Capítulo 9

1K 126 64
                                    

Corte Primaveril

     Fazia menos de uma semana que estava na Corte Primaveril e, Lucien estava quase arrancando os próprios cabelos de tantos problemas que surgiam diariamente.

Ele após brigar com Jurian, chegou nas terras de Tamlin para falar com o novo emissário, que havia promovido para o cargo e se despedir de Tamlin. Queria ir embora quanto antes, mas não conseguiu ignorar a situação precária que vivia o povo que restou na corte. Tamlin não havia ainda aparecido, possivelmente estava embrenhado no meio das florestas.

Lucien arregaçou as mangas e começou a levantar antes do sol nascer para ajudar nas construções de casas e barreiras nas fronteiras da Corte Primaveril. Existiam crianças que precisavam de esperança e de um lar.

Ele conseguiu convencer algumas sentinelas que haviam ido embora, a retornar com a promessa que a casa deles seria restaurada, assim como seus cargos na corte.

Lucien estava decidido a ir embora, mas todos os dias não conseguia ir. Parecia que a Corte Primaveril gritava por ajuda. Era a primeira corte de Prythian e muito acessível para invasão. O grão-feérico recordou dos porcos dos soldados de Hybern fazendo acampamento naquelas terras verdejantes.

Tamlin foi tão idiota e, eu também, pensou Lucien.

— Ei! Lucien! Venha ver isso — Lucien estava cortando uma ripa de madeira quando Desx o chamou. O macho ruivo desviou os olhos da madeira para ver a sentinela se aproximando.

Desx era um dos poucos sentinelas que aceitou a voltar, só porque confiavam em Lucien para reconstruir o lugar que um dia fora lugar das suas famílias.

Lucien soltou a ferramenta e tomou um gole de água. Ele saiu de trás da mesa que estava com outros machos e começou a acompanhar a sentinela.

— Eu notei haver algo de errado com as terras quando voltei. Você pediu para explorar, nem precisei ir muito longe.

Eles caminharam por uns 10 minutos antes de chegar na parte oeste das propriedades de Tamlin. Lucien levou um susto quando viu o solo parecer torrado, estava se espalhando como se fogo tivesse sido tocado no solo.

Que o Caldeirão me salve! Que porra aconteceu aqui? — perguntou, indignado.

Ele estava sem camisa apenas de calças escuras de montaria e um par de botas marrom. Lucien colocou as mãos na cintura olhando toda a extensão destruída como se tivesse morrendo a cada dia. Seu olho de metal estalou enquanto tentava buscar o que causou aquela destruição.

— Saberia me dizer se isso já havia acontecido antes? — indagou Lucien se abaixando no chão e tocando no solo que antes era deslumbrante.

A grama parecia cinzas, ele até desconfiou que seu pai e os capangas dos seus irmãos tivessem queimado o solo, só que, aparentemente, a própria terra parecia apodrecida.

— Nunca vi isso, meu pai que cuidou por séculos da família do Grão-Senhor não comentou nada sobre isso — Desx começou a coçar a lateral do pescoço imaginando o que poderia ser. — No ano passado não houve uma Cerimônia de Calanmai, Lucien. Desconfio que à terra esteja morrendo.

Lucien se levantou ainda segurando o pó que sobrou de toda aquela terra. Aquilo parecia uma crueldade do Caldeirão.

— Eu encontrei carcaças de animais também. Como se o solo todo estivesse contaminado, até mesmo as partes não afetadas — observou Desx olhando para o ex-emissário.

Respirando fundo, Lucien limpou as mãos sujas nas laterais da calças. Aquilo era muito ruim... ruim era eufemismo.

Como Tamlin não havia visto isso? Como ele poderia ter deixado sua terra simplesmente morrer?

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora