Autumn breeze

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Mesmo não sendo seu lugar para o fazer, Axel deu bronca em dois que estavam negligenciando ventilação. Uma junção de raiva justificada e querer extravasar os nervos aflorados. Mais fácil de explicar, também.

Alguma coisa não estava certa. Nada havia acontecido, e não havia encontrado defeitos na estrutura em nenhum momento, mas algo não estava certo. Se fosse para tentar explicar, diria que era como se o chão estivesse com raiva, mas até parece que algum dos superiores iria aceitar aquilo como explicação. Se não havia uma razão palpável para se preocupar, então devia manter a calma.

Fácil de falar, o jeito que fez o relatório da vez quando devolveu as luvas não tinha alma alguma por só assim poder fingir que nada estava acontecendo. Porque tecnicamente não estava.

Axel sacudiu a cabeça e esfregou os olhos para se pôr de volta no plano material, mas nunca ter sentido algo como aquilo antes deixou um gosto ruim na boca que não saía mais. Mas, aquilo não mudava que tinha lugares para ir.

O caminho que já havia feito tantas vezes que poderia por memória muscular àquela altura foi feito mais uma vez, parando no meio de um beco. Algumas medidas ainda precisavam ser tomadas. Mais algumas curvas, e estava em uma das praças do lugar, um lugar aberto e com movimentação natural de ar, o que causava calafrios depois de passar tanto tempo debaixo da terra. Inverno estava batendo na porta e não ia arrombar se não fosse aberta.

E também um bom ponto de encontro para pessoas familiares, em qualquer sentido.

Um sorriso se formando no rosto, Axel acenou para a moçoila que possuía cabelos do mesmo tom de avelã que o seu próprio e uma bolsa gasta pendurada no ombro.

-- Boa tarde, Axel. Longo dia?

-- Não vai parecer tão longo quando eu for pago amanhã.

-- Então a resposta é "sim".

-- Você me conhece!

-- Você comeu?

-- Não importa.

A moça fechou a cara assim que ouviu. Falta de resposta já é uma resposta, de fato.

-- Axel, isso está ficando pior.

-- Se eu ficar forçando eu acabo vomitando, já contei.

-- Sim, mas está pior. O que tem na cabeça?

O chão está com raiva, e está ficando pior, eu tenho quase certeza que vai nos pegar daqui a pouco.

-- Maluquice da minha cabeça. Eu só tenho que me acalmar, mas isso leva tempo.

Tirar uma maçã da bolsa foi mais resposta do que o olhar de decepção. Aura a pressionou contra o corpo do rapaz de um jeito que deixou claro que não aceitava recusa.

-- Tente não desmaiar e bater o coco numa rocha até lá, doido.

-- Aura...

-- Sem reclamar. Depois eu que fico louca de preocupação quando você some.

O tom da moçoila fez Axel tensionar. Nessa vida, culpa pode ser uma boa arma.
Mais tarde naquele dia, iria comentar sobre a preocupação, e a irmã o convenceria que devia significar risco de deslizamento e para não pensar muito sobre. No momento, o que podia fazer era aceitar o "presente" e tentar não o vomitar.

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora