SEIS - LUZ

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Chegar a minha casa depois de tantos dias fora não tem preço, aquela semana na Espanha foi legal, mas nada se compara a casa da gente. Minha sala de estar com janelas de vidro de alto a baixo deixando todo o local claro, com meus próprios bibelôs e toda a decoração moderna que ambientava o lugar. Eu tinha comprado cada um daqueles moveis, quadros, tapetes, cortinas, com muito amor, tinha escolhido o piso da minha sala pensado em algo duradouro. Esse apartamento realmente é a minha cara.

Senti saudade ainda mais do meu quartinho lindo e maravilhoso, do meu pequeno laboratório que tinha sido montado no quarto ao lado do meu, onde eu poderia dar vida as minhas ideias assim que elas surgissem dessa minha cabecinha destrambelhada; senti falta também da paz silenciosa que reinava no local, pois se tinha uma coisa que uma grande família espanhola tinha em sua casa, essa coisa era barulho pra dar e vender; e eu estava com saudades de ouvir meus próprios pensamentos. Apesar de já está com saudade do meu país e da minha família, eu me sentia aliviada de estar de volta em meu lar.

Estiquei-me embaixo de minhas cobertas e bocejei acordando aquela manhã de sexta, daqui a duas semanas eu voltarei a trabalhar nos laboratórios da Armani, e tudo o que consigo pensar é em curtir um pouco mais da minha caminha quentinha e gostosa. Virei-me pro lado e senti um corpinho pequeno e peludo se espreguiçar ao meu lado em posição fetal. Estiquei meu braço e afaguei sua cabecinha macia e cheirosa, meu amorzinho gemeu contente.

- Bom dia Cooper! - falei puxando o corpinho do meu yorkshire que apenas se aconchegou em meu abraço enquanto cheirava-me com preguiça e muita satisfação depois de tantos dias longe de mim. - Mamãe sentiu saudade de acordar com você todas as manhãs. - beijei sua cabecinha e ele apenas se esticou novamente ainda de olhinhos fechados.

Comprei Cooper há dois maravilhosos anos, pois morar sozinha em um país estranho te deixa meio carente na maioria das vezes, e ele se tornou meu melhor amigo e companheiro, por ele eu tenho por quem voltar todos os dias para casa, e não há mais solidão em meu lar. Sendo apegada a ele como sou, foi com muita dor em meu coração que deixei ele no pet shop as duas semanas que fiquei fora, pois não queria ter que estressá-lo enfiando-lhe em uma gaiola e lhe mandando junto com a carga pra Europa pra duas semanas depois ter que voltar a fazer o mesmo quando voltássemos para casa. Ele ficaria muito estressado com toda essa movimentação sem necessidade.

Dormimos por quase duas horas naquela mesma posição sem nos mexer, ele sempre dormia comigo quando não tinha nenhum cara passando a noite aqui comigo, até que meu telefone começou a tocar insistentemente sem se tocar que eu ainda estava com o fuso horário meio descontrolado. Estiquei meu braço muito lentamente até o meu Iphone que estava jogado sobre o meu criado mudo e cliquei pra atender sem nem se que olhar o visor do aparelho, afinal de contas eu sabia bem quem era a inconveniente que estava me ligando com tanta insistência.

- Alô! - atendi com a voz ainda grogue de sono, meus pensamentos ainda se encontravam meio desordenados.

- Não acredito que você anda está dormindo sua cadela sumida! - a voz de Leah soou brincalhona do outro lado da linha, intimidade é uma desgraça mesmo. - Acorde Luz do dia, meu amor, vamos fazer alguma coisa, carinhoooo! - ela falava em um espanhol ruim, pois mesmo que tenha se esforçado pra aprender a minha língua natal, parecia que ela não entrava em seu cérebro de jeito nenhum.

Leah Bennett, minha melhor amiga louca e encrenqueira desde a faculdade, sempre parecia à animação em pessoa, constantemente estava me arrastando pra tudo quanto era programa. Agitação e badalação eram com ela mesma! Acho que isso se devia ao fato de sua mãe ser uma grande promoter de festas e eventos e continuamente a carregou pra tudo quanto era festa que ela organizava desde sua infância, era baladeira até a alma.

Nada SubmissaOnde histórias criam vida. Descubra agora