Capítulo 18

240 29 1
                                        

Zee acordou sentindo-se milagrosamente recuperado. Afastou as cobertas, espreguiçou-se, respirou fundo, e o aroma de carne assada inebriou-o. Abriu os olhos e piscou sem acreditar no que via. Só podia ser miragem. De onde surgira aquela árvore de Natal decorada e tudo? 

— Nhu? — ele chamou.

A garganta já não estava tão irritada, e a voz soou apenas ligeiramente rouca.
Ele esperou Zee acordar para dar continuidade ao seu plano de Natal. Foi ao banheiro, tirou a camisa azul e colocou uma almofada dentro da cueca vermelha. Então puxou um creme de barbear antigo do gabinete , improvisando barba e bigode, e mirou-se no espelho.
Estava ridículo, mas valeria a pena brincar um pouco.

— Nhu? — ele chamou novamente. — Onde você está? 

Ele respirou fundo e entrou na sala pulando.

— Ho! Ho! Ho! Feliz Natal!
Zee começou a rir. Se ele não risse, Nunew ficaria muito decepcionado.
— Vejo que você está melhor! — exclamou Nunew, entre risos e segurando a almofada na barriga.

— Você é um homem e tanto, Nhu. — ele murmurou com os olhos brilhando maliciosamente. — Quase aniquilou as minhas forças!

Nunew corou mas, no íntimo, ficou satisfeito. Precisava saber que ele se lembrava da noite encantada que tinham passado juntos.

— Você me surpreende a cada minuto, Nhu. — ele declarou. — Não é preciso ser gênio para saber que você foi lá fora, cortou esse pinheiro sozinho e que também improvisou os enfeites. Realmente, você sabe como usar sua criatividade.

— Ora, eu não sou apenas um rosto bonito, Zee Pruk. Às vezes, eu penso também!
Ele riu e apontou para a lareira.

— O que você está assando? — ele perguntou.
— O faisão que você abandonou na garagem.
— Mas que garota incrível! Até o faisão você aproveitou! Se bem me lembro, você disse que não sabia cozinhar.
— Eu disse que não cozinhava, e não que não sabia cozinhar. Sendo filho de Apple, a Rainha do Lar, é impossível não aprender!
— Você é uma caixinha de surpresas! — Zee repetiu com um sorriso encantador nos lábios.

Nunew caminhou até a mesa e voltou com um envelope.
— Para você — disse ele, entregando-o a Zee.
—Para mim? — Ele o abriu, leu a proposta de compra e olhou-a intrigado. — O que significa isso? 

Nunew encolheu os ombros.

— Sei que a proprietária aceitará trezentos e cinquenta mil.
— E seu ingresso no tal Clube Presidencial?
— Meu presente a você significa muito mais do que o ingresso no clube.
Terei outras oportunidades, pode apostar. — Ele se inclinou para beijá-lo.
— Cuidado com os germes! — Zee preveniu-o.
— Papai Noel está imune a todas as doenças — ele murmurou com os lábios colados ao dele.

Zee abraçou-o, afastou-lhe os cabelos do rosto e beijou-o avidamente.
Com voz enrouquecida, Nunew repetiu as palavras que ele proferira na noite anterior:
— Eu sei muito bem do que você precisa, Zee Pruk.
— Do quê? — Ele queria que Nunew dissesse. Ele arregalou os olhos.
— De uma sauna!
— Oh, isso é demais! — ele exclamou, antecipando as sensações que o banho lhes proporcionaria.
— Já empilhei a lenha. Depois de comermos nosso faisão, só será preciso acender o fogo.
— Todos esses presentes para mim, Nhu! O que eu posso lhe dar?
Ele o fitou com os olhos brilhando de desejo.
— Pensarei em algo, Super-homem.
— Bem, eu pensei em lhe dar aulas de mergulho, mas isso é pouco diante da tanta generosidade.

Nunew começou a rir. A barriga de almofada subia e descia e, tirando-a de dentro da cueca, atirou-a nele.
— Só mesmo um homem insensível poderia oferecer lições de mergulho a uma mulher que quase morreu congelada em um lago!
— Que gafe! — resmungou ele, cocando a cabeça.

Aquela NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora