Investigate

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"Desceu, o fogo desceu, fogo sobe, mas desceu" era o que a princesa repetia durante um delírio febril. Mais uma razão para irritação, com certeza.

Não apenas "convenientemente" o fogo pegou os corredores de saída, obrigando-a a fazer uma com mana, mas fez algo que fogo natural não faria. Teria que ser o imbecil do século para não ficar óbvio que foi um atentado. Alguém tentou assassinar sua menina. Alguém tentou assassinar a princesa.

Se pudesse largar um pouco de fazer burocracia de dentro daquele quarto, se juntaria pessoalmente à investigação, mas suas porcarias de pernas e pulmões fariam com que a casualidade fosse ele só de andar até lá.

-- Resultados? -- perguntou quando o responsável retornou.

-- O lugar parecia limpo, meu rei. -- o servo, um sem-mana que seu irmão havia escolhido a dedo e já montava confiança o bastante para formalidades ficarem não obrigatórias, respondeu -- A movimentação não parecia fora de costume. Apenas duas pessoas confirmaram presença de uma pessoa suspeita, mas não algo específico sobre a aparência.

-- Em outras palavras, alguém cauteloso. Simplesmente ser piromante ajuda a reduzir possibilidades, mas o pesadelo de buscar alguém capaz de destruir evidências com um estalo de dedos...

-- Meu rei, se me permite, eu gostaria de elaborar o "parecia". Talvez tenha sido pela pressa em deixar o lugar, mas em um dos arbustos ficou preso um pedaço de vestimenta.

A irritação se tornou interesse imediatamente. Um pedaço parecia pouco, mas era muito: material podia revelar a posição social de uma pessoa, alguns eram obtidos somente ou mais comumente em lugares específicos, cães podiam reconhecer odores deixados por meses, especialmente se não houvessem chuvas, e, sendo um mago ou ladrão, poderia ser possível encontrar um rastro de poder se usou enquanto vestia o adereço do qual o pedaço fazia parte.

-- Mostre-me. -- exigiu o rei enfermo, e o homem saiu por alguns minutos, voltando com uma pequena caixa na qual o pedaço de tecido estava.

De fato, o tecido era de qualidade e tinha rastros de pedra mana, claramente pertencente a alguém ao menos em um momento teve uma vida confortável, mas não era isso que mais atraiu a atenção.

O centro da atenção era o desenho no tecido, tão discreto que se a maldição tivesse lhe chegado a um dos olhos não teria notado, mas presente: um casco de cavalo com chamas onde seriam os pelos da pata.

-- Sauman. -- murmurou, e, por um momento, quase quis rir; um deserto cheio de filho da puta se matando, decidiu variar e tentar matar alguém de fora.
Não durou muito, no entanto. A parte de si que precisava pensar objetivamente circulou em torno como a perda da princesa, sem infantes e com tantos aparentados de diferentes graus e idades, causaria uma crise sucessória.

Outra fervia com fúria com o pensamento de que haviam tentado assassinar Perse.

Mas que motivação? Ora, uma crise sucessória enfraquece qualquer nação, e uma nação enfraquecida é mais fácil de tomar. Mas porquê um deserto iria querer anexar uma terra azeda?

Malvacain. As fronteiras são estratégias, e há uma dependência mútua para evitar epidemias. Tomadas sempre foram mais eficientes do que alianças.

História se repete, hm?

Houve um atentado contra a vida da princesa - pense como "a princesa", é o melhor para não surtar - e por chance conseguiram uma evidência.

De uma terra desolada a outra, a ira era justificada.

-- Continue os procedimentos, para não haver dúvidas em mente. Uma vez apagadas, isso se torna uma questão muito maior.
Perse estava delirando numa junção de febre e os remédios para os ossos que quebrou ao bater na parede, quase esteve muito pior. A maldição nunca afetou seu cérebro, conseguiria dar conta. Precisava dar conta. Possivelmente engatilhar uma crise sucessória, mesmo que as ramificações fossem muito menores - mesmo se, por algum nível de estupidez inumanamente alta, "só" quisessem destruir a propriedade e fazer mal à princesa sequer fosse realmente o objetivo - não é o tipo de coisa que se pode tratar com leveza, não se não quiser ariscar alguém que tenha a malícia mas ainda está juntando coragem o ver como fraco ou mole, com saúde ou doença.

Se houver sequer um dedo de Harbi... já é uma terra desolada que por acaso aprenderam a conviver, esperava que importassem com as províncias. 

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora