"um povo que não conhece sua história está fadada a repeti-la"
- Edmund BurkeO tempo é a única coisa que compartilhamos nessa imensidão de desigualdades, pois enquanto ele serpenteia a vida das pessoas, faz todos sofrerem por seu veneno em semelhates proporções. Ele é justo, ao menos, já que não há possibilidades de comprá-lo.
Estava enganado em pensar que os nascidos em Centrium desejavam apenas a Liberdade, como se somente isso fosse capaz de preencher os espaços vazios arrancados pela dor de não possuir esperança. Há algo a mais nos relâmpagos de aumejo dos infelizes: o tempo poderia os fazer acreditar em um futuro, por mais que talvez fosse inexistente, ainda assim, as nuances da ilusão seriam melhores que a realidade vivenciada.
Tempo a mais para amar, tempo a mais para cuidar e ser cuidado, tempo a mais para desejar ser amado. E tempo a mais para vinganças, tempo a mais para se arrepender de todas as escolhas, tempo a mais para temer a morte ou tempo a mais para torcer por sua chegada.
Afinal, não sabemos o que acontece depois de Centrium, só sabemos que após ele, nada será um inferno.
Alguns retiram suas próprias vidas se baseando nisso, outras cometem o erro de nutrir sentimentos por alguém e a vontade de morrer evapora das mentes delas com a mesma rapidez que as atingiu.
Para essas pessoas que permanecem com suas almas ancoradas no submundo, há coisas que as fazem questionar os seus princípios diversas vezes, tais como entender que não há espaço para o amor nesse lugar, mesmo já estando completamente apaixonadas, ainda que o tempo estivesse ao favor dele. Seria como regar uma planta morta com ácido, e vê-la se definhar gradualmente sem poder fazer algo sobre.
A não ser: nunca ter começado a regar.
Eu era o ácido e ele a plantinha que lutava para entender quem era e porque não podia crescer como as outras saudáveis distantes de Centrium.
Suas cicatrizes estavam por toda a extensão dos braços desnudos banhados por tintura.
Sua silhueta descia as escadarias do salão com elegância de um cisne e a sagacidade de uma rapoza.
O queixo erguido delineava a linha marcada que descia o seu maxilar e envadia para dentro de seu colete de alfaiataria azul escuro.
Os fios de cabelos que caíam sobre sua testa mostravam sua despreocupação em aparecer desarrumado em um evento de tanta importância.
Ele sabe que estou aqui, seus olhos se agitam na multidão, embora queira olhar apenas para frente.
Por alguns instantes, termino minha análise completa de sua nova versão estacionando minhas órbes nas suas, as quais já me observavam há mais tempo que havia notado.
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O Manual das Borboletas 🦋 • jjk + pjm
Fanfiction[Em andamento] Jungkook Jeon Lennox cresceu em uma família regada de amor e acima de tudo união. No entanto tais adjetivos passaram a ser inúteis após a misteriosa e trágica morte de seu irmão mais velho, Liam Jeon Lennox, a qual dividiu bruscam...