Capítulo 21

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          Estava sentado a cama assim que Alice pediu-me privacidade para tomar banho, seu corpo ainda estava machucado e precisava de cuidados para que a cicatrização fosse mais rápida, mas além de ser teimosa era mais orgulhosa do que eu pensava. Aproveitei para descarregar as malas no closet. Acendi a luz do mesmo colocando algumas de suas roupas no cabide. Eu havia pedido para que o senhor Cha providenciasse tudo com cuidado para que não fôssemos o alvo novamente. Enquanto desfazia a mala, senti meu celular vibrar em meu bolso e imaginei que fosse o senhor Cha, mas desta vez era um número desconhecido.

- Sim? - Falei desconfiado esperando que o remetente se identificasse, mas apenas ouvi uma respiração de fundo, impaciente desliguei o telefone o colocando no bolso, mas novamente ele vibrou e o atendi agora com um pouco de rispidez. - Alô? 

- Kang Tae-Moo. - Aquela voz me soava tão familiar, até perceber de quem realmente se tratava.

- Senhor Won. - Falei de forma seca.

- Está aproveitando as férias? Não imaginei que fosse fugir da briga. - Sua voz me dava nojo assim como a da Hye-Won.

- Do que está falando? - Fingi estar confuso, até tirar a prova do que realmente se tratava.

- Vamos deixar todas as formalidades de lado. Admito que você superou minhas expectativas, achei a senhorita Alice seria mais forte. - Então era ele. A Hye-Won sabia de tudo? Ela havia planejado tudo com o seu pai?

- O que você quer seu cretino? - Tentei falar baixo para não ser descoberto por Alice, eu não queria preocupá-la agora, visto que ela já passou por muita coisa sozinha.

- Você sabe muito bem o que eu quero. - Ele suspirou parecendo entediado. - Eu sempre lhe disse que ainda é muito jovem para cuidar da empresa sozinho, seu pai não ficaria nada orgulhoso em ver isso. - Apertei os olhos com força e trinquei o maxilar sentindo minha mão tremer de raiva. 

- Você não merece nem sequer mencionar o nome do meu pai, como se atreve a me desafiar desse jeito? - Eu podia sentir fúria em minha voz, raramente eu me comportava dessa forma.

- Como está a senhorita Alice? - Ele deu uma risada - Pelo visto ela é mais frágil do que eu imaginava.

- Fica longe dela. - Falei pausadamente sentindo uma forte dor de cabeça.

- Você conseguiu fugir da primeira vez, mas dessa vez não tem erro. Faça o que eu mando,  ou vai querer pagar para ver?

- Acha mesmo que vai conseguir se safar dessa? - Fechei a mala e comecei a andar de um lado para o outro dentro do closet - Eu mesmo vou caçar você, seu verme. Irei fazer questão de ser a última pessoa que verá antes de morrer.

- Você é igual ao seu pai. Materialista. - Ele bocejou - Foi fácil dar um jeito nele, pena que sua mãe não tinha envolvimento nessa história e pagou o preço com ele.

          Meu coração quase parou, o que ele estava dizendo? O que queria dizer com dar um jeito? Minhas mãos estavam geladas e meu corpo paralisado, aquilo havia sido um golpe fatal, meu subconsciente dizia para manter a calma, mas o meu coração havia sido destruído naquele exato momento. Então de fato o acidente dos meus pais não foi devido a chuva e sim proposital? Todos estes anos eu me senti culpado por pedi-los para que pudessem buscar-me as pressas, porém, eles teriam sofrido aquele acidente da mesma forma?

- O que você está falando? - Senti minha voz falhar.

- Apenas peço que não cometa o mesmo erro que seu pai. Ele teve sua chance de ceder e não aproveitou, e não preciso dizer o quão empenhado estou quando quero algo.

- Filho da... - Falei sentindo uma lágrima escorrer por meu rosto.

- Já foi dado o sinal da largada, aproveite o tempo que lhe resta. Estarei enviando o e-mail com a documentação, pense bem antes de fazer qualquer coisa. E não tente bancar o engraçadinho, estou na sua cola. - Logo a ligação foi sessada.

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