os cercavam junto com o sol.

— Até que um dia qualquer como essa tarde, por exemplo, caímos em uma emboscada. Meus irmãos me agarraram e me submeteram até o chão. Eu implorei para meu pai me trocar de lugar com ela. Eu implorei para deixá-la ir, mas não aconteceu — a voz dele saiu dolorosa como se tivesse revivendo novamente aquele dia. — Meu pai riu e esfaqueou Jesminda no peito, enquanto eu estava no chão sem conseguir me mover. Contei as batidas do coração dela enfraquecer até parar. Ela morreu e eu não consegui fazer nada por ela.

Elain ficou imóvel sentindo lágrimas escorrerem e molhar seus longos cílios. Aquilo era terrível. Uma das coisas mais tristes que escutou em toda sua vida.

O rosto dele era de pura culpa e tormento. Ele a encarou com os olhos secos, nenhuma lágrima em seu olho avermelhado, apenas um eterno luto.

— Quando consegui escapar para tentar ressuscitá-la, já era tarde. Meu pai queimou o corpo dela antes de eu conseguir alcançá-la — ele olhou para baixo e o cabelo dele pareceu brilhar mais ainda. — Então eu fugi...

Ela limpou as lágrimas e mordeu o lábio, magoada por ele. Ela desviou o olhar para o lago.

— Meus irmãos me caçaram até a fronteira da Corte Primaveril. Tamlin parecia esperar pela minha chegada — Lucien, agora, cruzou os braços na altura do peito. — Eu matei um deles, e Tamlin matou o outro.

Elain cruzou as pernas e virou o rosto na direção dele, tentando captar alguma angústia ou arrependimento. Ela e suas irmãs tinham problemas, mas não conseguiria imaginar uma vida sem elas, muito menos matar uma delas.

— Meu pai não quis criar problemas com Tamlin, talvez por medo ou para manter a pose de Grão-Senhor impenetrável — Lucien deu de ombros. — Eu me tornei grato ao Tamlin por tudo que havia feito por mim antes e depois.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora