Cena extra (Filha de Elucien)

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QUASE 100 ANOS DEPOIS


    Minha mãe, Elain Archeron, me contou uma vez que ela acabou engravidando de mim durante uma de suas viagens pelo continente ao lado do meu pai.

Assim como todos meus irmãos, exceto meu quarto irmão, todos nós nascemos na primavera, mas hoje não era meu aniversário. E sim, minha apresentação oficial como herdeira da Corte Diurna e a próxima Grã-Senhora daquelas terras.

Não, meu avô não estava morto. Helion ainda era vivo em toda a sua glória e beleza que mesmo com os séculos pesando em sua conta, ainda estava mais jovial do que nunca.

Morgane, minha tia-avó, teve uma visão sobre o futuro assim que eu nasci. O que se confirmou ano passado em um dos festivais. A magia me escolheu para cumprir o rito da morte do velho sol até o renascimento do novo.

Minha mãe falou que o destino tinha seus próprios planos. Que era destino a neta do "sol personificado" ser a nova Grã-Senhora.

Desde aquele dia, passei a morar definitivamente na Corte Diurna com meus avôs. Não era nenhuma surpresa para meus pais, já que eu adorava estar naquela corte ao lado daquelas pessoas.

Minha infância foi passando as férias brincando nos espelhos d'água e no rio que cercava a cidade de Solares e o Palácio do Sol.

Aurora Archeron estava, agora, de frente para o grande espelho que ficava em seu quarto no início daquela manhã. Ela já era uma fêmea adulta há mais de seis décadas.

Seu nome era em homenagem ao nascer do sol. Realmente, tudo estava interligado, até mesmo a escolha do seu nome.

Ela era a primogênita de Lucien e Elain Archeron. Seus cabelos eram vermelhos como os cabelos do pai, mas eram cacheados como os cabelos da sua mãe.

Aurora era uma fêmea alta com 1,70. Sua pele era marrom-dourada, mas mais clara do que a pele do seu pai, Lucien. Os olhos eram castanhos puxados para um tom âmbar como os olhos de seu avô paterno.

Uma batida na porta chamou sua atenção. Gritou em resposta permitindo a entrada da pessoa ao seu quarto.

Elain enfiou a cabeça para dentro do quarto, passando os olhos por todo o espaço. Seus olhos castanhos como de uma corça se estreitaram na direção da filha.

— Onde está o patife do Adano? — ela entrou no quarto fechando a porta atrás dela.

Elain Archeron, em um vestido de cetim azul, estava muito grávida ao parar em sua pequena altura com as mãos nos quadris. Aurora e seus outros irmãos mais velhos estavam fartos de ver a mãe grávida.

Os feéricos tinham muita dificuldade para ter filhos, mas quando assunto era Elain e Lucien Archeron... As coisas eram diferentes.

Os filhos, sendo quatro deles adultos (contando com ela), sabiam muito bem o que levava uma fêmea a engravidar.

Só a ideia de pensar em seus pais transando foi o suficiente para fazer seu estômago vazio revira de nojo.

— Não sei do que está falando — desviou o olhar para o vestido dourado que usaria essa tarde.

Elain se aproximou dela parando perto da cama. Nada escapava dos olhos atentos daquela fêmea.

— Ora, você sabe muito bem — ela falou. — Se o seu avô descobrir que está dormindo com o general do exército dele... Que a Mãe nos ajude!

Aurora virou na direção da mãe. O rosto dela era jovem e lindo. Sua pele era como de porcelana.

— Mãe — sussurrou, entredentes. — Como você sabe?

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora