— Você trouxe o bolo! — Serena falou alegre tomando a bandeija com a sobremesa das mãos de Flora.
A ruiva riu olhando a mulher que tinha o nariz vermelho, um pouco de olheiras, os cabelos em uma trança um tanto desgrenhada de quase dois, três dias.
— Pra quem estava quase morrendo, você não está tão mal. — Flora falou entrando na casa e fechando a porta. — Até está conseguindo andar... Você não inventaria um resfriado apenas para que eu lhe trouxesse bolo, não é? — Semicerrou os olhos.
— Inventaria. — Serena gargalhou em diversão. — Mas esse não é o caso, estou realmente doente. — Ela colocou o bolo em cima da mesa e logo pegou uma faca para parti-lo.
— Ei! Nada disso. — Flora repreendeu a moça. — Você já comeu hoje? — Questionou colocando o chá e a canja que havia feito em cima da mesa.
— Não. — A morena foi sincera.
— Então nada de comer o bolo antes, Serena, não se comporte como uma criança. — A ruiva reclamou.
E a morena fez exatamente o contrário, partiu o bolo rapidamente tirando uma fatia bem fina e enfiou ela inteiramente na boca, enchendo suas bochechas e mastigando. Flora gargalhou achando graça da situação, mas tinha ficado brava, Serena gostava de desafiar, em todos os sentidos.
A ruiva logo tapou novamente a sobremesa e a levou para longe da morena enquanto ela resmungava ainda mastigando, batia o pé no chão fazendo birra.
— Você é difícil, moça. — Disse cruzando seus braços. — Agora vai comer a canja primeiro. — Ofereceu a porção para Serena.
— Eu estou doente, não consigo comer. — A morena falou limpando a boca e fugindo da sua amada visto que ela se aproximava, entrou dentro do seu quarto.
— Bolo você consegue. — Insinou a ruiva.
— Bolo eu consigo. — Disse animada.
— Somente depois. — Flora procurou uma colher e pegou a porção de canja para uma pessoa, então foi atrás da morena. — Vamos, pare de se comportar mal, Serena.
— Eu não sei se você ainda não entendeu, mas eu nasci para dar trabalho. — Serena quando viu a amada se jogou em sua cama e se cobriu com um cobertor até a cabeça. Foi invadida pela tosse forte e demorou cedendo a ela, tossia tanto que sentia suas costas, peito e garganta doerem. — Está vendo? Estou morrendo e você irá me obrigar a comer coisas que eu não quero? Ai então que nós vemos as verdadeiras faces das pessoas.
— Você só está dizendo que não quer comer porque nunca comeu da minha canja, se soubesse como ela é boa... — Flora debochou dando risada da moça, sentou-se ao lado dela.
— Canja é comida de doente. — Serena reclamou tirando o cobertor da sua cabeça.
— E você está o que? — A ruiva questionou apanhando um pouco de caldo com a colher. — Vamos, abra a boca.
— Você vai me dar na boca? — Os olhos cor de mel se iluminaram por alguns segundos.
— Óbvio, você está doente demais, não consegue comer. — Ela entrou no personagem dando uma piscadela divertida para a morena, se rendendo ao drama. — Abra a boca, amor. — Pediu, Serena jogou a coberta longe em um sorriso e abriu a boca aceitando o agrado.
Depois de ser forçada a tomar o chá também, Serena tinha enchido o estômago demais para comer o bolo de laranja, resmugando o tempo inteiro e fazendo Flora rir pois já imaginava que a situação iria acontecer.
— Mama disse que resfriado passa de pessoa pra pessoa. — Serena falou olhando para os olhos azuis, Flora havia deitado na cama junto a ela e as duas estavam com o rosto próximo.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romansa• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...