(Bônus: O começo)

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Antes de tudo, antes mesmo do tempo como é conhecido, havia o nada.

Em um momento, o nada se tornou consciente - e, com isso, percebeu que era solitário.

Assim, o "nada" buscou se tornar "algo", e do nada surgiu escuridão. Agora em dois, sentiram necessidade de terem como chamar um ao outro - escuridão chamou a si mesmo Nalvhir, e nada Junn. E, agora ciente que tinha o potencial para gerar "algo", Junn gerou uma terceira deidade - Harlor, que incorporava tudo que acompanhava o dom da consciência, sensações que vão além do físico mas nunca seriam inferiores.

Harlor, com seu dom, auxiliou Junn a gerar um outro ser com o dom da criação, e lhe entregou controle sobre o que pudesse gerar. Sob o cuidado do terceiro, a nova deidade era a encarnação dos bons sentimentos, não carregando em si qualquer malícia - e, por consequência, incapaz de a compreender. A última também se diferia fisicamente dos outros três, pois um dos sentimentos que Harbor representava, a curiosidade, o levou a buscar um oposto a eles, fazendo de Fai a primeira "ela".

Fai tomou interesse em uma das criações das deidades mais velhas, e, sem desejar deixar seu dom ser abandonado, tomou uma porção específica da criação, e gerou um novo tipo de ser, um que não era uma deidade, se gerados sob as imagens de si própria e seus antecessores capaz de crescer um sobre outros. Sua habilidade de criação não era tão boa quanto a de Junn, e o resultado de sua tentativa foi um plano imperfeito, mas que a deidade pura amava incondicionalmente, e lhe partiu o coração perceber que, após um longo tempo, haviam crescido demais e precisando ferir uns aos outros para buscar um mínimo de conforto. Junn, vendo a tristeza de Fai em saber que sua criação sofria, decidiu lhe fazer um bem gerando um outro plano, no qual a consciência, a parte da criação que era conectada às deidades, poderia existir em paz após abandonar o que Fai gerou, permitindo assim que toda a vida (a criação imperfeita) que lá crescia poderia em outro lugar nunca ser esquecida. Ainda com tristeza, mas aceitando que era para o melhor, Fai ajudou Junn a gerar uma deidade não tão poderosa quanto as originais, mas capaz de atravessar a barreira entre os dois mundos e levar as consciências para esse novo plano. Assim, surgiu Gatara, e sua função de transitar vida foi chamada pelas criações de morte.

Infelizmente, as criações sofriam com tal mudança, mesmo as que compreendiam sua necessidade. Fai, com o coração sangrando e inocente, permitiu que gotas de seu poder pingassem sobre alguns deles, um presente aceito com gratidão, mas nem sempre intenção pura.

No plano original, a curiosidade que Harbor portava o levou a buscar um "oposto" a Nalvhir, e o gerar com poder concedido para gerar Fai. Dessa busca, foi gerada luz, carregada em uma nova deidade que Harbor chamou Baeron.

A luz de Baeron contrastou com a escuridão de Nalvhir de tal modo que nem a existência de Fai ajudou a prever. O segundo ser, a qual Harbor inicialmente temeu que se aborreceria, ao pousar seu olhar no jovem, foi incapaz de desviar - mesmo com tudo que seus companheiro geravam ao longo dos anos, foi com aquela beleza que Nalvhir se encantou - e, do mesmo encanto, emergiu uma nova sensação: temor. Mesmo que houvessem tão poucos de si, mesmo que todos conectados ao nada, Nalvhir temeu ser incapaz de ver tal beleza novamente, e escolheu se aproximar com calmaria. A jovem deidade, se a princípio relutante, aceitou os afetos do mais velho.

Entre os dois, surgiu um novo tipo de amor, um que Harbor aceitou como um tributo pessoal. O temor da perda agora mútuo, o dois fizeram um voto para ficar juntos para sempre - e, se a luz já era bela como era, sob escuridão era a coisa mais bela que poderia haver.

No plano que Gatara era capaz de transitar, assim como o "nada" que gerou Junn, "nada" se tornou "algo", e uma deidade surgiu - capaz de testemunhar outros planos, mas não com eles se comunicar, se não pelo próprio Gatara. Com noção de si próprio e descobrindo possuir poder sobre o plano que lhe criou, passou a usá-lo para que naquele plano as consciências tivessem o tipo de "vida" que mereciam, independente de ser semelhante ou não à que tinham antes de Gatara os buscar.

Mesmo com a barreira que dividi os mundos, os dois ainda eram conectados, e no plano material se manifestaram luz e trevas como existia no espiritual. Nalvhir e Baeron, em sua união eterna, geraram juntos dois seres, que carregavam consigo interesse semelhante ao de Harbor, os diferenciando da pura até a cegueira Fai ou dos outros indiferentes à maioria das coisas. Lisian, que carregava consigo luz intensa, porém não tanto quanto o seu antecessor, carregando energia que ajudava vida a florescer, mas ainda capaz de ferir; sua irmã, Damion, também carregava luz, mas muito mais fraca, quase um mero reflexo, carregando consigo uma treva superficial que permitia a beleza que seus pais criavam se tornar visível sobre o plano material. Os dois irmãos, apesar de desejosos por suas próprias horas de destaque, se gostavam o bastante para não quererem carregar hostilidades, e concordaram que cada qual possuiria metade do dia.

E assim, entre si e seus planos, equilíbrio foi alcançado.

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora