— Posso fazer-lhe um questionamento? — Flora se pronunciou hesitante, já tinha guardado por muito tempo toda a sua curiosidade.
— Prossiga, amor. — Serena virou de frente para observá-la, ela estava sentada na banheira cheia de água no meio da sala da casa das duas.
Era fim de tarde e lá fora ventava muito alertando uma noite que seria muito fria, estavam prestes a voltar para as suas moradias separadas.
A morena começou a tirar as suas peças de roupa aos poucos.
— Quero que seja sincera. — Mexia nos dedos ansiosamente. — E não deixe de responder a nenhuma pergunta.
Era o típico início de conversa que você sabe que não vai terminar muito bem, porém insiste no erro, o típico início de conversa de uma mulher ciumenta que quer saber se a esposa fez alguma coisa de errado.
— E desde quando eu não sou sincera contigo? Não minto para você, doce. — A morena já imaginou o que vinha a diante, semicerrou os olhos.
— Tá bem. — Bufou como se aquilo não fosse o que queria ouvir. Serena logo percebeu que ela estava implicante demais naquele dia, não era a primeira vez que se comportava daquele modo. — Mas eu quero que seja ainda mais sincera. — Reforçou o seu pedido um tanto ríspida.
— Certo. — Levou a sério, tirando sua blusa de botões, viu a ruiva olhar para os seus seios e depois para o corpo quase desnudo, mas rapidamente desviou, estava focada em fazer seu papel meio irritadiço.
— Aquela moça... — Iniciou fazendo sua mulher erguer as sobrancelhas entendendo absolutamente tudo, segurando riso e já sabendo do que se tratava toda a implicância. — Você já teve algo com ela? — Apertava a ponta dos dedos. Flora estava enciumada.
— O nome dela é Maria. — Serena se pronunciou apenas com a intenção de apresentar a moça de maneira inocente, mas foi recebida mal, Flora revirou seus olhos.
— Maria. — Repetiu o nome fuzilando Serena com o olhar. — Você já teve algo com Maria?
— Maria foi a primeira mulher que beijei. — Respondeu tirando a última peça de roupa que lhe restava enquanto encarava a sua esposa que estava inexpressiva, fervendo em puro ciúme.
— Ah. — Flora falou minutos depois em desânimo. — E ela lhe beijava bem?
— Sim. — Serena foi curta, estava apenas respondendo como disse que iria. Observou a ruiva trincar os dentes e engolir em seco. — Mas seu beijo é sem dúvidas o melhor. — Se apressou em amenizar os danos da sua afirmação.
— Você teve algo com ela novamente quando estávamos brigadas? — Chegou no ponto em que queria vendo a morena erguer a perna para entrar na banheira. — Não entre. — Ordenou e observou Serena bufar irritadiça, voltando a ficar de pé, se afastando e cruzando os braços.
— Mas nós não íamos banhar juntas? — Questionou chateada com a ordem da sua mulher.
— Responda a minha pergunta. — Ignorou o questionamento e se arrumou na banheira passando a mão molhada do rosto, voltando a olhar da mesma forma para a esposa que tinha os pelos eriçados.
— Não, meu amor. — Respondeu impaciente. — Não tive nada com ela, não conseguia parar de pensar em você, não tinha cabeça para outra coisa além de você, está satisfeita? — Perguntou com seu corpo tremendo. — Ela tentou me beijar, só que eu desviei. — Decidiu expôr logo a situação, não queria ficar com a impressão de que estava escondendo algo.
— Ah, ela tentou? — Flora questionou indignada.
— Ela tentou, mas eu desviei. Não escutou? Ou ignorou a segunda parte? — Serena quem trincou os dentes em pura raiva, estava dando o seu máximo para não ser ignorante com a esposa. — Me deixe entrar, amor. Estou com frio. — Suspirou cansadamente.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romance• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...