Capítulo 47

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Henry e eu entramos no prédio da universidade. Fico pensando na possibilidade de Eric, Dylan e eu sermos um trisal, e não vou negar que gosto da ideia, mas não vai depender só de mim. Para isso, eles também precisam gostar da ideia, o que eu acho impossível. Por enquanto, é só uma ideia improvável.

Nesse momento, um grupo de garotas passa por nós, flertando com Henry.

— Oi, Dylan... — diz uma garota punk que confunde Henry com o Dylan, sorrindo e acenando para ele. Henry revira os olhos.

— Será que essas garotas não percebem que eu não sou o Dylan? Tudo bem, somos gêmeos idênticos, mas as nossas roupas são totalmente diferentes, dá para diferenciar — ele diz, olhando para as suas roupas de forma engraçada, e eu começo a rir.

— Mas você não pode negar que você também faz sucesso com a mulherada, você também é bonito, não é a toa que elas sempre acham que você é o Dylan.

— Pena que nenhuma garota faz o meu tipo — Ele sorri enquanto coloca o braço em volta dos meus ombros.

— Que pena... Você não escaparia de mim...

— Você, falando desse jeito, eu fico até com medo.

Nós começamos a rir e então percebemos Dylan se aproximando de nós. O sorriso de Henry desaparece.

— Oi... Tudo bem com vocês? — Dylan cumprimenta, sem jeito.

— Oi, Dylan... — digo.

O clima entre nós três começa a pesar. Henry está incomodado com a presença dele.

— Henry... Podemos conversar...?

— Não tenho nada para falar com você.

Dylan fica triste.

— Henry... Já faz uma semana... Eu sinto a sua falta, irmão — Dylan toca no ombro dele, mas Henry tira a mão dele de forma fria.

— Eu não tenho mais irmão.

Dylan suspira, tentando segurar as lágrimas.

— O que eu posso fazer para você me perdoar?

Henry engole a saliva, sentindo um nó na garganta. Ele também está tentando segurar suas lágrimas.

— Clara... Eu vou indo na frente... — Ele sai rapidamente, me deixando a sós com Dylan. Eu olho para ele sentindo pena.

Dylan suspira tristemente e se encosta na parede, olhando para o nada.

— Meu irmão me odeia, Barbie...

— Eu sinto muito, Dylan...

— Você acha que um dia Henry irá me perdoar?

— Claro que sim, Dylan. O Henry não é de guardar rancor, você sabe disso.

— Eu não sei... Quando brigamos, eu mencionei o nome da Elisa... Eu nunca deveria ter mencionado...

— Quem é Elisa, Dylan? — pergunto, curiosa.

Dylan suspira e senta na escadaria com um olhar triste e distante, seus braços estão apoiados nos joelhos e suas mãos entrelaçadas. Sento ao seu lado para ouvir o que ele tem a dizer.

— Elisa... Foi a primeira e única namorada do Henry...

— O Henry me contou que ele tinha uma namorada antes de descobrir ser gay.

Ele olha para baixo com uma expressão de culpa.

— Fiz uma coisa horrível, que provavelmente nunca vou me perdoar...

— O que você fez? — pergunto, curiosa.

Dylan suspira novamente, tentando criar coragem para dizer.

— Eu e a Elisa... Nós tivemos um caso... 

— Um caso...? — pergunto, perplexa.

— Sim... Nós tínhamos um caso pelas costas do Henry... 

Eu fico em choque com a minha mão na boca.

— A Elisa estava apaixonada por mim... E eu também por ela... Começamos a namorar escondidos enquanto ela estava com o Henry... 

Dylan conta que Elisa estava insatisfeita com a sua relação com o Henry, já que ele a não enxergava como mulher. Provavelmente, na época, Henry estava se descobrindo. Então, Dylan se aproximou propositalmente dela com a intenção de roubar a namorada do seu irmão e passaram a viver escondidos. 

— A Elisa dizia que eu era um homem de verdade e falava mal do Henry pelas costas, dizendo que ele era frouxo e mariquinha... E eu fui totalmente imoral...

Dylan conta que Henry flagrou os dois transando na cama dele e partiram para agressão naquele mesmo momento. Depois de um tempo, ela e Dylan passaram a namorar, mas ela também partiu o coração dele, quando traiu Dylan na festa de formatura. Isso explica o motivo do Dylan nunca querer um relacionamento sério com ninguém. A Elisa partiu o coração dos gêmeos.

— Você não sabe como me arrependo...

— Agora entendo o motivo do Henry não te perdoar...

— Sim... Eu não me preocupei com os sentimentos do meu irmão... Antigamente, eu não me importava de não falar com ele, mas hoje em dia me dói muito...

— Dylan...

Dylan suspira, tentando segurar o choro.

— Eu não aguento mais isso, Barbie... Eu quero o meu irmão de volta... — ele diz com a voz embargada. 

— Não segure o choro, Dylan... Chore tudo o que você tem para chorar... Isso vai te fazer bem — digo, calmamente, segurando a sua mão. Ele chora e me abraça com sua cabeça apoiada no meu ombro e suspiro lentamente, acariciando a sua nuca. Eu também choro, emocionada.

Não consigo pensar em mais nada, estou totalmente envolvida em seus braços, sentindo o calor do seu corpo. Eu me sinto totalmente impotente. Nunca imaginei que encontraria o Dylan dessa forma tão frágil. O bad boy tem um lado sensível. Não tenho vontade de soltá-lo.

Após alguns segundos nos meus braços, ele se afasta, enxugando suas lágrimas.

— Droga... Por que estou chorando? Chorar é para os fracos — ele reclama, me fazendo rir.

— Chorar não é sinal de fraqueza, Dylan. Chorar é a maior prova que você é forte. Pessoas fortes tem coragem de admitir que estão tristes — Eu dou um sorriso triste, acariciando o seu rosto com meu polegar.

— Eu não queria que você me visse assim... — Ele fica envergonhado.

— Está tudo bem... Não estou aqui para te julgar...

Nós ficamos nos olhando fixamente, sentindo meu coração bater mais forte. Não estou aguentando mais, meus sentimentos por ele está ficando cada vez mais forte. Estou com muita vontade de beijá-lo. Nós nos afastamos um do outro, envergonhados.

— Obrigado por me ouvir, Barbie...

— Você sabe que pode sempre contar comigo.

Ele balança a cabeça com um sorriso triste e beija a minha testa.

— Clara?! — Ouço uma voz familiar atrás do Dylan e me deparo com Eric, totalmente em choque.

— E-Eric...? — Eu me levanto, assustada. Quando ele voltou de viagem, e por que ele não me avisou?

— O que significa isso? — ele pergunta, abismado.

— Eric... Não é o que você está pensando...

Estou tremendo, suspirando incansavelmente.

— Como não? Eu peguei o filho do reitor beijando a sua testa — ele esbraveja.

— Calma, amigo. Não aconteceu nada. Só estávamos conversando — Dylan explica.

— Sim... 

Eric está em silêncio, decepcionado e vai embora, dando meia volta.

— Eric, espera! — grito, correndo atrás.

Continua...

O Professor - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora