Capítulo 97

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Estou parada ali, imóvel, observando a cena diante de mim. A tensão é palpável, como se o ar estivesse pesado e prestes a explodir.

Eric parece estar em um dilema interno, lutando contra si mesmo para decidir o que fazer. Ele oscila entre atirar e não atirar em Lucas, e eu posso sentir sua angústia e confusão.

Lucas está parado, olhando fixamente para Eric, sem dizer uma palavra. Ele sabe que sua vida está nas mãos do seu próprio irmão, e sua expressão é uma mistura de tristeza e resignação. Eu sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto observo a cena. Não quero que Eric atire em Lucas. Eu não sei o que fazer, e me sinto impotente diante da situação.

Eric hesita por mais um momento, e então, com um suspiro profundo, baixa a arma. Eu solto um suspiro de alívio, mas ainda estou triste pela situação.

— Eu não posso fazer isso... Eu não quero me tornar um assassino como meu pai — Eric diz, chorando.

Eu sinto meu coração se apertar ao ouvir as palavras de Eric. Sei que ele está lutando contra seus próprios demônios e traumas, e isso é mais do que ele pode suportar. Eu me aproximo dele devagar, sem saber o que dizer.

— Ei, tudo bem, eu estou aqui — eu digo suavemente, colocando minha mão em seu ombro.

Eric se vira para mim e me abraça, me apertando com força. Eu sinto as lágrimas dele molhando minha blusa, e eu o abraço de volta, tentando transmitir todo o meu apoio.

Eu acaricio suas costas, tentando acalmá-lo. Não há palavras que possam consertar o que acabou de acontecer, mas eu sei que posso estar ao lado dele enquanto ele enfrenta seus próprios medos.

Eu olho para Lucas, que está parado ali com um olhar vazio e distante.

Eu me afasto de Eric e vejo Lucas caminhar lentamente em direção ao Dylan. Ele para na frente dele e eles se encaram por um momento silencioso.

— Eu sinto muito, cara — Lucas diz, sua voz rouca de emoção. — Eu nunca quis que as coisas terminassem assim entre nós. Eu fiquei cego pela raiva... Me perdoa por tudo, velho amigo...

Dylan parece surpreso com as palavras de Lucas, mas seu rosto suaviza e ele balança a cabeça.

— Eu já te perdoei, irmão. Me perdoa também por não ter sido leal com você...

Eu fico ali, observando a cena com uma mistura de emoções. É incrível como as coisas podem mudar tão rapidamente, de uma situação de tensão e conflito para um momento de reconciliação.

Lucas e Dylan se abraçam, e eu sinto meu coração se aquecer com a cena. Eu sei que há muito mais história entre eles do que eu possa imaginar, mas é bonito ver que, apesar de tudo, eles ainda se importam um com o outro.

Lucas respira fundo e se vira para mim e Eric.

— Eu sei que vocês nunca vão me perdoar, mas eu preciso dizer isso. Eu sinto muito pelo que fiz, pela dor que causei a vocês e a todos os outros. Eu sei que não posso desfazer o que fiz, mas quero que saibam que eu sinto muito.

Eric e eu nos entreolhamos, sem saber muito bem o que dizer. Eu sinto um nó na garganta, mas tento encontrar as palavras certas.

Lucas se afasta de nós três com um revólver em mãos. Ele se vira para nós e mira na própria cabeça.

— Lucas?! O que está fazendo? — pergunto, em choque.

— Lucas, não faz isso! — Eric tenta se aproximar dele, mas Lucas balança a cabeça, ainda apontando a arma para si mesmo.

— Eu não posso mais viver com o que fiz. Eu não mereço viver — Lucas diz, sua voz trêmula. — Adeus... Pessoal...

Eu sinto meu coração acelerar, e tento pensar em algo para fazer. Mas antes que eu possa fazer qualquer coisa, ouço um tiro.

— NÃO! — Eric grita. 

— LUCAS! — Dylan também grita.

Eu cubro meu rosto com as mãos, sentindo lágrimas escorrerem por elas. Quando finalmente consigo abrir os olhos, vejo Lucas caído no chão, sem vida. Eric e Dylan correm até ele.

— Não, não, não! — Eric grita desesperado enquanto se agarra ao corpo de Lucas.

Eu fico parada ali, sem saber o que fazer. A cena é surreal, e eu não consigo acreditar que tudo isso aconteceu em questão de minutos. Eu me aproximo lentamente de Eric e Dylan, tentando encontrar palavras de consolo, mas as palavras parecem insuficientes diante da tragédia.

Eric está chorando, segurando o corpo de Lucas em seus braços. Dylan está de joelhos ao lado deles, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu coloco minha mão no ombro de Eric, tentando transmitir meu apoio e solidariedade.

— Eu sinto muito... — murmuro, com a voz embargada.

Eric olha para mim, com olhos vermelhos e inchados.

— O que fizemos, Clara? — ele pergunta, soluçando. — Como deixamos as coisas chegarem a esse ponto?

Eu não sei o que dizer. A verdade é que eu também sinto que falhamos de alguma forma. Talvez pudéssemos ter evitado tudo isso se tivéssemos conversado mais, se tivéssemos nos aberto mais uns com os outros, mas agora é tarde demais. Agora, só podemos lamentar e tentar seguir em frente, com a cicatriz dessa tragédia marcada em nossos corações para sempre.

Ficamos ali em silêncio, em uma espécie de vigília pela alma de Lucas. Não há mais nada que possamos fazer.

— Eu nunca tive contato com o Lucas, mas agora sinto que poderia ter feito mais para ajudá-lo. Eu sempre soube que algo não estava certo com ele, mas não fiz nada. Não posso deixar isso acontecer de novo com mais ninguém... Eu preciso fazer algo — diz Eric aos prantos.

— E ele também era meu melhor amigo... Eu também não fiz nada... Eu deveria ter sido mais leal com ele, ter ouvido suas preocupações e ajudado de alguma forma — diz Dylan.

Os dois estão completamente abalados. Eles se olham, e eu posso ver a dor em seus olhos. Eu sei que essa é uma situação que nunca será esquecida, mas espero que eles possam encontrar um caminho para seguir em frente e encontrar alguma paz em meio a tanta tragédia.

Continua...

O Professor - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora