18| Wait - M83

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⚠️Aviso de gatilho:
Tentativa de suicídio, morte e substâncias lícitas e ilícitas ⚠️

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"Você não esquece o rosto da pessoa que representou sua última esperança."

Katniss Everdeen, Jogos Vorazes

Nadar, nadar e morrer na praia..
Eu não sei o que acho disso.

E se lutasse para continuar vivo em águas profundas apenas para não morrer de forma perturbadora. Por que seria pior morrer em terra firme? Todos queremos chegar no solo arenosa sem danos, mas isso é evidentemente impossível.

Se parassemos de nadar não morreríamos de qualquer modo?
Então por que estabelecem a necessidade de vencermos constantemente quando em alguns momentos só desejamos estar a deriva?

Talvez meus pensamentos estivessem cada vez mais distantes, divagando em ondas e vencedores. Enquanto me amargava com a inveja por aqueles que conseguiam chegar a praia apesar do machucados que ardiam com a água salgada.

Mais difícil e amargo seria entender que meu aniversário de 17 anos se realizaria em um lugar como Centrium.

Em Nova Iorque Cayle aparecia com um cupcake, daqueles que exalam artificialidade, cantaria uma versão simplificada do parabéns. Amber me ligaria porque Melissa a pressionaria. Papai me daria um tapinha nas costas e Yoongi apesar de muito atarefado me ligaria, ficaríamos mais de meia hora relatando as novidades. E, assim, seria o melhor dia do ano.

O fato era que apesar do rio em que me banhava naquele momento não fosse composto por sal, sentia a dor, uma ardência de machucados reais e imaginários. Eu estava coberto de sujeira, no entanto não importava o quanto me levasse, sempre me sentiria sujo enquanto não aceitasse meu verdadeiro eu.

As águas translúcidas acariciavam minha pele desnuda e me permitiram desfrutar de um sopro gélido momentâneo. Como um espelho natural pude testemunhar meu rosto retorcido no rio. As olheiras robustas se formavam pouco a pouco sob meus olhos, além dos vergões arroxeados espalhados pelo meu corpo e o calos em minhas mãos.

Depois de minha aparência, também não me preocupei em ser amigável e na medida do possível alguém empático, isso graças as últimas informações adquiridas sobre o castelo de omissões de Jimin. Não estava disposto a derramar lágrimas por Park, como um combo aos remorsos sentidos por mim ao assassino, estava me sentindo tolo por achar que o rebelde estaria realmente apaixonado por mim em poucas semanas. Assim, um amor como o de minha avó e Willie se concluiu algo fora da minha realidade.

A vida de Jimin tragicamente e cruelmente tracejada desde de seu nascimento não era diferente dos demais dessa ilha, no entanto a tentadora decisão de ser um grande filha da puta foi oferecida a Park a qual agarrou sem pestanejar.

Tal comportamento me causava enjoo, e a foto do acontecimento me deixava com as mãos minimamente trêmulas. O sorriso psicopata de Jimin o incriminava sem mesmo concretizar o assassinato assistido e esta sua feição me atormentava em momentos silenciosos.

O Manual das Borboletas 🦋 • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora