Capítulo 19

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     Ela olha para mim com um brilho nos olhos de corça.

Encosto ela contra a parede do estábulo e mergulho a língua em sua boca quente e receptiva. Elain geme segurando com os dedos delicados o colarinho da minha túnica verde.

Sua língua desliza com a minha em um ritmo alucinante. Com uma mão ergo ela do chão para ficar na minha altura, suas pernas se entrelaçam na minha cintura querendo mais calor.

Não quero abrir os olhos e perder esse momento entre nós. Sinto suas mãos macias no meu cabelo deslizar para a minha nuca como se precisasse de apoio. Elain arfa com a investida que dou contra os seus quadris.

Perdido no cheiro doce que ela exalava desde o passeio daquele dia, deslizo os dedos pela sua coxa macia erguendo a barra do vestido até o joelho. Os dedos entram naquele lugar que ela tanto quer que ele esteja e permaneça.

Minha. Vou reivindicar como minha contra essa parede.

Lucien sente as pernas pesarem em sua cintura e o corpo a sua volta começar aumentar, a cada segundo. Seus olhos se abrem e quem está o encarando de volta são olhos azuis-escuros raivosos.

Ele se afasta soltando o corpo no chão de forma assustada ao dar um passo para trás. Lucien procura em volta por Elain não a encontrando em lugar algum. Seus olhos se voltam para ela.

— Jes? — pergunta, incrédulo.

Ela sorri de forma forçada. Seu longo cabelo ondulado cor de ônix está solto e a boca vermelha dos beijos, vira uma linha dura. Passo a mão nos meus lábios como reflexo quando ela olha na minha direção. Sinto-me culpado.

— Agora que tem uma parceira se esqueceu de mim — Jesminda avança na minha direção com os olhos cheios de raiva. — Estou morta por sua causa!

É como se tivesse levado uma facada no peito. Ela se aproxima com suas belas feições se tornando severas e anormais.

— Desculpa, Jes — abaixo a cabeça e olho para o chão. — Eu sinto muito por tudo. Me perdoa.

Ela solta uma risada. Seu cheiro típico de baunilha ao se aproximar some trazendo um aroma azedo e de morte.

— Olha para mim! Veja o que você fez — levanto a cabeça olhando para ela.

Sinto meu corpo congelar ao ver as queimaduras de fogo pelo seu corpo e o cheiro de queimado surgir. Os cavalos no estábulo começam a relinchar e se agitar, assustados.

— Me perdoa — murmuro pela milésima vez desde que a perdi. — Eu não queria que isso tivesse acontecido.

Fecho as mãos em punho sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Engulo em seco fitando a mulher que era linda e selvagem começar, agora, apodrecer. O vestido rosa que ela usava no dia que foi assassinada está sendo consumido pelas chamas.

— Estou morta e você com uma parceira — ela ri de forma irritante. — Triste saber que ela não gosta... Quem iria gostar de alguém como você?

Como alguém iria me amar?, penso sentindo minhas pernas tremerem quando as palavras me atingem.

— Eu... — dou um passo para ajudá-la, mas ela se afasta com cara de nojo. Caio de joelhos. — Não tive escolha. Não somos mais parceiros.

Olho para cima apoiando as mãos nos joelhos. Por favor, me perdoa.

Não são, é? Então, porque a deseja? — pergunta Jesminda com o rosto se deformando.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora