Capítulo 18

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           Acordei com algumas luzes fluorescentes iluminando meus olhos com algumas pessoas ao meu redor enquanto falavam meu nome, meu corpo estava tenso e percebi que não conseguia mexer um músculo sequer. Apertei as pálpebras mais uma vez respirando fundo e virei minha cabeça para o lado afim de fazer todas as vozes sumirem. Mais uma vez alguém falou meu nome enquanto minha visão ainda estava embaçada, senti uma lágrima escorrer do meu olho quando a dor voltou com total força em meu braço, o que me fez gemer baixo. Meu rosto estava dolorido e minha boca continha um gosto de sangue. Estava com sede, minha garganta ardia por estar seca demais, desci uma das mãos devagar até meu estômago e resmunguei baixo pela dor do chute que havia levado alguns minutos atrás.

           Então ele não havia sido pego? Me deixou viva por misericórdia ou por aviso? Aqueles pensamentos que invadiam minha cabeça doíam com força. Virei meu rosto para o lado e pude ver apenas a parede branca com respingos de sangue, até perceber que o sangue era meu, alguns cacos de vidro estavam ali. Eu estava em casa. Havia sido encontrada pelos seguranças do hotel, meu roupão estava manchado de sangue, e minhas mãos ardiam como se facas afiadas tivessem as perfurados. Tentei levantar mas alguém me pediu para continuar deitada, uma mulher de meia idade na qual parecia a camareira estava nervosa, ela estava ajoelhada ao meu lado enquanto acariciava o topo da minha cabeça, ao mesmo tempo ela encarava o espaço ao redor talvez sem acreditar de que aquilo realmente havia acontecido.

          O segurança que antes estava ao seu lado havia pego um pequeno cobertor no qual seu sempre deixava sob o sofá, e jogou em minhas pernas as cobrindo. Estava nua por baixo do roupão, cortada, machucada e humilhada como mulher, porém o que mais me intrigava era o motivo de tudo aquilo.

- Como ela está? - Um paramédico falou assim que entrou acompanhado de duas pessoas segurando uma maca.

- Conseguimos acordá-la faz alguns minutos. Mas me parece que ela ainda está inconsciente. - A camareira falou dando espaço para o paramédico que levou uma pequena lanterna aos meus olhos. Ele parecia ter minha idade, seus cabelos estavam bem alinhados e seu rosto era bem marcado pelo seu maxilar, seu nariz era bem afilado e sua boca carnuda me lembrava a de alguém que eu recentemente havia beijado. Poderia chamá-lo de modelo e não paramédico.

- Consegue me ouvir? - Ele falou enquanto conduzia a lanterna para meu outro olho - Como se chama?

- A-Al... - Sussurrei sentindo minha voz rouca e fraca.

- Tudo bem. Consegue apertar minha mão? - Ele segurou minha mão e rapidamente a apertei de leve sentindo alguns cacos de vidro perfurarem ainda mais a minha pele, talvez o machucando também. - Ela está consciente. Coloquem o colar cervical. Cuidado com as mãos e braços, tem cacos de vidro por todo lado.

Apenas respirei fundo e fechei os olhos afim de descansar ao menos um momento antes de ser interrogada.

***

          Um som de bipe contínuo estava em minha mente antes que eu abrisse os olhos, continuei parada quando uma voz familiar me chamou a atenção, era a Young-Seo. Talvez o hospital ou a própria segurança do hotel havia a contatado quando eu passei a informação de que ela era uma das hospedes da Golden.

- O estado dela ainda é crítico, está muito machucava. É claro que eu estava fora. Não. - Ela respirou fundo - Apenas faça seu trabalho corretamente ou teremos problemas maiores. Irei desligar, a enfermeira está vindo fazer a checagem.

- Olá senhorita! Você é a acompanhante? - Mesmo de olhos fechados eu podia dizer que a voz era de uma mulher mais nova. Sua simpatia era a única coisa que me tranquilizava naquele momento.

          Então com quem a Young-Seo estava falando? Uma ligação estranha com assunto estranho. Então o trabalho mal executado fora o das horas anteriores? Tae-Moo estava certo do que estava falando? A culpa me invadiu em cheio quando percebi que fui idiota e ingênua a me deixar levar pela confiança de pessoas nas quais eu pesava a balança por tempo de amizade e não por interesse em minha segurança.

- Sim, sou eu. Você tem ideia de quando ela pode acordar? - Aquela voz me dava nojo.

- Não sabemos, talvez amanhã. Ela está muito machucada, demos um calmante e uma medicação para aliviar a dor, isso irá mantê-la em um sono profundo durante um tempo. Porque não descansa? O hospital irá contatá-la assim que ela acordar.

- Eu prefiro ficar. - Ela falou tocando em meu braço, o que me causou um leve desconforto.

- Eu estarei cuidando dela, afinal, me parece que a senhorita veio de última hora.

- Ah, desculpe pelas minhas roupas. Eu vim correndo assim que soube do incidente.

- Tudo bem. - A enfermeira rio baixo e tocou minha testa. - Como alguém poderia fazer algo assim? Foi algum namorado?

- Não sabemos, apenas a encontramos no quarto desacordada. - Bela mentira.

- Lamento. Eu espero que encontrem o culpado.

- Agradeço a preocupação. - Ouvi que Young-Seo parecia estar levantando da cadeira - Irei voltar para o hotel apenas para me vestir adequadamente. Logo estarei de volta, onde posso deixar meu contato?

- Na recepção. É só deixar algum documento com foto.

- Obrigada! Estarei aqui em menos de uma hora. - Ouvi os saltos se afastarem de fundo junto enquanto alguns barulhos baixos de que aparentemente seriam frascos de vidros eram colocados em uma bandeja de metal.

- Olá! - Aquela voz. - Você é o acompanhante substituto? - A enfermeira perguntou.

- O que aconteceu? - Sua voz parecia preocupada, até que podia sentir seu calor ao meu lado.

- Ela sofreu uma agressão e foi encontrada desacordada.

- E o agressor?

- Ao que tudo indica, ainda não foi identificado. - Ela suspirou - Você é algum parente? Não é permitida a entrada de estranhos.

- Ela é minha namorada. - Arqueei a sobrancelha e aquilo me fez abrir os olhos devagar, eu queria fazê-lo desmentir imediatamente.

- Senhorita? Consegue me ouvir? - A enfermeira falou preocupada quando tentei tirar a máscara respiratória do rosto.

- Sim. - Falei baixo sentindo meu rosto doer quando falei.

- Aqui. - Ela falou me oferecendo um pouco de água em um copo descartável.

- Deixa comigo. - Tae-Moo respondeu pegando o copo da enfermeira enquanto me ajudava a se inclinar um pouco, tocando em minhas costas levando o copo com delicadeza aos meus lábios.

- Irei chamar o médico enquanto isto. - Encarei a enfermeira que apenas confirmava ainda mais minha suposição da jovem simpática. Ela tinha mais ou menos um metro e sessenta de altura, seus cabelos pretos e curtos iam até o maxilar. Ela deveria estar fazendo estágio ou algo do tipo, não era possível que aquela garota teria mais de vinte anos.

- Claro. - Tae-Moo assentiu sem desviar seu olhar de mim, e logo bebi a água devagar enquanto fechava os olhos e agradecia por estar viva. - Você está bem? - Ele perguntou assim que deitei novamente com cuidado.

- Estou. - Assenti suspirando e encarando a porta. - Desde quando somos namorados? - Arqueei a sobrancelha o que o fez rir.

- Você está toda machucada, mal consegue ficar de pé sozinha e está preocupada porque menti apenas para não ser expulso? - Aquilo era bem óbvio. Porém, sua expressão se voltou ao vazio.

- Young-Seo. - Falei por fim.

- O que tem a Young-Seo? - Ele perguntou confuso.

- Ela estava aqui a pouco tempo, e logo voltará. Não sei se é uma boa ideia você estar aqui quando ela voltar.

- Estou preocupado com você. Não vou sair daqui. - Ele estava decidido.

- Ela está por trás de tudo isso, tenho sorte de estar viva. - Quase apertei o punho quando notei que minhas mãos estava enfaixadas. - Droga! Droga! - Resmunguei comigo mesma. - O que ela quer?

- O que eles querem. - Ele falou por fim sem me encarar, eu podia ver em seus olhos um olhar vazio.

- Eles? - O encarei confusa. Mas o silêncio de Tae-Moo dizia tudo, Young-Seo não estava sozinha.

          Então era isso que ele tanto escondia de mim? Tinha medo de que eu soubesse alguma outra informação que fosse o prejudicar? Era uma organização?

- Apenas descanse. Teremos uma longa conversa assim que você sair daqui.

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