Dampen it!

1 0 0
                                    

Haviam muitas coisas que se juntavam bem a floresta densa. Fogo não era uma delas.

Uma boa coisa era que tinham o senso comum de fazer construções com minerais, e não madeira, mesmo que alguns externos achassem contraintuitivo. Tornava mais fácil restaurar quando um incêndio ocorria, e os caminhos feitos similarmente permitiam escape quando ocorriam. O que não era economizado em materiais imediatamente era compensado em restaurações e na saúde dos civis.

É claro, esses planejamentos eram feitos pensando em fogos naturais, que às vezes ocorriam como parte do bom e velho ciclo da vida. Não incêndios criados estrategicamente para gerar o máximo de dano possível. Abrigos de emergência não eram feitos para para acomodar um número tão grande de pessoas, e haverem invasores nas áreas atacadas significava que qualquer plano de restauração não poderia ser iniciado nem qualquer previsão feita. Então se combinava à ameaça de piromantes avançarem mais e chegarem aos abrigos...

Os sons mais ouvidos eram reclamações, por falta de segurança, pelas chuvas de cinzas, por poderosos mandarem o melhor para fora e deixarem o povo tendo que se virar, de os que vieram décadas antes terem se importado mais do que os que estavam lá no tempo de crise, que para eles deviam dar chilique só com o pensamento de talvez parte dos seus recursos quase ilimitados irem para a segurança das províncias que, um pedaço de papel dizia, estava sob proteção deles.

A administração dos abrigos concordava, era composta quase totalmente de civis, e não saberiam o que fazer se aqueles loucos decidissem os atacar diretamente. Mas "estão tentando os deter". Sim, claro, o povo estava socado em espaços minúsculos separados das cidades porque os atacantes estavam parando na fronteira.

 É claro, aquilo ser sustentável sem números fixos não seria uma questão tão grande se a situação dos campos de treino não tivesse alcançado o nível de começarem a aceitar magos que ainda não debutaram. Umas três crianças recebendo pressão para talvez virarem quem vai impedir que aquele superfluxo dê problemas ainda maiores. A mais velha, uma menina de doze, sentia que aquilo era um giro de expectativa que ninguém deveria passar.

-- Se quisessem mesmo, já tinham pedido ajuda pro pessoal de água. -- um dos organizadores comentou com a menina enquanto tirava folhas de um ramos que havia feito -- Nada melhor contra fogo do que água. Exceto terra, mas o pessoal de terra é muito fresco. Mas não, a gente que se vire. Gente como você que são bênção, Flô. Faz em dois dias mais do que eles fazem em meses.

Claro, rumores não se limitavam a um lugar só. Chegavam longe, junto às cinzas no vento. Era difícil notar as pessoas sendo presas de dentro dos abrigos, é claro, e... bom, os competentes podiam ficar incomodados com as frases cruéis que corriam, mas sabiam que os que estão no sufoco não pensa no que tem do lado de fora, eles choram, esperam a dor de cabeça passar e depois voltam... e até quem estava cuidando do problema se irritava com os incompetentes que tornavam tudo desnecessariamente mais difícil.

A hesitação por parte das pessoas "no alto" também era uma meia verdade. Havia "pouca" gente, afinal, era necessário muito cuidado para cuidar de fronteira sob ameaça de terrorismo, e Malvacain não é exatamente perto das áreas vulneráveis, mesmo comunicação com pássaros era lenta. Umedecer soava como um bom meio, mas não haver meios para o usar era difícil. Um dos incêndios recentes havia quase chegado aos estados de famílias de marqueses.

Umedeça as trilhas, filhos da puta!

Sentimento comum, mas sem previsão de funcionar.

---

Um homem pode temer muitas coisas, ser literalmente comido não deveria ser uma delas, mas se torna quando diversas vezes na mesma semana há reclamações de não saberem quando restauração seria possível.

Cartas voavam pelo continente, e a informação que ataques estavam acontecendo em outros lugares e gerando demanda não ajudava. Então haviam enfim decidido que queriam expandir a sua terra ruim... mesmo que uma das direções fosse para outra? Não tem o que fazer sobre geografia, mas ainda.

-- Sempre tivemos uma relação de benefício mútuo com Trinorth. Mostrar algum tipo de apoio seria uma escolha inteligente, se não envolvesse arrancar crianças de casa.

-- Você acha que vamos conseguir um bom impulso depois que Mary casar?

-- Eu acho que talvez os crios vão querer nossos cus ainda depois de uma requisição, mas não temos muita escolha, não é mesmo? Só esperar que respeitem o príncipe deles o bastante para não expulsarem o pessoal queimando tudo só para depois eles mesmos congelarem.

Cameron assentiu, sem ter uma boa resposta. Joshua parecia irritado com a situação toda, o que não era novidade, irritação era o estado padrão daquele infante.

Desgostar da situação também era a única coisa "aparente" semelhante com qualquer um naquele castelo. Havia herdado a aparência da mãe. 

-- Não vão parecer muito melhor se reduzindo tanto assim.

-- Você acha que ninguém acha que jogar sujo é "pragmático" e "estratégico" se for contra alguém que "merece"?

-- ... me dá desgosto isso fazer tanto sentido. 

Joshua deu de ombros, sem dúvida mais para si mesmo, porque começou a ensaiar um bom jeito de fazer o pedido, como ele dizia "falar 'o colar tá no pescoço, nos dê gente' sem dizer exatamente isso".

Gelo e fogo não misturam bem, por que não podiam não ir com a cara deles

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora