Capítulo 60

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     Jesminda não apareceu mais desde que Lucien desceu a colina encontrando a raposinha que corria em frente a ele.

Aquilo poderia ser um sinal e não perderia a oportunidade. O lugar parecia mudar conforme ele andava pelos campos.

Parou por alguns minutos perto de um lago. Agachou-se para se refrescar e caiu para trás com o susto que levou. Algo o espreitava no fundo daquela água. Uma criatura, com olhos dourados e pelo negro como azeviche, o fitava.

Mesmo sendo uma atitude imprudente quis se aproximar para ver a criatura novamente. Ergueu-se e inclinou o corpo para frente estreitando os olhos, a criatura também repetiu o gesto.

Arregalando os olhos, acenou uma mão e a criatura acenou uma pata monstruosa com garras de fora. Os dentes eram afiados, finos e o sorriso daquilo era doentio, diferente do seu que não tinha nenhuma expressão.

— Que diabos? — murmurou para o vento.

Lucien sentiu uma familiaridade como se aquilo fosse algo que estivesse sempre lhe observando nas profundezas do seu ser. Sentiu tantas vezes a besta dentro de si, querendo sair. Aquilo acontecia desde que o laço de parceria fora recusado muito meses atrás.

Será que tinha alguma ligação ou era uma alucinação naquela floresta desconhecida?

— LUCIEN — alguém gritou.

Olhou para trás e não encontrou a pessoa daquela voz que ele tanto amava. Seus olhos viajaram ao som do eco que se espalhava pela floresta.

— ELAIN — gritou de volta.

Saiu correndo de perto do lago quando ela gritou de novo. Entrou em uma clareira e viu uma figura no horizonte.

Era sua fêmea. O que ela estava fazendo ali?

O coração de Lucien acelerou ao ponto de sentir as vibrações em sua garganta. Era Elain em uma das suas túnicas e com as pernas de fora.

— ELAIN — gritou, chamando atenção dela.

Elain arregalou os olhos, congelando por dois segundos antes de correr na direção do macho. Quando estavam próximos, ela se jogou em seus braços.

Lucien a pegou no colo sentindo as pequenas pernas grossas apertarem sua cintura. Os braços dela se enrolaram envolta do seu pescoço e o cheiro de jasmim e mel invadiu seu corpo, fazendo-o estremecer.

Ele a abraçou com força, sentindo aquele corpo quente e onde já esteve tantas vezes dentro. Elain começou a chorar apertando seu pescoço com se a vida dela dependesse disso.

— Estou aqui, meu amor — murmurou Lucien ao fechar os olhos e enterrar o rosto entre o pescoço e o cabelo da fêmea.

Sua Elain estava ali e nada importava, enquanto a embalava em seus braços. Ela se agarrava nele como se quisesse se fundir a ele.

— Por favor, volta para mim — ela implorou. Afastando o rosto do pescoço do macho. — Você precisa encontrar o caminho, Lucien.

Os lábios de Elain capturaram os de Lucien no momento que foi perguntar como ele conseguiria voltar para ela. O beijo foi áspero e faminto por tanto tempo sem um tocar no outro.

Lucien se perdeu no gosto e na língua de Elain e no corpo contra o seu. Ele fazia parte dela, assim como ela fazia parte da sua essência.

Ele deveria perguntar como ela chegou até ali e se ela estava perdida. Mas era Elain. Sua Elain.

Os dedos da fêmea foram parar no cabelo curto de Lucien e ela resmungou pela falta dos cabelos longos. Ele aprofundou o beijo com as mãos deslizando pelo corpo macio que se encaixava perfeitamente ao seu.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora