Cap 9 - Escuta

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Por Morgana

Acordo com a minha mãe batendo na porta.

- Seus amigos estão aqui querida. - Mamãe fala com o tom de voz baixo.

- Amigos? Que amigos? - Eu ainda estava meio sonolenta.

- Tem um garoto alto moreno e um branquinho de olhos e cabelo claros. - Ela responde a minha pergunta.

- Sam e Nate? - A imagem dos dois veio a minha mente.

- Bem... Acho que deve ser esses são os nomes deles. - Mamãe não tinha como saber de quem se tratava.

Samuel estava no fim dos degraus da escada e Nate se encontrava sentado no sofá comendo os biscoitos que provavelmente a minha mãe o fez provar.

- Faça-me um favor, são nove de noite. - Eu revirei os olhos enquanto pensava na minha cama quentinha e no meu sonho que havia sido interrompido.

- São nove da noite e você já está de pijama? - Nate questiona com um tom de julgamento.

- Eu durmo cedo, preciso das minhas dez horas de sono para acordar disposta, você veio na minha casa julgar a hora que eu durmo Natenael? - Aquilo me irritou.

- Ashika está nos convocando. - Samuel diz indo direto ao ponto.

- Para que?

- Não sei, mas pelo visto é importante, os outros grupos também foram convocados. - A resposta de Sam não poderia deixar de me preocupar.

Não fiz mais nenhum questionamento, apenas voltei para o meu quarto e troquei de roupa rapidamente; segui Nate e Samuel e eles me guiaram até a frente da Academia e onde os outros grupos realmente estavam lá. Os outros alunos pareciam tão confusos quanto eu, então julguei que não seria útil fazê-los perguntas.

- O que está acontecendo Eneor? Se tem alguém aqui que sabe o que está acontecendo, esse alguém é você. - Nate perguntou inquieto.

- Como assim? Não entendi. - Eneor levanta a sobrancelha para Nate.

- Ué, todo mundo sabe que você é a maior fofoqueira, sabe de tudo, descobre tudo. - Nate respondeu a pergunta inocentemente.

- Não sei. - Ela diz com um ar de arrogância na voz.

- A Sra Ashika nos faz ler livros da Madame Sudet a semana inteira, para resolver nos treinar às 9 da noite de uma sexta feira. - Coloquei meu estresse para fora.

- Os livros da Srta Sudet? Eu já li todos os volumes, eu simplesmente amo os livros dela. - Eneor fala com empolgação

- Você já leu os livros da Diretora Sudet? - Nate faz uma expressão de total surpresa.

- Li ué, por quê? Parece estranho? - A loira  encara o Hihau.

- Não, é só que... Não faz muito o seu perfil. - O garoto tenta fracassadamente desviar das perguntas maliciosas de Ugah.

- Perfil? Que dizer que por eu ser loira e gostar de rosa eu não posso me interessar por livros sobre técnicas da fundação dos curandeiros? Tá achando que eu sou o que? Um estereótipo de loira gostosa burra de fic para adolescente que só se interessa por coisas fúteis como roupa, maquiagem, unha e cabelo? Se toca Natenael, fique você sabendo que eu sou uma leitora ativa. - Eneor foi falando a medida que se aproximava de Nate, enquanto Nate tentava recuar. Não vou mentir, eu estava me divertindo com tudo aquilo, estava contando os minutos para Eneor dar um tapão nele.

- Falando nela, ela está vindo. - Hanna interrompe o conflito.

- Hãn, quem? - Eneor esquece do pobre Nate por alguns segundos; o que foi tempo suficiente para que ele se afastasse dela e corresse para atrás da Hanna.

- Você foi minha salvadora Hannati. - Ele fala baixinho.

A Madame Sudet se aproximou de nós junto com o grupo de profesores.

- Creio que os seus treinadores já avisaram da prova prática antes da batalha do nível 02; nós precisamos adiantar a prova prática, não sei se já chegou alguma notícia aos ouvidos de algum de vocês, mas a filha do Sr Ukir sumiu e a prova prática de vocês é acha-la. Aconselho que se dividam em duplas para que possam ter melhores resultados nas buscas por Mairi Ukir.

Ela falou rápido, como se estivesse tentando ser o mais breve possível, assim que acabou de falar, ela voltou a se afastar junto com o grupo de profesores que a seguiam.

- Quem vai ser dupla de quem? - Questionei.

- Eu vou com a Amira. - Eneor fala indo em direção a companheira de grupo dela.

- Eneor? - A encarei com um olhar questinador.

- Desculpa amiga, é que ela tem uma fofoca para me contar e eu quero muito saber. - Ela deu um de seus sorrisos de quando pedia desculpas.

- Quem vai comigo? - Nate volta a conversa inicial.

- Eu não. - Todo mundo disse em resposta a pergunta de Nate.

- Hãn? Mas por que?

- Eu posso ir com você Nate. - Hanna se oferece a função que ninguém queria.

Lanço um olhar para Hanna que diz "sério que você vai me trocar por ele?"

- Todo mundo já tem alguém? - Perguntou Biak Uzuki.

Quando me dei conta, todas as duplas já estavam formadas e eu ainda estava sem dupla.

- Não, eu não estou. - Eu respondi.

- Como não? E o Samuel? - Biak aponta para Sam atrás de mim.

- O Samuel? - Olhei para Sam e percebo que ele realmente estava sozinho.

- Uma benção dessas não cai do céu duas vezes Morgana. - Oshin Beruma disse dando uma de suas risadinhas em tom de deboche disfarçado.

Cada dupla se responsabilizou a procurar em lugares específicos. Samuel e eu ficamos responsáveis em procurar a esquerda da floresta e já estávamos procurando a quase uma hora sem resultado significativo algum; algo dentro de mim dizia que tudo aquilo era inútil e que não seríamos nós, alguns adolescente do primeiro ano que encontraria aquela garota, mas não poderia questionar, se eu queria virar uma Hook oficialmente, eu precisava passar naquela prova.

- Escuta May. - Samuel pausa meus pensamentos.

- Sim? - Respondo.

- Eu gostaria de me desculpar por aquele dia que... Você sabe. Eu fui irracional e não me mantive no controle, eu deveria saber melhor que ninguém que falar da família de alguém é um nível baixo demais.

- Ah, eu não esperava por essa, tá tudo bem Samuel, falar dos meus pais não me atingi mais como atingia quando éramos do primário, com o tempo eu me acostumei, até gosto de ser adotada na verdade.

- A mim afeta e muito, eu odeio que falem dos meus pais, por isso não deveria ter falado dos seus. - Ele assume seu erro.

Uma sensação de culpa me invadiu, eu toquei no ponto fraco dele, igual tocavam no meu, a dúvida sobre as minhas origens, sobre as origens dos meus pais biológicos me assombrava quando eu era mais nova, mas ninguém se importava com isso antes de ser maldoso; com o tempo eu criei uma proteção em relação a isso e se tornou algo que não me atingi mais.

- Escuta. - coloco a mão no ombro dele. - Eu sinto muito, sinto muito mesmo, do fundo do meu coração, eu nem imagino como você se sente em relação ao assassinato dos Makizu e por isso eu nunca deveria ter jogado isso na sua cara, mas espero que saiba que eu não fico nem um pouco feliz pelo fato deles estarem mortos, eu realmente sinto muito.

- Acho que deveriamos voltar a procurar. - Ele encerra nossa questão.

- Se a Amachi estiver te vendo, ela está muito orgulhosa de você Sam. - Mostrei para ele que ainda lembrava das nossas primeiras conversas.

Sam olha nos meus olhos e sorrir. Fazia tanto tempo que eu não o via sorrindo, mas ele ainda sorria como aquele garotinho, percebi que gostava daquele sorriso.

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As vozes da BruxaOnde histórias criam vida. Descubra agora