Capítulo 8

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          Assim que chegamos no restaurante, percebi de  que não haviam tantos carros estacionados como eu esperava, talvez fosse pelo dia da semana ou porque o restaurante simplesmente não era tão conhecido. Alice estacionou o carro perfeitamente próximo a entrada e permaneceu em silêncio alguns segundos encarando o volante quando desligou o motor, o que estava pensando? Aquilo tudo me deixava atordoado, era difícil ter-se uma conversa sobre qualquer assunto com ela, ao menos eu tentava algumas vezes, porém ao que tudo indicava Alice não queria proximidade pessoal alguma comigo.

- Vamos combinar uma coisa, está bem? - ela falou enquanto girava o corpo sentando de lado no banco do motorista para ficar de frente a mim.

- Depende do que seja. - arqueei a sobrancelha curioso.

- Nada de contato físico ultrapassado. - ela quase não me olhava nos olhos.

- Ainda não entendi o nível de contato físico ultrapassado. - respondi de forma calma - Espera, está falando isso por causa do beijo?

          Aquela era a primeira vez que conversávamos sobre o ocorrido, talvez nem deveríamos falar sobre isto agora, ou deveríamos?

- Sim, não aceito ter esse tipo de intimidade com alguém no qual nem conheço, e aliás, somos parceiros de negócios. Nada mais que isto será tolerado, te ajudei naquela noite, iremos encerrar essa encenação a medida em que todos forem dando menos importância. - ela voltou a posição inicial ficando de frente ao volante.

          Sua ações e comportamento diziam que aquilo havia lhe afetado de tal forma de não só lhe deixar desconfortável, mas ao mesmo tempo sem graça. Como ela não podia me olhar nos olhos se fosse algo sem importância? Por medo? Insegurança? Não, insegurança não deveria ser, qualquer homem seria sempre insuficiente para as qualidades em que Alice poderia oferecer, de certa forma eu compreendi seu ponto de vista e atenderia sem quaisquer queixas, mas algo ainda me intrigava, porque ela foi embora naquela noite daquela forma? Estava irritada demais para conversar sobre o ocorrido?

- Posso pedir algo em troca? - talvez eu não estivesse em uma boa posição para pedir alguma coisa.

- Depende do que vai pedir. - ela me encarou um tanto curiosa, mas mantendo sua seriedade.

- Não peça cerveja no almoço - falei segurando o riso e logo recebi um empurrão acompanhado de uma gargalhada espontânea.

- Sai do meu carro, agora! - ela falou enquanto ainda ria baixo e pegava sua maleta na qual eu nem havia percebido que estava também no banco de trás, aproveitei para abrir a porta do carona assim que saí do carro, e também peguei minha maleta de seguida.

     Paramos em frente ao restaurante lado a lado e suspiramos juntos antes de subirmos as escadas, o almoço talvez não fosse um dos melhores momentos do dia em ter-se uma indigestão, mas iríamos aguentar até o fim.

**

     Após muita implicância em algumas e exigências feitas por Seo, Alice a respondeu ao nível adequado, visto de que suas exigências com nossa corporação ainda eram bem maiores do que o inverso. Percebi que diversas vezes a senhorita Seo tentava justificar algumas falhas de acompanhamento por nossa imprudência em misturar nosso relacionamento pessoal e profissional em horário de trabalho, o que de fato nunca foi o caso, Alice desde que chegara na empresa fez total questão em manter-se distante de mim, sempre cumpriu com suas obrigações e deveres, seria burrice querer discutir este tipo de situação naquele momento.

O senhor Cha tentava ao máximo apresentar provas da grande formalidade apresentada pela Golden, e que estávamos mais que aptos a manter essa sociedade, porém, o que a incomoda era a porcentagem de lucratividade que de fato era imparcial com nossa marca, mas tive meus motivos para assinar toda a papelada.

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