Capítulo 07 - Promessas.

31 5 1
                                    

"E esse laço nunca será desatado,o amor nunca será perdido."

Rafael.

– Você veio com ela? A cicatriz.– Indaga, ela tinha tanto rancor.
Abro dois botões da minha camisa e lhe mostro a marca de nascença que carregava no peito.
– Eu também trouxe as minhas, estão aqui.– Ela diz, esticando os braços me dando a visão de seus pulsos, duas marcas neles.
– O quê? – Digo surpreso.
– Você não sabia, não tem lembranças do que aconteceu depois da morte do Luan mas eu tenho, porque eu fiquei.– Afirma.– Aquela dor, consumindo minha alma, me matando aos poucos..– Confessa.
– Você não seguiu sua vida? Não se casou, não teve filhos? – Pergunto.
– Sem você? – Ela questiona.– Eu me matei 4 horas depois que soube da sua morte, subi para o banheiro e cortei meus pulsos com a gilete do barbeador do meu pai, lentamente eu sangrei até a morte.– Diz.
– Não.– É o que sai da minha boca.
Começo a chorar sem parar, me sentia desesperado, me sentia quebrado, eu morri e por minha culpa o amor da minha vida também, aquela dor que eu sentia, era a dor do Luan, ele estava sofrendo.
– Por isso Rafael, falando como Júlia, nós dois reencarnarmos não é uma chance de felicidade, é um castigo pelo que fizemos no passado, nossas escolhas nos levaram á morte, então nessa vida, vamos fazer diferente, não me procure mais e eu prometo não chegar perto de você.– Diz, amargurada.
As lembranças que ela tinha, eram piores que á minha, ser informado que o amor da sua vida morreu..
– Me desculpe, eu sinto muito.– Peço.
Ela começa a caminhar se afastando, lentamente a dor vai parando no meu peito, carregar os sentimentos do Luan junto aos meus, era confuso, mas se na vida passada eu fiz tudo errado, nessa eu faria tudo certo, ao menos ia tentar.

Júlia.

Não era que eu não conseguia esquecer o passado, bom, pensando bem, não consigo mesmo, porque toda noite ele invade os meus sonhos me lembrando da dor que eu senti, da dor de Laura e de sua coragem, porque para tirar a própria vida, era necessário muita coragem.
Paro no meio do corredor, puxo o ar e tento me acalmar, olho pela câmera do celular se meu rosto estava enchado mas não estava, um pouco vermelho sim, enchado não.
Entro na sala e vejo Marina sentada nas últimas cadeiras, vou até ela.
– Você está bem? – Questiono.
Ela não me responde, vira o rosto e finge que eu não estou ali.
– Marina.– Chamo, não obtenho resposta.– Eu não posso adivinhar o que está errado.– Afirmo.
– Eu vi vocês, vi na porta do banheiro, vi atrás das arquibancadas, é por isso que ele me recusou, ele e você..– Ela diz.
– Não temos nada. – Esclareço.– Só conversamos, nada mais que isso, eu garanto, também não entendo como surgiu sentimentos em você tão rápido.– Confesso.
– Me apaixonei no momento em que eu o vi, mas não imaginei que você também.– Ela sussurra.
– Não tem nada entre nós, acredite em mim, ok? Eu não estou apaixonada por ele e nem por ninguém, eu não conheço o Rafael.– Concluo.
Conheço apenas o Luan, quem ele é agora, o que se tornou nessa vida, não importa mais, eu não sou a Laura, não estou apaixonada por ele, sinto atração, provavelmente por causa da Laura mas é só isso, é tão confuso.
– Então promete pra mim.– Ela me encara.
– O quê? – Questiono.
– Que você não o ama e nunca vai tirar ele de mim.– Ela diz, seus olhos brilham esperando a minha resposta.
– Eu prometo.– Afirmo.

Why don't you stay?Onde histórias criam vida. Descubra agora