Capítulo 4

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Ele virou o rosto para olhar pela janela. Parecia que quanto mais nevava, mas ele acelerava o carro.

— Onde é o incêndio, Sr. Pruk?

Ele começou a rir. Seus dentes eram irritantemente alvos e perfeitos, e o sorriso, encantador.

— Eu também quero rir da piada — ele ironizou.

— Não é piada, querido. Acontece que sou capitão do Corpo de Bombeiros.

— Não! — Ele se voltou para olhá-lo. — Tá de sacanagem!

— Claro que não!

— Você é bombeiro mesmo?

Ele confirmou com um gesto de cabeça.

— Sou capitão, e estou estudando para tentar o posto de comandante.

— Oh, sim, sim!— ele exclamou, compreendendo o motivo do corpo do maior ser bem atlético e firme, não que ele tivesse olhado muito, era apenas que ele não conseguia não olhar para o peitoral enorme do homem.

Até aquele momento, Nunew não tinha ideia de quanto um bombeiro ganha. O imóvel às margens do lago Berdwoo estava avaliado em quatrocentos e cinquenta mil dólares.

O bombeiro perturbado teria todo aquele dinheiro, ou ele estava perdendo seu precioso tempo? Nunew tossiu levemente. Tinha que sondá-lo.

— Como conheceu Max?

— Sou professor de mergulho. Ele é meu aluno.

— É mesmo?

Nunew era um garoto da cidade. Mergulho estava fora do alcance de seu nível de entendimento, parecia perigoso demais e, de certa forma, contra a natureza humana.

Encapsular-se em vestes de borracha, respirar através de um tubo, e depois, isolar-se nas profundezas das águas escuras eram situações que não combinavam com seu conceito de divertimento.

— Esse é um dos motivos pelos quais estou interessado nessa propriedade à beira do lago. Há no lago Berdwoo nove reservas subaquáticas onde podemos explorar navios naufragados. É um verdadeiro paraíso para os amantes do esporte!

— Entendo. — Não, ele ainda não entendera. — Um chalé de veraneio não seria mais apropriado? Essa casa é muito grande, quase uma mansão, eu diria. — Sutilmente, ele estava tentando mencionar a questão do preço. —No inverno tudo fica mais difícil, principalmente o acesso ao lago.

— Eu não quero um chalé só para passar o verão. Quero uma casa para onde possa vir o ano inteiro, para mergulhar em águas congeladas.

— Mergulhar em águas congeladas? — ele repetiu com perplexidade como se ele houvesse falado alguma blasfêmia.

— Isso mesmo. Você nunca ouviu falar?

Nunew sentiu seu coração acelerar quando Zee falou sobre mergulhar em águas congeladas. Ele nunca tinha ouvido falar disso antes e a ideia a deixou perplexo. Ele tentou manter o tom neutro da conversa, mas Pruk parecia notar a sua inquietude e continuou falando sobre a prática. Ele não conseguiu evitar a pergunta:

— Vocês fazem isso por prazer ou como uma espécie de punição?

Pruk pareceu surpreso com a pergunta. Nunew ficou chocado e se desculpou, mas não pôde evitar ressaltar sobre os comentários grossos que ele havia feito anteriormente. Pruk desviou o olhar da estrada por um momento e o fitou intensamente, mas Nunew manteve o rosto impassível.

Pruk continuou falando, mas desta vez em um tom mais divertido. Ele disse que poderia ensinar a ele coisas mais agradáveis para passar o tempo em vez de alfinetar os seus clientes. Nunew protestou, dizendo para ele não chamá-lo de "querido" e sim pelo seu nome, Nunew Chawarin.

Pruk perguntou se ele queria voltar por causa da neve e Nunew respondeu com sarcasmo que se ele não conseguisse lidar com a neve, não deveria ter comprado uma casa à beira do lago Berdwoo.

Pruk sorriu e disse que representava um obstáculo para qualquer pessoa. Nunew riu e disse que ele era um homem sem graça. Eles estavam empatados e Nunew não sabia se deveria se sentir animado ou irritado com Pruk . Ele decidiu que era melhor continuar a conversa com ele se quisesse realizar aquela venda de uma forma amigável. 

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