É isso que acontece.

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Aviso de conteúdo sensível: Violência física e psicológica.

" Olá!

Eu sinto informar e me dói o coração, mas hoje infelizmente precisarei desmarcar nosso chá de costume durante as tardes. Meus pais irão sair, só que dessa vez irei junto. Iremos a cidade, a uma loja de tecidos, preciso costurar minhas novas roupas.

E olhe Serena, não me trate diferente pelo que aconteceu na última vez em que nos vimos, senti que ficou um tanto envergonhada... Apesar de sabermos o que se passou, eu também deixei acontecer, então a culpa não foi somente sua.

Espero que nossa amizade continue a mesma, já sinto saudades de você, acabei notando que você tem me evitado e isso me incomoda...

Continuamos amigas, não é?

Vamos combinar outro dia!

Até!

Um abraço bem apertado...

Flora"

Serena tinha acabado de escrever uma carta, dobrava ela enquanto pensava em como faria para deixá-la na casa de Flora com os pais da moça presentes e com seus pais ainda em casa, não era noite, então se pulasse a janela do seu quarto seria facilmente vista pelas outras pessoas da comunidade que passavam pelo local.

Ela também estava desmarcando o compromisso com a ruiva, teria sido obrigada a ir a cidade com seus pais, eles alegavam que ela precisava sair um pouco de casa, mesmo que a moça insistisse muito para ficar, não tinha interesse nenhum em ir onde acontecia o comércio, tinha contato com ele desde muito pequena pois seu pai vendia peças de ouro. Era um lugar que já havia se cansado de estar.

Quando a morena estava escondendo o papel entre seus seios, como fazia sempre, observou Flora passar pela sua janela de forma medrosa, observadora.  Logo correu até a porta para que seus pais não tivessem a chance de pegar o bilhete que ela sabia que teria sido deixado ali. Ao ouvir sua mãe se aproximar, foi rápida amassando o papel na mão ainda que com muito pesar em seu coração, pois guardava todas as cartas com todo o carinho do mundo.

— Vamos, hija? — Perguntou Kassandra terminando de amarrar seu Diklô na cabeça.

— Vamos mama, eu já volto, trocarei de saia pois não gostei do caimento dessa. — Avisou com uma desculpa esfarrapada, indo até o seu quarto e fechando a porta.

Desamassou o papel e devorou ele com seus olhos lendo cada pequena palavra, seu coração sempre acelerava quando recebia aqueles bilhetinhos, mesmo que eles não tivessem tanta coisa escrita ou coisas significantes, mas importava para ela e a moça os valorizava.

Respirou aliviada pois não precisaria se dar o trabalho de ir deixar a sua carta na casa de Flora, já que a mulher já havia saído.

— Não ia trocar a saia? — Kassandra se atentou ao observar a filha dos pés a cabeça com as sobrancelhas franzidas.

— Desisti, mama. — Respondeu nervosa, sorrindo, havia esquecido da desculpa que deu.

Enquanto seus pais faziam as compras para a casa, Serena apenas seguia eles com os braços cruzados e uma expressão séria, em puro tédio, mas essa expressão se iluminou em um sorriso quando foi avisada por sua mãe que iriam passar em uma loja de tecidos, ela nem se deu o trabalho de prestar atenção no final da explicação pois seu coração já tinha se enchido com a esperança de poder ver sua amiga.

Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora