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Após a notícia, Serena pediu para ficar sozinha em casa, prometendo para as amigas de que não faria nada demais, só precisava de um tempo para pensar, para conversar sozinha e com Flora.
Ela chorou por horas seguidas, até ficar rouca, até não aguentar mais tossir, até que seus olhos estivessem tão inchados que ela mal enxergava. A noite chegou e o sono veio com dificuldade, deitada na cama imóvel, procurava algo que não sabia o quê, se sentia desconfortável e instável, cochilou por algum tempo mas logo acordou, outra vez, em seu desespero.
O que está acontecendo nessa mente linda?
Estou em sua jornada mágica e misteriosa
E eu estou tão tonto, não sei o que me atingiu
Mas eu ficarei bem...
Quando começou a amanhecer, a sensação de que ela estava sendo engolida pelo travesseiro e pelo colchão em que estava deitada aumentou.
Passou a sentir-se sufocada, levantou em um solavanco se colocando de pé, estava tão fora de órbita, seu cérebro havia entrado em pane.Serena sentou na cadeira de balanço que havia do lado de fora da sua casa, suspirou movimentando ela devagar e então se aquietou, olhando para o horizonte, para o sol que nascia enquanto suas lágrimas ainda desciam em seu rosto e sentia sua face esquentar cada vez que pensava em Flora e se negava a acreditar... Revivendo outra vez o momento em que recebeu a notícia, revivendo também a mesma dor que sentiu.
Ali ficou, com o rangido das molas da cadeira quase enferrujada, com suas fungadas tentando recuperar o ar, com seu pé descalço batendo no chão de terra toda vez que a cadeira ia para a frente e com o seu sussurro, em sua língua nativa, em uma oração para a alma da sua amada.
Minha cabeça está debaixo d'água
Mas estou respirando bem
Você é louca e eu estou fora de mim...
Serena passou a escutar barulhos de pisadas nada cuidadosas, galhos se quebrando, folhas se movendo, respirações fora do ritmo e tosses fortes, alguém corria no meio da floresta que envolvia sua casa.
Sua resposta automática foi levantar-se já nervosa com medo de ser alguém que não conhecia, pensou no que fazer e o seu melhor plano era esconder-se dentro de casa até que essa tal pessoa fosse embora.
Ainda que tentasse se mover, o corpo com a reação do choque outra vez estava instável demais para obedecer os comandos, os dedos gelaram e sabia que sua boca havia ficado branca, não queria e nem podia ser vista por absolutamente ninguém.— Senhora! — Gritou alto ao ver que a morena estava entrando dentro de casa. — Moça! — Puxava fundo o ar e soltava pela boca, cansada, totalmente suada.
A voz feminina fez com que Serena se tranquilizasse pelo menos um pouco e como já tinha sido vista, virou-se de frente, devagar, com medo ainda, toda encolhida como um animal acuado. Esperando um impacto, um tiro, uma flecha, alguém correndo em sua direção, já que sua cabeça valia agora muito dinheiro.
As orbes cor de mel passearam por aquela boniteza sem tamanho, imensa, encantadora e famíliar...
— Moça! — Ela ergueu as mãos mostrando que não tinha nada entre elas, já sabendo da fama de Serena e sabendo que ela vivia assustada.
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Cartas para Flora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Романтика• Livro 2 da saga "Para Nos Eternizar". • Serena era uma cigana que encantava a todos com o seu poder de persuasão e seus olhos cor de mel. Sua beleza estonteante deixava qualquer homem completamente apaixonado, ofereciam dotes extremamente valiosos...