Capítulo 27 - Cara a Cara

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"Por vezes a desculpa é não ter asas, quando na verdade se tem medo de voar."

Júlia.

– Eu teria amado esse bebê, teria o criado sozinha, faria de tudo para que ele não passasse fome como eu.– Diz e eu sei que é de coração.
– Viu só? Uma pessoa ruim nunca diria isso, foi um acidente, você não sabia, deve se perdoar.– Afirmo.
– Mesmo que eu faça isso, ainda carregarei a culpa pois o Luan jamais me perdoará.– Ela chora.
– Ao esconder a verdade de nós para nos poupar do sofrimento, acho que ele já te perdoou, Laura, ele te ama.– A lembro.
– Rafael também te ama, mas o amor não é o bastante, coisas aconteceram, mágoas foram abertas e novos machucados foram feitos tanto em mim e em você, quanto no Luan e no Rafael, e se o nosso amor não conseguir superar? – Questiona.
– Se for verdadeiro, ela vai superar, antes de focarmos em nossas relações, vamos tentar nos perdoar, recomeçar e depois pensamos no resto, por agora, saiba que não é sua culpa, você fez o que conseguiu no momento em que tudo desmoronou nos seus ombros, se perdoe, bee.– A consolo, ela dá um pequeno sorriso entre as lágrimas e então o reflexo no espelho some, Laura some e eu acordo na cama do hospital pela manhã.
– Isso foi loucura.– Afirmo a mim mesma, eu nunca tinha falado com Laura antes, com essa parte dela que estava em mim, eu apenas podia acessar suas lembrancas, mas falar foi algo novo, bom também não nego, eu não me sentia mais tão sozinha agora, ela estava comigo.

Rafael.

Deito na cama olhando meu celular, nenhuma ligação perdida, nenhuma mensagem, nenhuma notificação, nada.
Ela realmente me esqueceu.
Fecho os olhos lembrando da primeira vez que nos vimos como Júlia e Rafael, ela chorou tanto, cheia de memórias.

Aos poucos, essa lembrança se afasta e eu estou na padaria, a antiga padaria de seu Amarildo.
– Não podemos perdê-las.– A voz diz atrás de mim me fazendo virar, aquela voz eta minha e a pessoa atrás de mim era eu, ou não exatamente, as roupas etam antigas e a voz tinha sotaque.
– Luan.– Sussurro surpreso, quando foi que parei de sonhar com as lembranças dele? Quando foi que se tornou possível falar com ele.
– Você já sabe de tudo, do seu passado, da minha vida, então é possível agora que eu apareça em seus sonhos para falar com você e depois que você finalmente conseguir ficar com Júlia, que vocês finalmente conseguirem ser felizes juntos, eu e Laura poderemos descansar e ter paz, juntos como vocês, por isso eu vou repetir, não podemos perdê-las.– Diz.
– Ela nem se quer se lembra de mim, ela não sente nada por mim e me afasta sempre que estou por perto, ela apagou nossos rostos dos sonhos dela, como posso conquistar ela assim? Eu sinto muito, mas não acho que você e Laura vão não ficar juntos pelos próximos meses, sem a memória, eu soi um estranho para a Júlia.– Afirmo.
– Então a conquiste, se ela não se lembra, quer dizer que você pode começar novamente, como um jogo quando é chegado ao sim, recomece do zero e traga nossas garotas pra junto da gente.– Ele diz esperançoso.
– E quanto ao bebê? Devo continuar escondendo? – Questiono.
– Sim, até que a memória dela volte ou ela vai achar que você é louco falando sobre reencarnação e uma vida passada, vamos aos poucos e dessa vez com calma.– Ele tenta me animar.
–Acha que vai dar certo? – Estava com dúvidas.
– Tem que dar, nós amamos elas.– Ele conclui.
Em um piscar de olhos Luan some de vista, eu olho em volta e acabo acordando do meu sonho.
– Nós realmente conversamos? Eu de agora e eu do passado.– Eu não conseguia acreditar nisso, mas ao menos agora, eu tenho ajuda, pensando por esse lado.

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