Era um dia alegre e ensolarado, o céu tingindo por um azul vibrante quase sem nenhuma nuvem transmitia o calor imenso que fazia, a ponto de sentirem o vapor saindo do chão, era impossível ficar parado por muito tempo e não se abanar.
Flora aparentava estar bem, apesar dos seus altos e baixos, e ultimamente mais baixos do que altos... Havia voltado a ficar de cama, constantemente desmaiava, além de reclamar da sua visão embaçada, das dores que às vezes a fazia revirar os olhos, a gemer, a reclamar, a esbravejar toda a sua raiva por nada cessar esses sintomas por completo.
Agradecia todos os dias por ter a morena, Serena quem estava segurando a barra por completo, lavava, passava, cozinhava e cuidava de Esmeralda, tudo para sua esposa e apenas para ela.
Ezequiel quem se virasse sozinho, já que não dava a mínima para Flora e nem para a filha, que só servia quando não chorava, então Serena decidiu que não faria absolutamente nada por ele.A morena estava sim sobrecarregada, cuidar de uma criança sozinha era difícil, com sua mulher adoentada piorava tudo, e ainda precisava não deixar vestígios do que fazia... Chorava todos os dias em seu quarto durante a noite pedindo por socorro.
Não culpava jamais a sua esposa, clamava para que ela melhorasse pois ver Flora daquele jeito era uma tortura sem tamanho.Mas ela dava conta e tinha a certeza, podia afirmar com todas as palavras que estava fazendo tudo o que era possível, tudo o que estava ao seu alcance.
A ruiva decidiu dar uma folga a Serena em relação a cuidar da filha, e como a mulher apaixonada que era, obviamente preferiu seguir perto da família e continuar ajudando a esposa, seria tudo o que Flora precisava e não por obrigação, porque a amava, e servir era uma forma sua de demonstrar isso... Sabia que a costureira sentia o mesmo, não tinha dúvidas que aquela troca de cuidado era recíproca.
Pela primeira vez haviam levado a filha para conhecer o lugar secreto das duas, seria bom para Esmeralda um banho refrescante nas águas do rio, já que a menina suava muito e vestia apenas uma fralda. Flora estava deitada de lado no lençol aberto no chão e a menina loira sentada com as costas apoiadas no abdômen da sua mãe, para sustentar-se, Serena estava bem a frente deixando que os dedos pequenos dela brincassem com os seus dedos grandes.
— Fala mama, Esme. — Serena pediu alegremente mexendo na mão da filha.
Flora riu outra vez, a morena havia travado uma luta para que isso acontecesse desde a manhã, havia colocado na cabeça que conseguiria.
A pequena menina estava em uma imensa indagação com palavras que não eram entendiveis por suas mães, as orbes verdes e brilhantes se direcionaram a Serena, a morena suspirou em pura admiração, era mãe de uma criança encantadora.
Esmeralda já tinha quase um ano, dois dentes na parte inferior da boca que inclusive haviam dado muito choro e coceira gengival antes de nascerem, uma saúde de ferro e uma beleza estonteante... Era atenta e lutava para falar alguma palavra que sua mãe lhe ensinava, mas não conseguia ainda.
— Dada. — A menina trocou a letra em sua voz fina e doce que fez Serena arregalar os olhos surpresa porque ela repetiu, a ruiva gargalhou.
Tinham horas que a criança apertava um botão de looping e disparava a conversar com as mesmas sílabas, repetindo, gritava, batia palma, mandava beijo, como se estivesse realmente em um diálogo... E era o que havia acontecido.
— Que dada o quê, narizinho. É mama. — Corrigiu a morena tocando na ponta do nariz arribitado da criança que com o contato explodiu em uma risada gostosa de se ouvir. — Ma-ma. — Fez a separação de sílabas para que ela entendesse melhor.
Mas a menina prosseguiu na palavra com D que fez Serena esquecer da postura com um suspiro frustrado curvando o corpo para frente e os ombros caíram, desistindo, Flora balançou a cabeça em negação.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romance• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...