Capítulo 25 - Dor Dilacerante.

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"Quando a vida lhe tirar o chão, abra as asas."

Júlia

Solto o celular no chão.
"Garota tira sua própria vida ao descobrir que seu amado morreu na guerra, ao sair a autópsia do corpo é descoberto que Laura estava grávida e ainda sim se matou."
Devagar ela veio, aos poucos tomou conta do meu corpo, não eram sentimentos só meus, mas de Laura também, nós descobrimos juntas e meu Deus, a dor que me toma me faz encolher na cama, as lágrimas vem todas de uma vez, queimando meus olhos como se tentassem me castigar.
– Eu matei meu bebê, eu matei nosso filho..– Sussurro.
A culpa cai em mim com força, me encolho ainda mais na cama, seguro meu travesseiro contra o meu peito que insistia em me sufocar, o ar não subia, mesmo que eu puxasse ele.
– Eu matei..– Sussurro, minha visão fica embaçada, meu coração acelera, eu não conseguia me mexer, tudo que eu podia fazer eta chorar e implorar a Deus que me perdoasse, eu merecia ser castigada, eu..
Minha cabeça dói, o aparelho ligado aos meus batimentos apita, mas quem liga? Eu merecia morrer pelo que eu fiz, era só um bebê e eu..
– Me perdoa! – Sussurro, minha garganta fecha, a voz falha, pontadas e mais pontadas na cabeça.
– Perdão..– Sussurro, tudo que me resta é o apito da máquina que estava disparado e uma enfermeira que chamava pelo meu nome.
Eu matei.. Aquela culpa iria comigo para onde eu fosse a partir de agora, que Deus um dia me perdoe.
Acordo e apago várias vezes nos momentos seguintes, vejo meus pais de relance comigo, vejo uma enfermeira, apago novamente, quando acordo sinto alguém segurar a minha mão, não sei quem é, durmo novamente em seguida.
Quando acordo definitivamente estou sozinha, é de manhã.

– Você acordou, está melhor? Tivemos que lhe aplicar um calmante via intravenosa.– Uma enfermeira diz ao entrar no meu quarto.
– Eu..estou bem? – Questiono.
– Por algum motivo seus batimentos aceleraram mais que o normal, você também estava muito pálida e perdeu a consciência, por isso o médico achou melhor te colocar pra dormir, deixar você descansar um pouco.
– Quando eu vou ter alta? – Indago.
– Talvez amanhã se tudo correr bem, agora descansa, vou pedir que tragam algo pra você comer.– Afirma.
Pego meu celular, chamadas perdidas do Rafael naquela manhã mesmo, também havia uma de minha mãe que eu retorno.
– Você está melhor? Passamos parte da noite ai com você e viemos descansar, mas se você quiser podemos voltar.– Sussurra.
– Não precisa, eu estou bem.– E quero ficar sozinha, quis dizer, mas não falei.
– Rafael também te visitou durante a noite e disse que passaria ai antes de ir pra faculdade.– Informa.
– Tudo bem, qualquer coisa te aviso, mãe, mas sinceramente, não vejo a hora de ter alta.– Confesso.
Minha mãe responde alguma coisa que eu não presto atenção porque Rafael aparece na porta do meu quarto e sorri ao me ver, não consigo retribuir o sorriso e continuar fingindo que não tinha memória era o certo, agora mais que nunca, se ele descobrir que eu já sei a verdade, talvez queira ser mais próximo de mim, talvez isso nos aproxime mais, mas eu sou a culpada do que aconteceu, devo pagar pelo que eu fiz, não posso trazer ele pra isso, não posso repetir o passado, não posso confiar nele que mente pra mim e não posso confiar em mim, porque eu matei..nosso bebê.
– Oi Bee, como você está? Eu vim durante a noite mas você estava inconsciente, por isso eu só segurei sua mão.– Afirma.
– Bee? Porque me chamou assim? – Indago, tinha que continuar no meu papel, cintinuar no personagem.

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