"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro."
- Sigmund FreudUma floresta, era tudo que eu conseguia ver. Diferente do som ambiente de passáros, naquele lugar não restava nenhum barulho, era silencioso até demais. Havia névoa por todo chão, e as árvores pareciam estar prontas para sufocar qualquer um.
Com um impulso inesperado, senti vontade de procurar uma saída, mas algo me prendia bem no meio dos arbustos, parecia algum tipo de areia movediça que me puxava mais e mais.
Toda minha concentração para sair daquele desespero foi concentrada em outro lugar. Senti minha garganta ficar seca, ao ponto de tossir para conseguir retomar o fôlego. A terra já não estava mais me engolindo, mas sentia que meu corpo estava tentando expulsar algo.
Coisas azuis saiam da minha boca, me apavorei quando notei que eram borboletas. Quanto mais eu tossia, mais delas saiam.Preocupado com o fato de ter borboletas saindo por meu lábios não notei a presença de mais um indivíduo ali, observando pacificamente meu sofrimento.
Era um homem de cabelos escuros e barba no mesmo tom, seu olhar foi o que mais me chocou. Era o olhar de Liam, poderia reconhecer de longe. O homem exibia uma postura rígida e suas vestes diziam que veio de um lugar muito frio. Havia um broche coincidentemente de borboleta na lapela do sobretudo verde.
Assim que nossos olhares se encontraram, o rapaz esboçou um sorriso orgulhoso, desmanchando a postura severa. Meus pés foram mais rápidos do que minha consciência, e antes que pudesse voltar atrás fui acolhida pelos braços familiares daquele sujeito cujo os olhos eram do meu irmão.
O cheiro dele era o mesmo, e esse fato me fazia imaginar que estava abraçando Liam.
Pouco antes do homem desaparecer em mil borboletas azuis mesmo estando me abraçando, sussurrou em meu ouvido:
Elas te guiaram, Jun.A adrenalina atingiu meu corpo. Aquele homem era Liam, o menino de 15 anos envelhecido. Minha respiração pesou e pude escutar as batidas do meu coração. Minha garganta não mais ocupada com as borboletas, se torceu formando um nó firme. Fechei meus olhos com força. Aquilo claramente era um sonho, mas como consegui imaginar a figura de Liam adulto tão perfeitamente?
Em um sobressalto, voltava a realidade, ainda ofegante e dessa vez suado.
Estava sentado na mesma posição em que cochilei. Notei que não era mais dia ao ver as janelas do meu quarto ainda abertas. Uma luz azul adornava o clima pacifico da noite e nenhum barulho preenchia a casa.Pronto para ser abordado por um interrogatório muito inconveniente de mamãe, planejava ir ao banheiro para lavar meu rosto amassado do cochilo. Mas por algum motivo desconhecido minha porta estava trancada.
Mamãe e papai não me trancaram ali, isso seria um "ter ido longe demais" até para pais como os meus. Me esforcei em bater na porta e chamar por eles, mas não valeu de nada já que ninguém respondeu.
Uma outra luz invadiu meu quarto, dessa vez um azul muito mais intenso do que a provocada pela noite. Assustado virei para trás esperando qualquer coisa menos o que na realidade foi visto. Uma borboleta, um simples inseto causara aquela luz extraordinária.
Me preparando inutilmente para aquele ser puxei meu cabideiro deixando cair todas as coisas que ali estavam penduradas. Com uma mão virei a ponta do objeto para a rachadura, enquanto a mão desocupada tentava forçar novamente a maçaneta da porta, precisava sair dali, um cabideiro não seria suficiente para me livrar daquela borboleta estranhamente exótica.
Com os olhos arregalados de descrença senti uma intensa tontura e uma grande vontade de colocar para fora as refeições do dia esqueci por alguns instantes do ser vivo brilhante e me sentei na cama. Parecia ter sido drogado, não tinha experiências suficientes para afirmar isso, mas claramente não estava em minhas condições normais de existência.
De costas para a porta senti uma brisa leve advindo da passagem, o que me fez virar bruscamente e descobrir que ela se abriu.
Não sozinha.
Um rapaz de cabelos pretos e roupas estranhas segurava a maçaneta na mão esquerda e vistoriava o quarto com seus olhos analíticos. O homem arrumou suas vestimentas e entrou de uma vez no quarto, tal ação me fez, assustado, recolher meu corpo para mais longe da borda da cama.
Assim que pousou os olhos em mim, um suspiro de alívio escapou de seus lábios.
- Jungkook, finalmente o encontrei.
Estranhando essa frase com uma expressão de medo, fiz de tudo para me manter longe do ser que se aproximava e da borboleta incandescente. Meu desejo profundo era me liquificar, e talvez avaporar para longe daquele situação pertubadora
- Primeiramente peço perdão por aparecer desta maneira, sei que nem me conhece e foi falta de educação da minha parte. Me chamo Jin, sou o médico e conselheiro do Capitão Reiki, batalhão de Centrium - disse estendendo a mão para mim.
Pude notar uma tatuagem na palma da mão de Jin, era como uma circunferência, toda contornada por letras que não fazia ideia do que fossem. Estava tão entretido com esse desenho e com medo do homem misterioso, que nem me atrevi a apertar a mão estendida.
Por que apertaria a mão de um maluco que invadiu meu quarto sem explicações racionais?
- Tudo bem, sei que ainda está assustado com tudo, mas saiba que pode confiar em mim, nunca faria nada de ruim com você - disse Jin recolhendo a mão cuidadoso com as palavras. - Preciso que venha comigo. -- preocupado, o médico enfatizou a urgência.
- Como vou confiar em alguém que acabei de conhecer? Você literalmente invadiu meu quarto no meio da noite e quer me levar junto a você. Isso só pode ser brincadeira, Amber se superou na pegadinha dessa vez - exclamei, disposto a empurrar o homem de volta para aquele lugar do qual saiu com o cabideiro ainda em minha mão.
- Jungkook, preste atenção, eu sou o único aqui disposto a conversar com você e te levar estando consciente de tudo, mas o resto da equipe prefere menos trabalho e te sedar é a melhor opção para eles - Jin sugeriu ainda tomando cuidado com as palavras que utilizava.
- Como assim tem mais gente aqui?! Ai, sinceramente cansei, já vi que tudo isso se trata de um sustinho com o objetivo de eu parar de ser "tão dramático". Okay, mãe, já entendi o recado - disse gritando para o teto enquanto procurava uma suposta câmera.
Antes que tentasse acender a luz, mais 4 pessoas adentraram no quarto. Pareciam guardas pelas roupas que usavam. O que mais me intrigava era o silêncio que estavam emitindo todo esse tempo.
— Por que não funcionou dessa vez? Era para ele estar desacordado no momento. — exclama uma mulher com intenções de ser respondida, no entanto Jin não sabia a resposta aparentemente.
Sem mais discussões, um dardo foi disparado em minha perna e sem ter para onde me recuar minimizei a dor sentida com um único grunhido arqueando as costas.
Minha visão começou a ser atingida por focos pretos e o resto dos sentidos foram se perdendo junto ao meu corpo sem controle.
- Eu ia convencer ele. Não precisavam fazer isso agora. Sabem como o menino deve estar assustadao - bravejava Jin.
- Sr. , fizemos o que o General ordenou fazer, você sabe que Reiki não gosta de atrasos. - um dos guardas proferiu entregando a arma utilizada para a mulher que antes argumentava contra o médico.
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NOTAS DA AUTORA 🦋Sim, eu sei que esse capítulo ficou bem pequeninho, mas ele é muitoo necessário para a história.
Gostaram do Jin? Acho que ele é meu personagem favorito, mas o motivo eu ainda não posso revelar...
Ahh e mudei a capa hihi, estava vendo alguns tutoriais e fiquei com vontade de fazer uma, não está ótima, mas ainda assim ficou bem bonitinhaUm bom domingo para vocês
E Não se esqueçam de votar ⭐️
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O Manual das Borboletas 🦋 • jjk + pjm
Fanfiction[Em andamento] Jungkook Jeon Lennox cresceu em uma família regada de amor e acima de tudo união. No entanto tais adjetivos passaram a ser inúteis após a misteriosa e trágica morte de seu irmão mais velho, Liam Jeon Lennox, a qual dividiu bruscam...