Nymeria.
Ao sentir os olhos se abrirem, parecia que seu corpo estava fora de si, de tão dormente que se encontrava. A vista, era confusa, como um grande clarão depois de tanta escuridão e a boca, estava seca.
Nymeria demorou a se acostumar, até piscar as pálpebras algumas vezes e ver que seu olhar se dava de frente para o teto de uma sala iluminada pela luz da janela escancarada.
Itachi... foi a primeira coisa que pensou, mas a garganta estava tão seca que sequer conseguia falar.
- Água... – Sussurrou de forma horrível, rouca, quase como se estivesse morrendo ali mesmo.
- Nymeria-sama! Chamem Tsunade-sama, agora! – Ouviu uma voz atordoada, permitindo-se desviar os orbes e encontrar fios rosados se remexendo até a cama. – Consegue me ouvir? Como se sente?
- Á-água... – Suplicou outra vez.
- Claro! Me desculpe... – Em pouquíssimo tempo a garota auxiliou o líquido lhe adentrar a boca.
- Naruto e Sasuke... – Se colocou a falar, ainda rouca, mas com um pouco mais de forma em sua voz.
- A senhora os salvou, Nymeria-sama. – Se assustou ao sentir o aperto em uma de suas mãos deixado pela garota que segurava como se dependesse daquilo. – Salvou a todos nós... estava tudo perdido e Naruto, Sasuke-kun iam se matar...
Nymeria por um tempo pensou no que dizer, mas, na verdade, não sabia como reagir. Alguém além daqueles que estava acostumada sabia da existência dela e a agradecia e afagava sua mão com carinho, como se ela não fosse apenas um segredo.
Na realidade, sabia que não era. A guerra acabou, Madara estava morto e o Juubi, provavelmente, dentro de si, mas o que mais a assustava era pensar como reagir ao agradecimento daquela doce menina ou de outras pessoas que, sabendo agora de sua existência, salvou.
- Itachi, eu... – Tentou falar, se desviando dos pensamentos que estavam a deixando desconfortável, mas foi logo interrompida pela garota.
- Sasuke-kun, vai partir em breve... – Disse a rosada, em tom triste e amedrontado, como se entendesse o que Nymeria queria.
- Preciso falar com ele...
- Nymeria-sama, você precisa se acalmar. – A mais nova segurou seus ombros, como se ordenasse que permanecesse deitada. – Você estar viva é quase um milagre, ocasionado pelas suas células modificadas e pela besta de caudas dentro de você. – Respirou fundo. – Não poderá fazer ninjutsus que custam sua vida por um tempo, afinal, seus pontos de chakra foram todos quebrados.
Nymeria sentiu a lágrima solitária escorrer em sua bochecha enquanto balançava a cabeça em negação para si mesma. Afinal, de que adiantava todo aquele poderio agora? Sabia o que podia fazer, mas sequer poderia tentar executar.
- Onde está Sasuke? – Perguntou, sentindo o impulso fazer com que suas forças retornassem aos poucos.Mas antes que pudesse se levantar completamente contra a vontade de Sakura, a sala foi adentrada, junto de seus pais, Tsunade e Kakashi, fazendo com que novamente aquela sensação de desconforto a invadisse. Era estranho demais pensar que agora havia mais pessoas ao seu redor.
- Filha, como você está? Se sente bem? – Ouviu a própria mãe soar um pouco aflita. – Você foi descuidada, nunca imaginei que colocaria sua vida a prova assim!
- Sua mãe tem razão, Nymeria. – Agora quem lhe dava um sermão era seu pai.
Sinceramente, por mais que entendesse a preocupação de ambos, a impaciência era o que mais estava presente naquele momento. O que havia se passado? Dias? Meses? O ar que pairava sob o ambiente não parecia como havia deixado há alguns tempos, fora que tinha outras ccoisas das quais queria resolver.
- Nós não sabemos como agradecê-la por tudo que você fez, Nymeria. – Estranhou aquele homem de cabelos acinzentados dirigir-se diretamente a si, mesmo que parecesse estar tão tímido na situação quanto ela. – Conforme o seu pacto com a Godaime Hokage, sua vida não será mais um segredo e você não precisa mais ser um trunfo para a Aldeia.
- O que?! – Bradou, levantando o tronco, para observar todos ao redor. – Eu permanecerei sendo a protetora da Vila, não há motivos para me tirarem do cargo.
- Estamos iniciando, enfim, um longo período de paz, Nymeria. – Tsunade finalmente se pronunciou, segurando a mão da protegida com afago. – Não se preocupe, você sempre será útil, mas tente relaxar. Você cumpriu o seu dever.
Ouvir aquilo soou estranho para si, pois a sensação ainda não se tinha formado em seu âmago. Itachi permanecia vivo somente em sua memória e o toque do homem era palpável apenas em sua imaginação, que mesmo que precisasse de um pouco descanso, não conseguia descansar de imaginá-lo.
- Kakashi-sama, o senhor é o novo hokage, eu presumo. – Nymeria, disse sem expressão. – Podemos ter uma reunião, mais formal, somente nós dois?
- Claro! Quando estiver recuperada, pode me procurar, estarei à disposição.
- Obrigada. – Respirou fundo. – Se me permitirem, quero ficar um pouco sozinha.
Sabia que tinha que saber como estava a situação do garoto Uchiha, mas o vazio estava a preenchendo de novo. A tristeza que sentiu ante aquela guerra estava toda ali, mesmo após seu breve momento com a alusão de Itachi por perto, por meio daquele Edo Tensei.
Quão insuficiente sempre foi para ele, afinal. Da infância após a morte, nunca conseguiu ajudá-lo em absolutamente nada, nunca conseguiu, sequer, ficar ao lado dele, como sempre prometeram fazer um para o outro.
A lembrança da confissão do Sandaime estava em sua memória. Ele publicamente disse o que ela nunca havia dito, mas que demorou anos suficientes a entender. Os sentimentos, os poderes, os instintos, todos estavam ativos e na presença daquela sua devoção, do homem que amava.
Uchiha Itachi.
Juntou as próprias mãos no rosto para que ninguém a visse chorando, mas chorava tão alto e soluçava, que qualquer um perto da porta ao lado de fora a ouviria naquele momento de negação.
- Me desculpe... – Falou, entre sussurros e soluços. – Ainda não consigo, Itachi... – Limpando o próprio nariz que escorria pelos lábios. – Ainda não estou ao seu lado...
[...]
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𝐼 𝑏𝑟𝑜𝑢𝑔𝒉𝑡 𝑦𝑜𝑢 𝑏𝑎𝑐𝑘. - 𝓘𝓽𝓪𝓬𝓱𝓲 𝓤𝓬𝓱𝓲𝓱𝓪.
FanfictionPode parecer absurdo, mas eu passei minha vida inteira de maneira secreta por Konoha. Não como uma bandida ou como uma nukenin que vive pelas sombras, eu era a arma, a chama da vontade do fogo. Vivia num isolamento, numa vida repleta de treinos árdu...