Turmoil

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Mensagens continuavam correndo, incêndios criminosos e exigências vagas - terra, especialmente, e ameaças de incinerar áreas se não forem concedidas, como se fosse uma opção. 

E havia a falta de respostas, desculpas, adiamentos... e as respostas ao atentado à princesa que fediam a "pare de desconfiar de nós".

Que diabos? Jove era um um homem ou um corvo para só repetir o que ouve? Achavam que não pensava?

Talvez, talvez fosse exatamente isso. Talvez o tomassem por fraco e tolo. Talvez achassem que se o irritassem o bastante, o cansaço venceria.

Pois bem, a luta era sobre terra? Queriam ver quem conseguia mais espaço para lutar por sobrevivência? Que visse. Magia não é o único fator em uma disputa.

Tocou a campainha, e quando a empregada veio pediu por chá com remédios para a dor e material para escrever, e que chamasse Perse para si em uma hora e meia. Sua menina era mais forte do que lhe davam crédito, naquelas semanas já estava quase como nova, mas a biblioteca destruída significou um atraso imenso em seus estudos e perda de alguns dos seus trabalhos favoritos.

Quando a moça entregou o que pediu e Jove a agradeceu, tomou devagar o líquido que tirava o amargo residual do medicamento e esperou até as dores aliviarem, só então pegando os materiais, os agarrando com mais firmeza do que achava que suas mãos cobertas de veias poderiam.

Seria trabalhoso, mas uma vez em movimento seria difícil parar à força: se alguma ameaça se concretizasse, avançariam. E, por como as coisas estavam, isso provavelmente aconteceria. Duas terras desoladas convertidas a lares disputando por um pouco mais de terreno destruído. Boa graça, a ideia parecia ridícula, mas...

Perse entrou no quarto exatamente uma hora e meia depois de chamada. Conseguiu permitir um sorriso honesto, apesar da sensação de peso em um dos lados da boca. Gostava dela. Ela tinha problemas, mas gostava dela.

-- Melhorando, Persy?

-- Muito melhor. Ainda não posso pegar peso, mas muito melhor.

-- Boa coisa.

-- Alguma coisa aconteceu?

-- Eu só queria te ver.

Perse assentiu. Ia demorar para conseguirem reorganizar tudo, devia estar desnorteada.

-- Como está preenchendo seu tempo?

-- As meninas estão passando mais tempo comigo. Já está ficando cansativo, mas não deixa elas saberem.

-- Está seguro comigo, Persy.

-- Eu nem sabia que tinha como cansar de algo que era para ser passatempo. É estranho que fazer essas coisas esteja parecendo uma nova lista de afazeres para riscar?

-- Se está fazendo por falta de opções, faz sentido. Mas não pare de vez, Persy, passar o tempo dormindo deixa a cabeça preguiçosa.

-- Não pretendo.

-- Boa coisa.

Então escolheu não falar sobre? Talvez ainda estivesse lidando com o que aconteceu. Ou confiou que resolveria. Quase, Perse, quase...

-- Mentoria deve recomeçar logo. Te informaram?

-- Ontem. Acha que vai conseguir voltar à sua rotina.

-- Espero que sim, ou crio bolhas de fazer costura.

-- Um pouco de dor nas mãos não faz mal a longo prazo.

-- Acho que não, mas... Ah, acho que é questão do que dá importância.

-- Uma coisa por vez, meu bem.

-- Primero bolhas de caneta, depois de costura?

-- Por aí. Ainda mais quando um tipo é um que se aprecia.

Perse ficou quieta por um momento, fazendo parecer que queria fechar, mas em vez de o fazer, pôs a mão sobre seu pulso que ficava acinzentado.

-- Papa, às vezes eu temo por ti. O senhor diz que não há necessidade, mas...

-- Isso é justo. Desnecessário sai implícito, mas isso nunca vai impedir, não é?

Ela balançou a cabeça. Preciosidade.

-- Se chama "maldição" por um motivo.

-- Mas eu consigo lidar. Enquanto não me matar, eu vou lidando.

-- Mas eu não quero que te mate muito rápido.

-- Não vai. Meu interior continua firme... o quanto pode ser.

-- Papa... -- outra pausa, ela só falava pausando consigo? Esperava que sim -- eu não quero que force demais, papa. Há pessoas que literalmente morrem de estresse.

-- Me estressaria mais se eu não tivesse mão alguma no que acontece...

-- Ainda é um peso, papa.

-- ... e há a biblioteca.

-- Que está sendo refeita aos poucos. A parte mais longa são os objetos chegarem.

Jove pôs a mão sobre a dela, uma mistura de afeto e preocupação emergindo.

-- Igual à sua mãe, cabeça firme. Eu posso respeitar isso.

-- Se há algo errado nisso, me esclareça, que não quero fazer alguma tolice que poderia ser evitada.

-- Você não vai. Sua cabeça ser um pouco diferente não significa que é ruim.

Tales Of EsterpeOnde histórias criam vida. Descubra agora