Conered rattlesnake

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Casamento de realeza sempre é um evento chamativo, especialmente quando envolve dois vizinhos, então nenhuma surpresa quando quem está espremido entre as nações em questão é considerado "estimado". Definitivamente nenhuma conexão com algumas rotas ferroviárias praticamente rasparem com a fronteira, jamais. O rapaz estalou a língua com o pensamento. Fazer ferrovias era caro, demorado, e trazia dor de cabeça, sem falar na quantidade de água usada, ou de qualquer outro combustível que teriam que usar se dessem ainda mais de tudo isso para ter a energia para fazer funcionar, com o quão frescurenta produção de eletricidade é, no que esse pessoal pensava? Algumas pessoas achavam que produtoras serem poucas e distantes quando estavam espremidos entre as duas "capitais" era irônico, Douglas achava que era prático. Geografia já bastava, não precisavam se dar voluntariamente outra vulnerabilidade.

Bom, as duas o queriam lá, teria que ir para evitar que a explorassem.

-- Em Calayco? -- seu acompanhante falou quando mostrou o convite -- Se o que falam sobre a rainha Myrcella for verdade, esse casamento vai parecer um funeral.

-- Será que vai fazer a noiva usar preto? Não que seja fora da zona de conforto, mas ainda. -- o outro acompanhante se juntou.

-- Contando que não cresça presas e comece a morder convidados, eu não me importo com o fizerem com a aparência de nenhuma delas.

Douglas forçou um sorriso largo para mostrar que não era totalmente sério, mas pareceu passar despercebido. Droga.

Seus acompanhantes eram uma má influência, embora seus pais não o soubessem quando foram escolhidos aos dez anos de idade. E embora tivesse que pôr muito esforço para mostrar... e a própria sensação de precisar mostrar era uma prova disso. Najel, um loiro, e com olhos de cobra cinzas e uma quantidade respeitável de músculos; Frey, um baixo ruivo e com todas as sardas que isso lhe dava direito - com Douglas, moreno de cabelo e pele e magricelo apesar de bem cuidado (acontece, que fazer?), fechavam o trio.

-- Tudo bem, foi ruim. Bom, casamento ou funeral, me chamaram.

-- Talvez achou que seria forçar demais pedir seu irmão.-- Najel comentou.

-- Como não seria pedir demais chamar meu irmão? É uma formalidade, não um sinal de amizade.

-- Olhando o lado positivo -- Frey disse -- ela não os colocou numa posição ruim para atender.

-- Talvez seja consideração, talvez ela própria quer evitar o drama.

Douglas se sentou na escrivaninha, e começou a escrever uma resposta (se totalmente honesto, estava sendo tão formal que talvez passasse por sarcasmo, observação que foi grato ao seus rapazes por fazerem antes de pegar um envelope).

-- Você acha que vão te atanazar com as ferrovias de novo?

-- Freyzito, se sim, eu vou usar a carta "depende de outra pessoa" mais rápido do que qualquer ser humano em Esterpe.

Najel olhou para os dois com aparência pensativa, e, por um momento, Douglas se permite acreditar que ele tinha algo perspicaz em mente...

-- Até uma vampira já está se casando e seu irmão não.

-- Não é culpa dele que a moça não honrou a parte dela. Ou a Igreja ter aprovado.

-- Ainda. Vinte e um e ainda nem um beijo deu, Douglas! Como você vai arrumar uma namorada se o Senhor "Sou-O-Primogênito-Herdeiro-Fodão" ainda está solteiro? A essa altura é quase sabotagem.

Douglas revirou os olhos, examinou o papel por erros de escrita e pôs em um envelope.

-- Isso sequer é sobre romance, você sabe disso. E mesmo se fosse, nenhum de nós tem espaço para isso.

-- Sim, sim, pedigree social, blá blá blá, ainda, vocês não têm direito de ter um ou dois gostos pessoais?

-- Gosto pessoal eu posso preencher num bordel.

Najel estreitou os olhos, parecendo mais ofendido com o comentário do que quando a inteligência era ofendida diretamente.

Frey tomou a responsabilidade de desviar o assunto para o de interesse:

-- Mesmo sendo um casamento, há possibilidade de te usarem como peão sobre compartilhamento de fronteiras, e a sua falta de comando pode ser tomada como ofensa. Olhe bem o seu arredor, Douglas.

-- Pff, como se você precisasse avisar pra mim.

-- Mesmo que acham que é uma desculpa e tentem forçar a sua mão enquanto lá, você não vai estar totalmente impotente. -- prosseguiu o ruivo -- Vai estar encurralado, mas vai ser como uma cascavel encurralada, cai mas não cai sozinha.

-- Nem brinque com isso raparigo. -- respondeu o infante, mesmo que a alma quisesse concordar.

-- Não estou brincando, é a verdade. Não é errado picar quando se sente ameaçado. -- o tom era sério, e mesmo quando Frey sorriu de um jeito brincalhão, o resquício ainda estava lá, claro como o ar -- E uma vampira é um bom motivo para se sentir ameaçado.

Douglas se sentiu tentado a reconhecer a primeira parte, a fingir que a enrolação não aconteceu, ou até o fazer parar com esse tipo de piada.

Mas, que vergonha, o lado covarde venceu, e em vez de qualquer uma dessas coisas Douglas apenas balançou a cabeça em decepção:

-- Você realmente é uma má influência.

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora