Capítulo 63

661 66 30
                                    

    — Pollon? — Lucien sussurrou, franzindo o cenho.

O pai das Archeron se ergueu, sorrindo. Ele se aproximou dele e esticou a mão.

— Como você está, Lucien? — o velho homem perguntou.

Ele demorou uns segundos antes de apertar a mão estendida em sua direção.

— Perdido — admitiu, ainda incrédulo.

Pollon, o velho Archeron, sorriu e assentiu quando Lucien apertou a mão dele.

— Venha comigo — o homem pediu fazendo sinal para acompanhá-lo.

Lucien seguiu o velho. Ele continuava a mesma pessoa que conheceu há quase dois anos.

Pollon Archeron era um homem alto e magro. Ele tinha o cabelo castanho-claro mesclado com centenas de fios brancos. O rosto era fatigado pela idade e pelos anos difíceis do passado.

— Esse filhote de raposa é o Sun. Aquele que os caçadores mataram e partiram o coração da minha florzinha — o homem explicou, enquanto eles andavam.

Lucien olhou para o filhote que saltitava na frente deles, então aqueles cavalos eram Malak e Sun. E eles estavam mortos.

Aquilo apunhalou seu coração de uma forma que o fez perder o fôlego. Quem mais havia morrido?

— Muitos morreram naquele ataque — o velho disse, respondendo sua pergunta silenciosa — Pessoas boas que já partiram para a paz dos deuses.

— Então, porque encontrei Tamlin, Jesminda e o senhor? — perguntou, quando eles se aproximaram de uma cabana.

— Porque essas pessoas precisavam se despedir de você para partir — Pollon explicou, olhando por cima do ombro.

Lucien o acompanhou para dentro da cabana de madeira simples. O lugar parecia mais uma oficina cheia de vários tipos de madeiras para esculpir.

Se lembrou que o velho homem fazia isso para vender. Ele ainda mancava, enquanto ia até uma mesa.

— E o senhor precisa se despedir de mim? — arqueou uma sobrancelha em descrença.

Acompanhou Pollon e seus trabalhos prontos sobre a mesa.

— Não é você que tenho que falar, mas através de você é o caminho que preciso — ele deu de ombros começando a trabalhar.

Lucien encostou o quadril na mesa e observou o homem trabalhar. Ele tinha o mesmo sorriso que as filhas. No entanto, só Elain puxou os olhos do pai.

— Como volto para meu corpo? — perguntou, vendo ele esculpir um sol em madeira.

— É a pergunta que muda tudo, não é? — ele me olhou de soslaio. — Siga seu coração.

Lucien refletiu sobre aquilo. Seu coração que fora quebrado era a resposta e o caminho?

— Não vou mais ver Tamlin... Jes...

Pollon balançou a cabeça e me encarou.

— Não verá mais eles e nem nada que encontrou aquilo — ele disse. — Todos partiram, exceto a mim e o filhote Sun.

— Vou me lembrar de vocês? Desse encontro?

— Não —foi a resposta, sem floreios. — Será mais uma sensação de libertação e paz interior.

Lucien assentiu, pensativo.

— Qual foi o acordo que o senhor fez com o Koschei?

Se lembrava que eles negociaram, mas não estava presente nesse momento.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora