Capítulo 37

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Mais tarde, naquela noite, eu volto para casa de ônibus, ainda tentando processar tudo o que aconteceu no meu primeiro dia de estágio. Estou exausta, mas ao mesmo tempo animada com as oportunidades que estão surgindo na minha carreira. Minha rotina será bem agitada e cansativa daqui para frente, faculdade de manhã e estágio à tarde. Agora, eu terei que conciliar essas duas partes da minha vida, mas isso não quer dizer que eu não esteja gostando. Muito pelo contrário, estou amando. Já sou uma mulher independente e agora só preciso encontrar um lugar para morar, de preferência perto da universidade.

Desço do ponto de ônibus e caminho pela calçada em direção à minha casa, sentindo a brisa fresca da noite. A rua está relativamente tranquila, com poucas pessoas passando e algumas luzes acesas nas janelas das casas. Coloco meus fones de ouvido, ouvindo uma música suave enquanto caminho. No entanto, uma sensação estranha começa a me incomodar, como se alguém estivesse me observando. Tento ignorar, atribuindo isso ao cansaço e ao estresse do dia.

Olho as horas do meu celular e vejo que são quase 9h da noite. Estou perto de chegar em casa quando sinto uma movimentação estranha atrás de mim. Olho para trás e encontro um homem alto e robusto encapuzado com uma blusa cinza. Ele está caminhando lentamente na minha direção e ele para assim que eu me viro para olhar. Meu coração acelera e uma sensação de alerta toma conta de mim. Tento me convencer de que é apenas coincidência, que ele deve estar indo para algum lugar e não tem nada a ver comigo. Continuo andando, mas minha respiração está pesada e meus passos mais rápidos.

A música nos meus fones de ouvido parece distante agora, abafada pela adrenalina que percorre meu corpo. Olho novamente para trás e vejo que o homem ainda está lá, mantendo a mesma distância, mas agora parece mais intencional, como se estivesse me seguindo de verdade. Sinto um calafrio na espinha e meus instintos me dizem para acelerar o passo.

Penso em ligar para alguém, mas não quero parecer paranoica. Tento lembrar de todas as aulas de autodefesa que já assisti e procuro um lugar onde possa me refugiar temporariamente, como uma loja ou um café, mas tudo está fechado a essa hora.

Estou quase correndo agora. Viro uma esquina rapidamente, na esperança de despistar o homem encapuzado. Meu coração está batendo tão rápido que parece que vai explodir. Tento manter a calma, mas a sensação de ser perseguida é avassaladora. Estou quase em casa, mas a distância parece infinita.

Finalmente, vejo minha casa ao longe. A visão me dá um pouco de esperança e acelero ainda mais, praticamente correndo. Quando olho para trás mais uma vez, o homem está ainda mais perto, como se ele tivesse aumentado o ritmo para me acompanhar.

Chego à porta de casa, minhas mãos tremendo enquanto procuro as chaves na bolsa. Finalmente as encontro, mas minhas mãos trêmulas dificultam o encaixe da chave na fechadura. Olho para trás, o homem está quase na calçada em frente à minha casa. Com um último esforço, consigo abrir a porta e me jogo para dentro, fechando e trancando-a rapidamente.

Pressiono minhas costas contra a porta, ofegante, tentando recuperar o fôlego. A sensação de segurança ao estar dentro de casa é quase esmagadora, mas a adrenalina ainda percorre minhas veias. Escuto o silêncio ao meu redor, cada pequeno ruído amplificado pelo meu estado de alerta.

Tiro os fones de ouvido e fico em silêncio absoluto, tentando ouvir qualquer sinal do homem lá fora. Por alguns momentos, não ouço nada além do som do meu próprio coração batendo acelerado. Aos poucos, a realidade do que aconteceu começa a se estabelecer. Eu estava realmente sendo seguida.

— Clara, você está bem? — Ouço a voz da minha mãe que me dá um baita susto. Eu me viro e encontro sentada sobre a mesinha, trabalhando em seu notebook.

O Professor - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora