Capítulo 16

1.1K 129 44
                                    

   Completava quatro dias que Lucien havia ido visitar Jurian e Vassa. Quatro dias que Elain se perguntava se ele estaria bem.

Por mais que estivesse interessada em saber se ele estava bem, de fato, havia ficado contente pelo fato dele ter confiado que ela ficaria bem sozinha. Isso nunca acontecera antes, sempre tinha alguém para vigiá-la. Ela sabia que as gêmeas estavam lá para protegê-la, mas elas eram também suas amigas.

Durante as manhãs Elain cuidava dos jardins. As tardes passeava com as gêmeas pelas áreas das terras primaveris e no fim da tarde ia conversar com Many; fêmea era muito controladora e mandona. Elain gostava dela, pois a lembrava da Lady Starling que era uma idosa humana muito divertida.

— Eu gosto das gêmeas, elas pelo menos são silenciosas — resmungou Many batendo bolo em uma tigela. — Diferente de garotas mimadas que atrapalham o trabalho dos outros.

Elain abriu um sorriso divertido, sabia que a fêmea estava falando mal dela. Os últimos dias foram só nariz empinado e reclamações da feérica. Elain estava escrevendo uma carta para a Corte Noturna.

— Posso trazer mais alguma coisa para a dama? — perguntou Merlyn ao entrar na cozinha trazendo uma cesta de maçãs.

Many aprumou a coluna e corou com o olhar de admiração do macho. Elain sorriu sem mostrar os dentes, última coisa que queria era ser expulsa pela fêmea.

— Não — resmungou Many, desviando o olhar. — Você está velho demais para carregar essas cestas pesadas, não acha?

Merlyn abriu um sorriso tímido e olhou para Elain, ela por sua vez, voltou a escrever uma carta para as irmãs. Desde a visita de Nestha, ela começou a mandar notícias sobre sua estádia na Corte Primaveril. Elain estava morrendo de saudades de Nyx e em breve iria visitá-lo.

— Estou a sua disposição, Many — ele saiu da cozinha, logo depois.

Elain ergueu o olhar para a fêmea.

— Que macho tolo! Trazendo todo dia cestas de qualquer coisa que encontra pelo caminho — a velha feérica se queixou voltando a bater a massa do bolo.

Elain terminou de escrever e não conseguiu controlar a língua.

— Ele gosta de você, Many.

A fêmea parou de mexer e olhou para Elain com irritação.

— Ele bate no meu ombro, além de ser muito tolo em acha... — ela pareceu lembrar com quem estava conversando. Apontou a colher de pau na direção de Elain. — Não seja metida, menina. Deve ser algo de família mesmo.

Elain estreitou os olhos quando ela insinuou algo sobre sua irmã. Se levantou e enrijeceu os ombros.

— Por que você não gosta de mim? — perguntou, começando a ficar irritada.

— Eu não gosto de vocês Archeron. Garotas estúpidas que acham que o mundo gira em torno das cabeças bonitas de vocês — a feérica irritada soltou a tigela na mesa e limpou as mãos com farinha no avental.

— Impossível alguém não gostar da Feyre — retrucou Elain segurando a carta com força.

— Eu não gosto, nunca gostei. Pouco me importa sua história triste... Ela não teve o direito de ter destruído a minha corte.

— Quem destruiu algo aqui foi o Tamlin, estou errada? — indagou.

O rosto redondo da feérica ficou ainda mais vermelho.

— Acha que os feéricos escolhem quem será seu Grão-Senhor? Ainda mais os feéricos inferiores? — questionou, encarando Elain. — Eu existo muito antes de o pai de Tamlin ter nascido, menina. Posso lhe afirmar que não escolhemos ele ou seu filho, mas... precisamos sobreviver.

Corte de Sonhos e Luz | elucien (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora