Ele virou o rosto para olhar pela janela. Parecia que quanto mais nevava, mas ele acelerava o carro.
— Onde é o incêndio, Sr. Pruk?
Ele começou a rir. Seus dentes eram irritantemente alvos e perfeitos, e o sorriso, encantador.
— Eu também quero rir da piada — ele ironizou.
— Não é piada, querido. Acontece que sou capitão do Corpo de Bombeiros.
— Não! — Ele se voltou para olhá-lo. — Tá de sacanagem!
— Claro que não!
— Você é bombeiro mesmo?
Ele confirmou com um gesto de cabeça.
— Sou capitão, e estou estudando para tentar o posto de comandante.
— Oh, sim, sim!— ele exclamou, compreendendo o motivo do corpo do maior ser bem atlético e firme, não que ele tivesse olhado muito, era apenas que ele não conseguia não olhar para o peitoral enorme do homem.
Até aquele momento, Nunew não tinha ideia de quanto um bombeiro ganha. O imóvel às margens do lago Berdwoo estava avaliado em quatrocentos e cinquenta mil dólares.
O bombeiro perturbado teria todo aquele dinheiro, ou ele estava perdendo seu precioso tempo? Nunew tossiu levemente. Tinha que sondá-lo.
— Como conheceu Max?
— Sou professor de mergulho. Ele é meu aluno.
— É mesmo?
Nunew era um garoto da cidade. Mergulho estava fora do alcance de seu nível de entendimento, parecia perigoso demais e, de certa forma, contra a natureza humana.
Encapsular-se em vestes de borracha, respirar através de um tubo, e depois, isolar-se nas profundezas das águas escuras eram situações que não combinavam com seu conceito de divertimento.
— Esse é um dos motivos pelos quais estou interessado nessa propriedade à beira do lago. Há no lago Berdwoo nove reservas subaquáticas onde podemos explorar navios naufragados. É um verdadeiro paraíso para os amantes do esporte!
— Entendo. — Não, ele ainda não entendera. — Um chalé de veraneio não seria mais apropriado? Essa casa é muito grande, quase uma mansão, eu diria. — Sutilmente, ele estava tentando mencionar a questão do preço. —No inverno tudo fica mais difícil, principalmente o acesso ao lago.
— Eu não quero um chalé só para passar o verão. Quero uma casa para onde possa vir o ano inteiro, para mergulhar em águas congeladas.
— Mergulhar em águas congeladas? — ele repetiu com perplexidade como se ele houvesse falado alguma blasfêmia.
— Isso mesmo. Você nunca ouviu falar?
Nunew sentiu seu coração acelerar quando Zee falou sobre mergulhar em águas congeladas. Ele nunca tinha ouvido falar disso antes e a ideia a deixou perplexo. Ele tentou manter o tom neutro da conversa, mas Pruk parecia notar a sua inquietude e continuou falando sobre a prática. Ele não conseguiu evitar a pergunta:
— Vocês fazem isso por prazer ou como uma espécie de punição?
Pruk pareceu surpreso com a pergunta. Nunew ficou chocado e se desculpou, mas não pôde evitar ressaltar sobre os comentários grossos que ele havia feito anteriormente. Pruk desviou o olhar da estrada por um momento e o fitou intensamente, mas Nunew manteve o rosto impassível.
Pruk continuou falando, mas desta vez em um tom mais divertido. Ele disse que poderia ensinar a ele coisas mais agradáveis para passar o tempo em vez de alfinetar os seus clientes. Nunew protestou, dizendo para ele não chamá-lo de "querido" e sim pelo seu nome, Nunew Chawarin.
Pruk perguntou se ele queria voltar por causa da neve e Nunew respondeu com sarcasmo que se ele não conseguisse lidar com a neve, não deveria ter comprado uma casa à beira do lago Berdwoo.
Pruk sorriu e disse que representava um obstáculo para qualquer pessoa. Nunew riu e disse que ele era um homem sem graça. Eles estavam empatados e Nunew não sabia se deveria se sentir animado ou irritado com Pruk . Ele decidiu que era melhor continuar a conversa com ele se quisesse realizar aquela venda de uma forma amigável.
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Aquela Noite
RomanceEra véspera de Natal daquelas bem memoráveis, o frio intenso e a neve que cobria tudo ao redor transformavam a paisagem em um conto de fadas. Na casa à beira do lago Berdwoo, o belo e destemido Nunew Chawarin se viu isolado do mundo em meio a tempes...